Nathalie Klein
Depois que eles vão embora eu saio do quarto, começo a arrumar as minhas coisas. Agora essa seria minha casa por tempo indeterminado. Eu estava aqui a duas semanas, tinha medo de andar pela casa com eles, de brigar de novo, ele me segurar com força e me bater. Durante as duas semanas pensei em ligar para a minha mãe, mas tinha medo e precisava estar bem, para ela saber que eu estava bem. Eu precisava fingir estar.
Quando acabo tudo, respiro fundo e pego o telefone. Eu não sabia o número de ninguém de cabeça. E como poderia saber? Existe o aplicativo de contatos no telefone pra isso. Sento na cama, e fico olhando para número que estava gravado. O único número. Penso por alguns minutos e ligo para ele. O telefone começa a chamar e depois de alguns segundos escuto uma voz familiar do outro lado. Era minha mãe. A voz estava trêmula, como se não acreditasse.
- Filha é você? Filha... Porque não ligou antes? – Ela falava nervosa.
- Mãe... – Falo e sinto uma lágrima cair. – Sou eu... Eu estava melhorando... Mas estou bem agora. – Penso que seria melhor não falar meu nome.
- Onde você está filha? – Ela pergunta nervosa e alguém fala no fundo.
- Não posso dizer. Na verdade eu nem sei aonde estou. – Falo e olho para a janela.
- Tudo bem... Mas você está bem? Ele te trata bem? Me fala a verdade por favor. – Ela fala nervosa com medo da resposta.
- Estou bem mãe. Ele me deu esse telefone, eu tenho as chaves de casa. Posso sair quando quiser. E ele manda o capo ficar em casa pra eu poder sair... Por segurança. – Falando tentando parecer calma.
- Mãe deixa eu falar rápido – Escuto a voz de Dom no fundo. – Calma filho. – minha mãe reclama. – Não pode falar o nome... Lembra? – Minha mãe fala baixo mas eu escuto.
Como falar em código. E será que era arriscado? Se eu usasse o nome Fiore estivesse sendo rastreada por Felipe ele saberia que sou eu. Era insuportável falar em códigos com a minha família. Não ter liberdade pra perguntar o que eu quisesse.
- Oi... Não posso falar .. você sabe... – Dom fala sem graça. – Precisamos de um apelido novo. – Ele tenta ri.
- Sim.. precisamos. – Deixo outra lágrima cair. – Como está o meu pacotinho? Quase 7 – Falo me referindo a minha sobrinha.
-Esta bem.. eu vi e escutei ontem... Falta pouco.... – Ele fala com medo de falar demais.
- Diga que mandei beijos. – Falo e escuto a voz de rosa no fundo. – Estou com saudades de todos.
-Ele tocou em você? Te machucou? Porque não ligou antes? Eu disse pra ligar todo dia. - Dom fala preocupado.
O que seria tocar? Ele tirou a minha roupa, me viu quase nua. Depois disso segurou meu pulso com força. Que eu fico trancada no meu quarto com medo, que tenho pesadelos todos os dias, que tenho medo dos dois homens. Mas é claro que não vou contar nada disso. Não vai ajudar em nada. Eu sentia o alivia na voz deles. E era melhor deixar desse jeito.
-Não. Está tudo bem... Ele não é tão ruim quanto parece.. eu tenho chave e celular. E posso sair. Não liguei antes porque estava me recuperando. - Falo tentando parecer animada.

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O recomeço
Romance- Lembrando que esse livro é a continuação de outro livro, O começo do fim. - Tudo mudou na vida de Nina Petrov. Agora com novo nome, nova casa. E vida nova. Vida essa que ela não escolheu. depois de todo o trauma que já tinha vivido, teria que se a...