Capítulo 28

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Simon Klein

Explico toda a história desde o início. De como fiquei sabendo do ocorrido. Do motivo de não estar da empresa e Nathalie logo me pergunta sobre a minha mãe. Eu conto um pouco de como ela está hoje e de como ficou na época. Nathalie fica assustada em alguns momentos. Mas ela ouve a história até o fim com paciência e atenção. Ela era uma boa ouvinte.

- Porque seu pai te deixou? – Ela pergunta curiosa.

- Ele... Sofreu um acidente de carro. Por causa de Roger. Não sobrou nada. Ele morreu na hora. Era pra ele está com a família em um final de semana na casa do lago. Mas ele decidiu sair com os amigos. Roger drogou os dois. Mike foi buscar seu pai. Mas meu pai achou que estava bem para ir embora. – Falo e controlo as emoções.

Nathalie fica me olhando com lágrimas nos olhos. E isso não me ajudava. Eu não queria chorar na frente dela. Meu pai estava afastado da família a um tempo. Eu nem deveria chorar por ele. Mas o olhar dela não me ajudava. Nathalie levantou e me abraçou. Ficou assim por alguns segundos até que eu consegui retribuir o abraço.

Ela era extremamente carinhosa, educada e gentil. Começamos de forma errada. Ela estava em pedaços e eu não percebi. Devia ter escutado Joseph e Adam antes. A cada dia que passava nossa convivência estava melhorando. E isso era ótimo. Eu estava me sentindo bem.

Nathalie era diferente de Anna. Ela foi a minha única namorada. Antes eu só ficava com as mulheres sem compromisso. Então Anna apareceu. De início foi bom, ela nunca foi muito carinhosa, mas era divertida, espontânea. Adorava beber, sair para se divertir, viajar. Totalmente diferente de mim.

Depois de um tempo ela passou a ficar irritada. Queria sair sempre, viajar sempre e eu tinha as minhas responsabilidades. Anna se sustentava com a mesada do pai. Ele não a deixava fazer nada. Mas eu já tinha as minhas responsabilidades, a minha empresa. O pai dela dizia que o relacionamento não iria durar muito. Mas eu não acreditei.

Começamos a morar juntos e logo as brigas começaram. Anna gritava e quebrava tudo dentro de casa. Reclamava da minha seriedade, dizia que eu sempre estava cansado e que era certinho demais. Reclamava que eu não saia para beber todo final de semana e nem sempre podia viajar com a família dela. A cada briga ia ficando pior.

Me lembro que ela ficava incontrolável, gritava e quebrava tudo o que podia. Em uma das brigas eu não aguentava mais, então deixei Anna gritando na sala e decidi ficar no quarto até que ela se acalmasse, eu não sabia mais o que fazer, mas quando eu me virei ela arremessou algo de vidro em cima de mim, tive um corte no ombro.

E antes que eu pudesse me dar conta, tudo estava se desfazendo. Eu não reconhecia mais a Anna. Minha vida tinha virado um inferno. E quando me dei conta, estava em uma maca sendo retirado do meu carro tolamente destruído.

-Simon? - Nathalie me olhava preocupada. - Está tudo bem?

-Esta sim... Bem... Daqui a pouco vamos a churrascaria. Se arrume então. - Falo e ela me solta.

Me levanto para ir até o banheiro e ela fica parada no mesmo lugar, pensando em algo. Depois de alguns minutos ela se levanta e me chama, um pouco desconfortável, eu me virei de frente pra ela para olhar. Mas Nathalie não falou nada, estava procurando palavras para começar.

-Pode parecer estranho.... Mas estamos casados... E não sei que roupa colocar. - Ela fala enrolando.

-Qualquer uma que se sinta confortável. - Respondo sem entender.

-Entendi..., mas tem alguma coisa que você não queira que eu use? - Ela pergunta insegura.

-Felipe foi o seu primeiro relacionamento? - Ela nega. - Mas foi o único tão sério? - Ela confirma.

-Com Arthur era sério... Eu acho..., mas era diferente. - Ela fala pensativa.

-Provavelmente saudável. Você escolhe sua roupa... Do jeito que você quiser. Se não for de biquíni ou quase nua, pra mim está ótimo. - Falo e entro no banheiro.

Ela ficou mais alguns segundos parada, até que saiu do quarto. Fecho a porta do banheiro e tento esquecer a Anna. Tomo meu banho, saio ainda secando meu cabelo e de cueca. Escolho uma roupa social, calça azul marinho e blusa branca, pego um blazer, minha carteira, celular e relógio. Vou andando para a sala e vejo Nathalie. Ela estava com uma calça social bege, uma blusa branca de manga e um blazer por cima. Estava linda, os cabelos estavam soltos e eu sentia o leve perfume dela. Nathalie me olhou sorrindo e eu automaticamente fiz o mesmo.

-Você está lindo. - Ela fala sem graça.

-Você também... Está linda. - Falo sem pensar. - Vamos, estamos atrasados. - Falo e vou em direção a porta.

Passamos pela porta e entramos no elevador. Vou mandando uma mensagem para Adam para saber se ele já tinha começado a se arrumar, ele sempre chegava atrasado e colocava a culpa em Hellen. Assim que chegamos na recepção eu chamei um carro que chegou em minutos. Eu abrir a porta e ajudei Nathalie a entrar e logo depois entrei. Passamos a viagem toda em silencio, ela me olhava as vezes, mas desviava o olhar e eu fazia o mesmo.

Como eu já imaginava, chegamos primeiro que Adam. Ficamos esperando por meia hora. E foi uma tortura. Tentei puxar assunto, mas eu era péssimo nisso. Nathalie percebeu o meu esforço, então começou a me contar histórias da infância dela. Depois de longos minutos Adam chegou, chamando toda atenção do mundo para ele. Eu apresentei Nathalie e Hellen e nos sentamos para conversar e comer.

Passamos o resto da noite ouvindo Adam contar todas as histórias da minha vida. Coisas que eu não o deixo fazer no escritório e o que ele faz na minha ausência. De campeonato de bolinha de papel pegando fogo a salto sobre mesas, e metade das coisas eu não sabia. Nathalie sorri para algumas coisas e outras ela acha absurda querendo mais detalhes da história, para saber se era verdade.

Ela estava sorrindo e dessa vez era de verdade. Eu estava a duas semanas convivendo com ela. Minha primeira visão foi dela foi ela em pé encostada na porta da minha casa, toda machucada, desesperada, triste e morta. E agora ela estava sorrindo. Eu me sentia bem com isso. De ver que estava ajudando de alguma forma. E ela tinha uma energia boa e leve, o sorriso dela era contagiante.

-Eu fico feliz por você irmão. - Adam fala animado, ele já estava bêbado.

-Não entendi. -Falo olhando pra ele.

-Você voltou a sorrir. Nem percebeu, mas estava sorrindo olhando para a sua esposa, não te vejo assim a muito tempo. Desde a An... Enfim. Fico feliz por você irmão. Seja feliz com a sua esposa. Só seja carinhoso com ela. Toda mulher precisa disso. Hellen gravida então... - Ele faz uma careta.

-Bem está na hora de você ir. - Falando tentando expulsa-lo

-Hoje é sexta. - Ele rebate. - E Nem deu dez horas.

-Faltam vinte e um minutos. - Falo olhando o relógio. - Vai cuidar da sua esposa. - Ele me olha de forma maldosa. - Se bem que ela que vai cuidar de você.

-Já entendi. Estou atrapalhando o casal. Início de casamento é assim. Aproveitem, quero ser titio logo. - Ele fala rindo e se levantando.

-Não fala merda. Sabe que isso não é... - Respiro fundo - Vai embora, Adam. - Fico constrangido. - Avise quando chegar em casa.

-A conta Simon? - Hellen pergunta preocupada.

-Eu cuido disso. Não se preocupe. Avise quando chegar. - Falo e ela sorri carregando Adam.

-Espero que a criança seja divertida como você Nathalie. - Adam fala enquanto sai. 

O recomeço Onde histórias criam vida. Descubra agora