60 - Brother (Parte 2)

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oi gente, tudo bem?

bom dia. vamo?

(...)

Já era um pouco tarde quando Soojin decidiu levantar-se. Ainda era noite, mas não havia conseguido dormir, seus pensamentos estavam acelerados. A coreana saiu do quarto que estava ocupando e se dirigiu à sala, logo notando que alguém dormia no sofá.

Apesar disso, a mulher apenas seguiu através da cozinha em silêncio até a varanda. Estava um pouco frio, então acomodou-se melhor sob seu casaco e se deitou sobre o sofá da área externa, se permitindo fechar os olhos e tentar reorganizar seus pensamentos.

Após alguns minutos, a coreana ouviu uma movimentação vindo da porta da cozinha e olhou para ver quem se aproximava.

Para sua sorte ou azar, Shuhua caminhou até o outro sofá que havia no espaço, também deitando-se sob o olhar atento de Soojin. A taiwanesa tinha os olhos um pouco inchados, talvez pelo sono ou por terem derramado lágrimas demais, não sabia dizer. A coreana a observou fechar os olhos e respirar fundo.

- Desculpe te assustar... - A mulher começou baixo. - Eu só não aguentava mais ficar sozinha. - Seus olhos se mantinham fechados e Soojin pôde ver uma lágrima escorrendo pela lateral de seu rosto.

- Está tudo bem. - Assegurou. - Quer conversar?

- Eu não tenho muito o que dizer. - A taiwanesa abriu os olhos em direção à mais velha.

- Que tal começar me explicando o motivo de você estar dormindo no sofá? - Perguntou calma, sem querer parecer invasiva.

- Bom, geralmente eu durmo no quarto de hóspedes. - Confessou. - Mas eu não quis incomodar. - A coreana tentou disfarçar a surpresa, mas a tentativa não foi muito bem sucedida. - Não precisa fingir, tá tudo bem. - Sorriu. - Eu não... consigo dividir a cama com o seu irmão, se é que me entende.

- Eu sinceramente não entendo. - Soojin não estava entendendo muito bem a dinâmica entre os dois. Sabia que o irmão gostava genuinamente da garota, mas não conseguia sentir nada mais do que um carinho vindo da taiwanesa. Em compensação, a cada segundo que passava ao lado da mais nova, sentia que seu coração poderia sair do peito a qualquer momento.

Era como um tipo de conexão estranha. Imediata.

- Nós nunca transamos. - Confessou, atraindo o olhar curioso de Soojin novamente para si. A taiwanesa não parecia envergonhada por dizer aquelas coisas. Suas lágrimas haviam parado, o que deixou a mais velha estranhamente aliviada. - E nem vamos. Eu não consigo. - Disse, olhando para cima novamente. O céu estava limpo e com algumas estrelas brilhantes.

- Você não... sente tesão? - A mulher se sentia confortável em seguir com aquela conversa que soava tão... íntima.

- Oh, eu sinto. Acredite. - Olhou para Soojin novamente. - Mas não por ele. - Seus olhos ataram-se ao da coreana novamente por algum tempo, antes de direcioná-los às suas mãos agora erguidas, fazendo formas com os dedos em direção ao céu. Estava relaxada. 

Estava confortável com Soojin.

- Eu não gosto de homens. - Disse simples, fazendo a coreana ficar confusa, mas começar a entender o que se passava. - Seu irmão e eu somos bons amigos, mas não funcionamos como um casal. A questão é que as coisas são muito complicadas lá em casa, e o seu irmão gosta de mim, eu tenho um carinho enorme por ele... mas eu não o amo dessa forma. Entende? - A mulher apenas assentiu. 

A mais nova estava desabafando, não sabia o motivo de sentir que deveria dizer aquelas coisas justamente para a irmã de seu namorado, mas sentia algo tão bom vindo dela, que ao menos se preocupou em pensar demais.

- Eu deixei tudo muito claro quando começamos. - Voltou a olhar para a coreana. - Expliquei que nosso sentimento não era o mesmo, que eu não o via do mesmo jeito que ele me vê e eu me sinto extremamente egoísta por seguir com isso, mesmo que ele saiba de todas essas coisas. Seu irmão tem um coração muito, muito bonito. - Sentiu algumas lágrimas começarem a nascer em seus olhos novamente.

- Não acho que deva se sentir egoísta. - Soojin disse, após um tempo. - Você seria egoísta se deixasse ele acreditar que o sentimento é recíproco, ou que ele deva ter esperanças quanto à isso.

- Tem razão. - Disse, antes de manter o silêncio novamente. - Por que voltou? - Perguntou após um tempo.

- Eu senti que estava na hora de voltar. Senti que precisava firmar meus pés no chão, recriar minhas raízes em algum lugar, sabe? - A taiwanesa assentiu. - A ideia de não pertencer me pareceu sufocante demais. E aí eu voltei. 

- Fico feliz, então. - Seu olhar já estava preso em Soojin novamente, enquanto essa tinha seus olhos voltados para a imensidão acima de si. - Você tinha alguém? - Perguntou baixo, vendo a coreana negar com a cabeça. - Impossível.

- O que? - A coreana olhou em seus olhos.

- Você é a mulher mais linda que eu já vi em toda a minha vida. - Foi sincera.

- Está flertando comigo? - Perguntou de forma sugestiva enquanto sorria, fazendo Shuhua rir também e assentir.

- Mas acho que não é apropriado, você é irmã do Seongjin. - Constatou, fazendo Soojin rir.

- Se te deixar mais confortável, eu acho que você é a mulher mais linda que eu já vi em toda a minha vida. - Seus olhos eram intensos e não vacilavam em deixar Shuhua levemente intimidada.

- Está flertando comigo? - Repetiu a pergunta feita a si a alguns segundos atrás, vendo Soojin apenas dar de ombros, deixando-a sorrindo boba.

- Quer ir dormir? - Ignorou sua pergunta.

- Com você? - A coreana assentiu. - Sem me pagar um jantar antes? - Brincou, fazendo Soojin rir ainda mais. Shuhua tinha a certeza de que nunca havia gostado tanto de fazer alguém sorrir.

- Não seja boba, Shuhua. Vamos. - Disse enquanto se levantava e estendia a mão para a taiwanesa levantar e segui-la.

(...)

A semana se passou e Soojin e Shuhua estavam cada vez mais próximas. As conversas em tom de flerte estavam cada vez mais presentes, o que até Seongjin havia percebido e, sem ter o que fazer, aceitado. Apesar de esperar o dia quem que Soojin ou Shuhua lhe contariam ou conversariam abertamente sobre isso com ele.

A verdade é que estava feliz por ver Shuhua feliz, gostava da moça mas sabia que as coisas não se sairiam do jeito que gostaria. Além disso, sabia que Soojin era uma boa pessoa e que faria bem para a taiwanesa.

As mulheres se olhavam da forma mais intensa que o coreano já havia visto, se tratavam com muito carinho e cuidado, o que era incomum para tão pouco tempo de convivência. Ambas dividiam o mesmo quarto, mas até onde sabia, não havia acontecido nada concreto.

Já Shuhua nunca esteve tão leve. Não sabia o que estava acontecendo muito bem, mas sentia algo verdadeiramente intenso pela coreana, queria estar cada vez mais perto, precisava conversar, tocar ou o que quer que fosse, para ficar em paz.

(...)

- Ei, Shu. - A coreana chamou, enquanto entrava em casa. Havia ido visitar um apartamento e, finalmente, conseguiu gostar e fechar com a imobiliária. Logo iniciaria seu processo de mudança.

- Na cozinha! - Avisou, logo vendo a mulher entrar na cozinha e se encaminhar até ela, que estava lavando a louça, e deixar um beijo carinhoso sobre seus cabelos. - Oi, Jin-jin.

- O Seongjin está aí? - Perguntou, observando Shuhua secar as mãos no pano de prato.

- Não, ele saiu, disse que só volta à noite. Acredito que tenha ido ver alguns amigos... - Sua voz foi abaixando gradativamente, conforme Soojin se aproximava e ficava de frente para si. 

- Que bom. - A coreana disse ainda mais baixo, se aproximando mais um pouco e levando a mão à nuca da taiwanesa, puxando-a para um beijo.

(...)

Sooshu One ShotsOnde histórias criam vida. Descubra agora