Capítulo 47

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Nathalie Klein

Eu não sei o que estava acontecendo comigo. Eu gostava do Simon queria estar com ele mas não conseguia. Eu coloquei uma bateria entre nós dois e não conseguia derruba-la. Eu estava vendo ela tentar se aproximar e mesmo assim não conseguia. Fiquei com ciúme da Anna, com medo dele desistir de mim, estou tentando me proteger. Não sei o que está acontecendo comigo. Ou sei la... Estou com medo de continuar.

Durante o lanche ficamos em silêncio, era nítido no rosto de Simon o quanto ele queria chegar perto. Ele as vezes olhava para a minha mão como se quisesse segurar, me olhava nos olhos como se implorasse que eu deixasse entrar, eu queria mas não conseguia.

Termino de lanchar e me levanto, vou para a cozinha arrumar tudo. Percebi que Simon estava em pé na porta atrás de mim. Penso em me virar e falar algo. Mas iria falar o que ? “Desculpe Simon, é a primeira vez que sinto ciúme e não sei lidar com isso. “ é claro que não.

Respiro fundo e sinto as mãos de Simon tocarem meu ombro com delicadeza, quase como se tivesse repensando se deveria me tocar ou não. Ela começa a fazer uma massagem nos meus ombros e eu começo a relaxar.

- Sei que é ridículo... E me sinto ridículo... Mas sinto que estou te perdendo. – Ele fala com a voz fraca.

- Simon... – Tento falar algo e ele tira as mãos dos meus ombros.

- Eu fiz algo errado ? Você não quer mais? Se for, tudo bem. Mas eu preciso saber. – ele fala desanimado.

Me viro deferente pra ele, limpo minhas mãos em um pano e respiro fundo. Eu precisava quebrar a barreira, mas estava difícil. Simon estava me olhando , sem defesas, pronto para resolver o conflito e eu não estava acostumada com isso. Quando surgia um problema Felipe gritava, quebrava a casa. Mas Simon apenas para e conversa, pede desculpas. O que devo falar quando um homem de desculpa ? Eu nunca passei por essa situação com Felipe.

- Eu não vou te incomodar mais. – Simon fala pronto para se afastar.

- Não Simon... Eu não sei... Lidar com isso. – Falo engasgada.

- Isso o que? Nós dois? – Ele fala me olhando nos olhos.

- Tudo. Você pediu desculpas. O que eu faço agora? Eu senti ciúme de você, como lido com isso? Nunca passei por essa situação. E estamos juntos? O que somos? Tudo é muito confuso, muito diferente e eu não sei lidar com isso. Tudo é muito calmo e isso não é normal pra mim. Eu não sei o que fazer. – Falo de forma sincera.

Simon sorri. E eu senti falta desse sorriso, mas só me dei conta agora. Ele se aproxima de mim e me abraça. Ficamos parados assim por alguns segundos. Meu coração foi acalmando, meu corpo relaxando. O abraço foi a melhor coisa que ele poderia me dar agora.

- Não precisa ter ciúme. Principalmente se for relacionado a Anna. Não vou encontrá-la nunca mais. Sobre nós. Estamos juntos. Não posso dar um nome oficial no momento porque corre risco de seu pai te tirar daqui, sou egoísta ao ponto de mentir pra te ter mais um pouco e quero ter certeza que você está totalmente segura e aqui consigo te proteger. E o que fazer depois que eu pedir desculpas? Isso.. – Ele fala e me beija com carinho.

Sorrio e retribuo o beijo. Simon me olha sorrindo e acaricia meu rosto de leve. Sinto o toque dele, o perfume. Tudo me acalma. Abraço ele e me aninho em seus braços me sentindo segura e tranquila.

....

Passamos o resto da tarde sentados no sofá conversando e contando do passado. Simon disse que um dia vou conhecer a mãe dele. Que as vezes ela aparece aqui se avisa com uma mala, fica por uma semana e vai embora.

Contei sobre as besteiras que Dom aprontava e me colocava no meio, como no dia que ele inventou de patinar no gelo as quatro horas da manhã porque ele leu em algum lugar que daria pra ver a aurora boreal e ele tinha certeza que era mentira, que era efeito de computador nas fotos.
Não éramos duas crianças sem noção. No final não conseguimos ver, eu caí no gelo e fiquei com um hematoma na bunda e na coxa , nossa mãe notou nossa ausência e chamou os seguranças do hotel e quando chegamos a polícia já estava sendo chamada. Dominic levou um tapa e ficamos de castigo durante a viagem. E Dom ficava afirmando que a aurora boreal era falsa. Morremos de rir até hoje e nossa mãe quase morre toda vez que lembra. Nossa época , crianças estavam sendo sequestradas.

Simon escutava as histórias até o final com muita atenção, achava graça das histórias e depois me contava as dele. Felipe nunca compartilhava histórias comigo. Dizia que não lembrava de muita coisa da infância. Só das histórias que tinha vivido com meu irmão e eu já conhecia. Sempre achei isso estranho.

...

E assim as semanas foram se passando. Eu Simon decidimos dormir no quarto dele. Começamos a criar a nossa rotina. Ele vinha almoçar e jantar todo dia em casa. Eu sempre ficava ansiosa, esperando ele para o almoço. As vezes Adam vinha de surpresa. Isso acontecia porque ela pulava dentro do carro ou se jogava na frente dele para impedir a passagem de Simon e obrigar ele deixar Adam vir junto. O que ele não percebia e que no fundo, Simon gostava.

Eu já conseguia ir ao mercado correndo e voltar correndo sozinha. Joseph e Mike estavam chegando perto de pegar Felipe. Tinham descoberto outro esconderijo dele mas Felipe conseguiu sair minutos antes, deixando muitas informações pra trás. Eu consegui ver minha mãe no parque mais uma vez, e foi o melhor momento da minha vida. Dessa vez eu sabia que ela estava lá.
Simon estava cada vez mais carinhoso, e eu estava me acostumando com isso. Me acostumando com o que deveria ser normal. Ele era fofo em pequenos detalhes que eu amava. Simon sempre me acordava me abraçando e me beijando de forma carinhosa. Antes de ir trabalhar me beijava e me cobria. Quando chegava e eu estava cozinhando me abraçava por trás e beijava minha nuca. Estava sempre interessado no meu dia, que não era nem um pouco interessante, sempre compartilhava comigo o dia dele. E toda noite me enchia de prazer.

....

Nossa nova rotina já estava organizada e estabelecida a um mês e meio. Eu queria Que encontrassem Felipe, mas não queria sair da casa de Simon. Como seria depois disso? Então eu curtia casa momento e não tinha mais pressa. Sentia que Simon estava vivendo da mesma forma. E estava ótimo pra nós dois.

O recomeço Onde histórias criam vida. Descubra agora