Nathalie Klein
Abro os olhos e vejo que estou em um quarto. Eu estava coberta até cintura e sentia frio. O cobertor era cheiroso e fofinho o que indicava que não estava em um hospital. Então eu só poderia estar em casa. Sento na cama com cuidado e olho em volta.
Era o quarto que Simon tinha separado pra mim. Não era a minha casa. Levanto da cama e percebo que estou com o meu pijama, um short e uma regata de seda azul marinho, eu não usava faz tempo, estava na casa dos meus pais. Levanto a blusa e vejo que o curativo foi refeito.Olho para as minhas malas, estavam abertas. Eles mexeram nas minhas coisas. Vejo a minha bolsa lateral em cima da mesa e no chão duas sacolas, as mesmas que estavam nas mãos de Joseph. Ele tinha comprado algo para mim? Vou andando até às bolsas, abro e vejo que tinha um celular e produtos de higiene.
- Porque ele comprou tudo isso? – Olho os produtos.
Pego o telefone e ligo. Ele era bem simples. Depois de uns segundos a tela abre. Vou até os contatos. E tinha um número salvo sem nome, nada além disso. Sem internet, redes sociais. Apenas esse número. Seguro o celular e saio do quarto.
Vou andando pelo apartamento para encontrar alguém. Encontro o Capo sentado no sofá assistindo televisão com uma roupa informal, volto andando pelo corredor e paro em frente ao quarto de Simon. Já estava tarde, mas não sei exatamente as horas. Paro na porta e penso se devo bater ou não. Depois de alguns minutos bato e logo tenho a permissão para entrar.
Ele estava sentado em uma mesa de madeira, parecida com a que tem no meu quarto. Estava com uma calça de moletom e uma blusa de manga, como se fosse um pijama, tudo preto. Ele faz um sinal pra eu entrar mas eu fiquei na porta.
- Quem trocou a minha roupa? – Pergunto de forma direta, mas com vergonha.
- Eu. – Ele responde olhando os papéis em cima da mesa de forma seca, sem nem me olhar.
- Porque? – Continuo no mesmo tom e ele me olha.
- Seus pontos abriram, parte foi minha culpa pela maneira que te segurei. Peço desculpas por isso, mas também tem o fato de que você estava deitada no chão. Tem uma cama porque não deitou nela? – Ele se mantém frio e sério me olhando nos olhos.
- Você me trancou. Eu fiquei com medo – Falo lembrando - E.... Não podia ter tirado minha roupa. Não tem minha permissão. – Falo nervosa.
- Sua chave. – Ele aponta para a mesa. – Não fique saindo muito. Seu pai não me passou nada sobre o seu caso. Então não sei o quanto é perigoso. Mas vendo seus machucados e o tiro na da barriga imagino que seja grave. Pode me contar um pouco do que aconteceu? – Ele fala, larga os papéis e encosta na cadeira para me ouvir.
Parece que ele tinha ignorando o que eu tinha falado sobre tirar minhas roupas. Ou isso não deveria ter importância pra ele. Mas ele não poderia ter feito isso. Mas também, qual outra escolha ele teria? Eu estava de vestido, ele deveria ter cortado deu vestido? Ter me esperado acordar? Ou ter me levado para um hospital? Olho a chave em cima da mesa. Não acredito que eu teria liberdade. Coloco um pé dentro do quarto e espero a reação dele, mas nada acontece.
Vou andando até ele e pego as chaves, saio do quarto rápido e ele vem me seguindo, passo pela sala e o capo levanta rápido do sofá provavelmente pensando que eu iria fugir, testo a chave na porta da cozinha e na porta sala, elas realmente funcionam. O Capo fica me olhando sem entender nada e abaixa o volume da televisão. Seguro as chaves com força e fico olhando em volta, tentando encontrar um lugar para esconder. Simon fica na porta do corredor me olhando se braços cruzados, analisando tudo.
- São suas chaves. Guarde aonde quiser. – Ele fala percebendo o meu desespero. – Pode me contar o que aconteceu?
- É difícil... Não sei se consigo. – Falo e fecho a porta sem olhar pra ele.
- Tenta. Qualquer coisa para eu ter noção. – Ele mantém o mesmo tom e senta no sofá.
- Bem... Felipe é meu marido.... Era... No início estava tudo bem.... Mas depois ele ficou agressivo.... E..... – Tento respirar mas não consigo.
Começa a passar na minha mente as agressões, a dor, Felipe gritando e quebrando tudo. O quarto de Luna e o tiro na barriga. Inconscientemente coloco a mão na barriga e as lágrimas começam a descer. O Capo fica me olhando sem entender.
-Está segura aqui. – o Capo me fala de forma firme.
Simon fica me olhando com uma expressão séria. Como se não entendesse o que estava acontecendo, ele não sabia como reagir. O Capo ficava olhando tentando passar segurança. E depois de alguns minutos eu consegui continuar.
- Ele atirou na minha barriga.... Ele queria me matar.... Ele matou... – Não consigo contar. Paro e fico olhando pra eles.
- Vou pegar um copo com água. – O capo fala e se levanta.
- Quem ele matou? Você está viva... Apesar de tudo. – Simon fala me olhando sério.
Joseph vai em direção a cozinha. Coloca água no copo e eu volto a olhar para Simon, limpo minhas lágrimas e ele faz um sinal para eu sentar na poltrona na frente dele. Eu sento, encosto a cabeça no sofá e fecho os olhos. Estava claro, ele não estava acreditando em nada do que eu estava falando. E o capo estava se esforçando pra acreditaria. Eu estava me sentindo uma louca outra vez.
- Ele me matou naquele dia. – abro os olhos e limpo a lágrima que cai.
Joseph estava me olhando da porta da cozinha. Com uma expressão de tristeza. Simon estava pensativo, mas em nenhum momento parecia ter pena ou compaixão. Eu nem sei se ele tinha um coração para sentir isso. Ele se levantou e ficou andando como se estivesse pensando.
- Porque ele fez isso? – Ele volta a me olhar.
- Eu não sei, ele enlouqueceu. – Ele não me deixa continuar.
- Ele sempre foi assim? – Ele continua o interrogatório.
- Não ele era um bom homem... – Falo nervosa.
- Como sabe? Conhecia ele a muito tempo? – Ele fala e Joseph vem nos olhar.
-Sim. Crescemos juntos. Porque está me interrogando? – Pergunto sem entender.
- Só quero saber com que tipo de pessoa vamos lidar. Posso está colocando a minha vida em risco e pessoas próximas a mim. Certo? – Ele fala me encarando e julgando.
- Do que você está falando? Acha que eu sou que tipo pessoa? – Me irrito.
- Só estou tentando entender. – Ele fala irritado e fica em pé.
- Está me julgando. – Falo e levanto.
- Está na minha casa. Eu tenho o direito de saber a história. Porque você está aqui. – Ele fala mais alto que eu.

VOCÊ ESTÁ LENDO
O recomeço
Любовные романы- Lembrando que esse livro é a continuação de outro livro, O começo do fim. - Tudo mudou na vida de Nina Petrov. Agora com novo nome, nova casa. E vida nova. Vida essa que ela não escolheu. depois de todo o trauma que já tinha vivido, teria que se a...