44 - Emergency (Parte 3)

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oi gente, eu tô muito rápida, né? quem amou?

vamo?

(...)

Ao entrar no quarto de sua filha, Soojin sentiu um misto de emoções. A coreana estava acompanhada de Shuhua, que parecia preocupada com a menina também, apesar de saber que estava tudo sob controle. A médica ficou parada perto da porta enquanto observava a interação da mãe com a menina.

O tempo de seu plantão havia acabado a alguns minutos, mas jamais ousaria dizer aquilo e deixar de acompanhar cada segundo daquele momento. Em parte porque se preocupava, e já que havia sido ela a iniciar seu tratamento, queria ter certeza de que ficaria tudo bem. 

Mas por outro lado, tinha interesse em saber se ficaria tudo bem com a coreana mais velha, também. De fato estava curiosa sobre a mulher, era uma pessoa muito bonita e tão dedicada e preocupada com sua filha que de alguma forma, acabou por encantar a doutora Yeh. Queria saber mais sobre ela.

A doutora sabia que poderia ser considerado um tanto antiético, mas teoricamente, Soojin não era sua paciente, certo?

De qualquer forma, não sabia se existia qualquer chance de reciprocidade, mas o importante era a tentativa, ainda que essa a levasse à uma possível negação por parte da coreana. A mulher se encantou ainda mais ao ouvir discretamente as palavras ditas aos seus pais, e mesmo em um momento conturbado não deixou que as ofensas proferidas à taiwanesa passassem despercebidas.

Observou Soojin se aproximar da menina e se sentar ao seu lado, se abaixando brevemente para deixar um beijo em sua testa.

- Oi, meu amor. - Disse baixo. - A mamãe está aqui com você, a dor foi embora. Ficou tudo bem. A doutora Shuhua cuidou muito bem de você, hum?

- Ela parece uma princesa, mamãe. - A menina disse lentamente.

- Ela parece, não é? - Perguntou, se virando para olhar o rosto corado da médica, que sorriu e abaixou sua cabeça.

- Não sejam bobas. - Brincou. - Como se sente, Minji? - Se aproximou um pouco.

- Com muito sono. - Foi sincera. - Eu quero ir para casa. - Fez um leve biquinho, olhando para sua mãe.

- Oh, não gostou de mim? - A taiwanesa fingiu estar ofendida.

- Sim, mas amanhã eu preciso ir na escolinha. - Explicou, tentando fazer a mais velha entender que o problema não era ela, mas sim as circunstâncias. - Você pode ir lá em casa, quando eu voltar de lá, prometo.

- Minji, que tal descansar um pouco, sim? - A mãe da menina sugeriu.

(...)

- Eu preciso ir agora. - Shuhua se apoiou no batente da porta, do lado de fora. - Meu turno acabou já tem algum tempo. - Confessou.

- Ah, meu Deus, e porque não me disse? Me desculpe... - Soojin pediu, envergonhada.

- Eu quis ficar e passar mais tempo com vocês. - Observou a coreana corar, mas sem recuar. - Com você. - Sorriu.

- Bom, vamos estar aqui por mais um tempo. - Soojin disse, de maneira falsamente despretensiosa. 

- Isso é um convite? - Shuhua perguntou.

- Parece um? - A coreana sorriu, decidindo que não havia nada a perder. - Se você consegue flertar com alguém no meu estado visual, eu preciso que você fique. Não são todas as pessoas que teriam essa coragem. - Brincou.

- Você está incrivelmente linda, mesmo flertando com alguém que acabou de sair de um plantão de quarenta e oito horas seguidas. - Sorriu. - Bom, preciso ir. - Se aproximou e deixou um beijo sobre a bochecha da coreana. - Até mais. - Se despediu.

- Espera. - A moça pediu. - Quando estará por aqui novamente?

- Em dois dias.

(...)

- VOCÊ FLERTOU COM A SUA PACIENTE? - Minnie perguntou com uma cara surpresa, sem deixar de rir da taiwanesa.

- Primeiro, ela não é minha paciente, a filha dela é. Segundo, pare de gritar! - Se justificou. - O que tem demais nisso? - Perguntou, tentando desconversar.

Shuhua e Minnie dividiam um apartamento no centro de Seoul desde que a taiwanesa chegou ao país. Haviam se conhecido após a tailandesa deixar um anúncio procurando uma colega de quarto e ambas ficaram amigas rapidamente.

O que surpreendia Minnie era o fato de, geralmente, Shuhua ser uma pessoa discreta e um pouco... lenta, quando se tratava de relacionamentos amorosos.

- Ela é gostosa? - Minnie provocou.

- Nicha, cale a boca! - Shuhua arremessou uma das almofadas que estavam perto de si. - Já estou arrependida de ter contado. Você não sabe se comportar!

- Você é quem não está segurando suas calças fechadas, está dando em cima de uma paciente! - Riu mais uma vez. 

A verdade era que a taiwanesa não havia conseguido tirar a coreana dos seus pensamentos nem por um segundo e aquilo a deixava ansiosa. Não teve tempo para desenvolver nada além de alguns flertes e, ainda que quisesse, não lhe pediu seu número de telefone.

Com sorte, depois de dois dias a veria novamente, mas estava levemente envergonhada. E se não soubesse o que dizer? De fato Soojin era uma mulher muito atraente, o que a fez pensar que talvez fosse demais para si, e que a mulher poderia estar apenas aliviando sua tensão, sem querer nada verdadeiramente.

- Não é sobre sexo, Minnie. - Disse baixo, suspirando.

- Não me diga que se apaixonou. - A tailandesa pediu incrédula. - Foram só algumas horas, por Deus, Shu!

- Eu não estou apaixonada. Só acho que ela valha mais do que apenas uma noite. - Se justificou. - E quer saber? Se eu estivesse apaixonada não teria problema algum. - Levantou-se do sofá e foi em direção ao seu quarto. - Faria bem para você também, inclusive. Precisa parar de prestar tanta atenção em mim e começar a reparar em Miyeon. - Provocou a mais velha com a mesma medida.

- YEH SHUHUA! - A tailandesa gritou, mas a mulher já havia se trancado em seu quarto enquanto ria.

De fato não estava apaixonada, mas a ideia de ver a coreana novamente em alguns dias lhe confortava profundamente.

(...)

Sooshu One ShotsOnde histórias criam vida. Descubra agora