8 - Kids (Parte 1)

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Se havia algo que não poderia ser negado, era que Seo Soojin era uma excelente mãe. Seus dois filhos eram, de longe, as pessoas que a mulher mais amava na vida.

Soojin os teve muito jovem, infelizmente seu noivado não deu certo e pouco antes de seu casamento, optaram por desatar de forma amigável.

A mulher possuía a guarda de seus filhos, tendo que compartilhá-la com seu ex namorado, pai das crianças, o que fazia sem problemas.

Em meio a todos esses processos de adaptação, tanto dos filhos quanto da própria mulher, havia seu emprego. Ela trabalhava desde muito cedo e sempre se orgulhou disso, mesmo que tomasse grande parte de seu tempo.

As crianças, ainda que estivessem crescendo, demandavam um tempo e uma atenção que Soojin tentava suprir de todas as formas que podia.

Ela dava algumas aulas numa academia de dança, além de fazer algumas apresentações solo e em grupo, o que necessitava de horas de ensaio e empenho para que tudo saísse da melhor forma possível.

Por isso, precisou pedir para que o pai de seus filhos cuidasse deles por dois dias, pois precisava fazer uma viagem e foi avisada apenas de última hora.

Para total desespero da coreana, o homem também se encontrava fora da cidade, numa viagem de negócios.

Ela sabia que não encontraria uma babá em cima da hora, muito menos alguém da família para cuidar de seus filhos, visto que após os últimos acontecimentos em sua vida conturbada, todos se afastaram.

Ela sabia o que poderia fazer, mas estava relutante de misturar as coisas e acabar piorando toda a situação.

Após pensar e perceber que realmente não tinha escolhas, pegou o telefone e discou o número que já sabia de cor.

Após alguns toques pôde ouvir uma voz sonolenta atender ao telefone.

- Fala.

- Não precisa me atender assim. - Soojin disse, magoada.

- está tarde. Aconteceu alguma coisa? - A coreana se sentiu feliz por pensar que ao menos ela se preocupava.

- Eu sei que estamos brigadas e que eu não deveria te pedir favores numa situação dessas, principalmente à essa hora e...

- Jin-ah! - Soojin suspirou com o apelido que tanto amava e sentiu falta. - Está divagando.

- É que... eu preciso viajar amanhã, pra uma apresentação, eu te contei à alguns dias atrás. Eu tentei falar com o pai dos meninos, mas ele não está na cidade, então eu pensei... - Fechou os olhos tentando tomar coragem. Não queria apressar as coisas. - Pensei se você não poderia... sabe... ficar com eles. 

- Ficar com seus filhos? Sozinha? Você pode estar ficando louca.

- Shuhua, por favor, são dois dias. - Apelou para uma voz manhosa.

- Soojin, eu não os conheço, eles não me conhecem, vai ser super estranho e...

- Eles vão amar você, assim como eu. Por favor...

- Eu não quero apressar as coisas. - A voz da taiwanesa era pesarosa.

- Você não precisa se apresentar como minha namorada se não quiser.

- Ele sabe.

Soojin havia se aproximado de Shuhua de uma maneira muito sutil, a conheceu através de uma amiga que frequentava suas aulas de dança.

Shuhua e Yuqi eram amigas a algum tempo e em um dos eventos da academia, a taiwanesa acabou por acompanhá-la e então elas foram apresentadas.

Soojin havia recém saído de um relacionamento heteronormativo, era duplamente complicado para ela se adaptar à nova situação em que se encontrava.

Mas além de sua adaptação, havia o fato de ter dois filhos e jamais se relacionaria com alguém que os negasse ou coisa parecida.

Shuhua se mostrou aberta à ter um relacionamento não só com Soojin, com as crianças também, mas tinha medo de algo dar errado.

Sabia que era uma situação delicada, as crianças tinham dois e quinze anos, eram idades muito diferentes que precisavam de cuidados e abordagens muito discrepantes e ela se sentia insegura.

Soojin teve uma conversa com seu filho Jongsu, ele era o mais velho, portanto, o mais delicado de se lidar. Apesar de tê-lo tido muito cedo, a coreana sempre procurou esclarecer e respeitar o tempo dele para todo e qualquer assunto, inclusive esse.

Sua reação não havia sido por conta de sua mãe estar namorando uma mulher, mas ele sentiu que essa nova pessoa acabaria com suas esperanças de ter seus pais juntos novamente e isso o deixava magoado.

Com essa reação avessa à situação, Shuhua optou por esperar mais um tempo até que pudesse se aproximar aos poucos dos dois. Só não imaginava que seria nessas circunstâncias.

Shuhua e Soojin não estavam em um de seus melhores momentos, apesar do tempo em que estavam se relacionando, estavam tendo diversas discussões e sentiam que aquilo estava desgastando o que tinham cada vez mais.

Sabiam que sentiam coisas muito fortes uma pela outra, isso não poderiam negar, mas as coisas estavam caminhando para um abismo sem fim e já havia ultrapassado muitas barreiras de um relacionamento estável.

- Jongsu precisa lidar com isso, não é mais criança. Me ajuda com isso, dessa vez. Se você quiser isso não precisa se repetir, mas eu realmente preciso hoje. - Sabia que poderia estar passando dos limites do seu relacionamento com a mulher, mas precisava tentar.

- Certo.

- Obrigada. Te espero amanhã às 8h. Amo você.

- Boa noite, Soojin. - Encerrou a ligação.

(...)

No outro dia, Shuhua chegou pontualmente ao apartamento da coreana e tocou a campainha.

Soojin a recebeu e logo notou sua cara de sono, suas roupas largas e cabelos soltos, como sempre. Não entendia como aquela mulher podia ser tão bonita.

- Bom dia. - A coreana disse, vendo a namorada se aproximar e deixar um beijo em sua bochecha e entrar no apartamento. Não houve resposta. - Jongsu acorda às 9h. Ele sabe se virar bem, não precisa se preocupar tanto, só verifique se ele está fazendo o dever de casa e se está cumprindo as tarefas domésticas. - Falava enquanto Shuhua sentava no sofá. - Minji deve acordar daqui a pouco, eu vou deixar algumas coisas prontas, algumas mamadeiras e algumas frutas e legumes separados, quando ela tiver fome, você vai saber, acredite. Ela tem um horário para comer, deixei exposto na geladeira, caso tenha dúvidas, tudo o que você precisa pra cuidar dela está no quarto dela e...

- Você pode ir, Soojin. Não se preocupe. - Interrompeu a mulher.

- Qualquer coisa, qualquer coisinha mesmo, me liga, me manda mensagem. - Disse, pegando sua bolsa e observando Shuhua assentir. - Volto em dois dias.

- Tá bom.

- Será que quando eu voltar a gente pode conversar? Isso tudo tá me deixando mal, Shuhua.

- Quando você voltar a gente vê, né. Boa viagem. - Disse, indiferente.

- Não vai me dar um beijo? - A taiwanesa observou os olhinhos pidões de sua namorada e por mais que quisesse negar, não conseguia.

Se aproximou da coreana, colocando a mão em sua nuca a puxando para um beijo calmo, enquanto sentia as mãos de Soojin em sua cintura. Estavam tristes, com saudades. O beijo durou mais tempo que o esperado.

- Mãe?

(...)

Sooshu One ShotsOnde histórias criam vida. Descubra agora