11 - Kids (Parte 2)

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Shuhua sempre foi uma mulher muito calma quando se tratava de situações que a colocavam numa posição desconfortável.

Quando se mudou para a Coreia, achou que aquilo seria a coisa mais louca e desesperadora que poderia fazer, mas lidou com certa tranquilidade até se adaptar.

Jamais pensou que duas crianças fariam com que ela sentisse medo. Não um medo irracional ou extremo, era mais um receio de não ser aceita.

Já havia passado por muitos problemas e poucos a deixaram tão nervosa ou ansiosa como esse. Naquele momento em que escutou a voz do seu enteado, sentiu seu corpo gelar.

- Jongsu! - Soojin disse, se afastando de Shuhua, podendo notar seu rosto num tom avermelhado. - E-Eu... - Limpou a garganta. - Eu já estou de saída e... a Shuhua vai ficar com vocês hoje.

- O que? Você não pode sair agora. - Shuhua pediu baixo. Soojin ignorou e se aproximou do filho, deixando um beijo em sua testa e saindo de casa rapidamente. - Bom... oi.

- O que você está fazendo na minha casa? - O menino tinha os braços cruzados.

- Eu vim cuidar de vocês e...

- Eu não preciso de uma babá, pode ir embora. - Disse.

- Bom, eu sinto muito então, mas sua irmã não vai se alimentar sozinha. - Shuhua disse, suspirando. Como se ouvisse as palavras da mulher, Minji iniciou um choro no andar de cima, fazendo com que a taiwanesa se dirigisse até as escadas.

- Deixa a minha irmã em paz. - Ao sentir a mão do garoto em seu braço, Shuhua percebeu que aquilo seria mais difícil do que pensava. Ela respirou fundo.

- Olha bem pra mim. - Disse se aproximando do menino que tinha mais ou menos a sua altura, o encarando seriamente. - Eu não sou a sua mãe, muito menos o seu pai, mas eu exijo respeito. Tire a sua mão de mim. - Shuhua pôde sentir seu braço livre. - Obrigada.

A taiwanesa sabia que aquilo não era sua obrigação, poderia apenas virar as costas e ir para a sua casa, mas havia dito para Soojin que ficaria com as crianças. Eram só dois dias.

Ao subir as escadas, foi em direção ao choro que ouvia. Entrando no quarto percebeu uma menininha de pé no berço, enquanto segurava a grade.

- Ei, baby... - Disse se aproximando da menina que parou de chorar ao perceber a presença dela. Apesar dos olhinhos inchados e cheios de lágrimas, Shuhua observou o finalzinho abaixo do olho do bebê, além da extrema semelhança com a mãe.

Se aproximou do berço o suficiente para que Minji lhe estendesse os bracinhos pedindo colo.

- Pelo menos você gosta de mim. - A menina deitou a cabeça em seu peito, se aconchegando melhor. - Eu sou a Shuhua, muito prazer. - Disse enquanto balançava a bebê. - Você está com fome, Minji? - Se surpreendeu ao sentir a menina assentir. - Ah, então você me entende. - Observou enquanto descia as escadas com cuidado e ia até a cozinha.

Não fazia ideia de onde as coisas deveriam estar, mas ao ir até a geladeira percebeu que Soojin havia explicado tudo nos mínimos detalhes.

Abriu a geladeira e pegou um potinho que já possuía algumas frutas dentro. Não havia mais visto Jongsu, provavelmente estava em seu quarto.

Colocou o potinho sobre a superfície do cadeirão que ficava junto à mesa de jantar e posicionou Minji ali dentro, observando a menina formar um beicinho.

- Meu amor, eu prometo que é só enquanto você come. - Enquanto a menina pegava as frutas com a mão e levava até a boca, a taiwanesa a olhava admirada, tinha tanto de Soojin nela.

Ao notar que a pequena Seo havia terminado o café da manhã, Shuhua a levou para lavar as mãozinhas e o rosto.

(...)

Algumas horas se passaram, a taiwanesa viu Jongsu poucas vezes, apenas ficou com Minji enquanto ela brincava com alguns brinquedos no chão da sala.

Percebeu seu celular tocando e viu que era Soojin. As coisas não estavam bem entre elas, mas estava cuidando da filha da coreana, precisava atender.

- Oi. - Disse, olhando para a câmera.

- Oi, meu amor. Como estão as coisas ? - Minji ouviu a voz de sua mãe e sorriu, se aproximando de Shuhua e subindo em seu colo.

- Tudo... indo. A Minji me ama, como você pode ver. - Falou, deixando um beijo nos cabelos finos da menina deitada em seu peito. Notou que a pequena estava observando sua mãe. - Está com saudades da mamãe? - Sentiu A menina assentir.

- Eu também estou morrendo de saudades. - Fez um beicinho. - Logo estou em casa. Como foi com o Jongsu? - E naquele momento Shuhua tinha duas opções, dizer o que tinha acontecido e deixar a mulher preocupada e sem ter como resolver a situação, ou deixar pra lá.

- Foi tudo tranquilo, estamos bem. - Mentiu.

- Hum... certo. Estou com saudades de você também.

- Preciso levar Minji ao banheiro. Até amanhã. - E encerrou a ligação.

Estava morrendo de saudades de Soojin, não só por conta das horas que não se viam, mas pelos dias que passaram afastadas. Sentia muito por não estar bem com a mulher que amava, mas aquela conversa ficaria para outro momento.

Percebeu que Minji estava quietinha e viu que a mesma estava dormindo, ótimo, soneca depois do almoço.

Se ajeitou no sofá com a menina por cima de seu corpo e se entregou à um sono também, mas antes que pudesse dormir, ouviu seu celular tocar novamente, vendo que era Soojin.

- Você precisa parar de fazer isso. - A coreana disse assim que Shuhua levou o telefone ao ouvido.

- Não quero conversar por telefone. Nem sei se quero conversar agora, o que você quer que eu faça? - Shuhua dizia baixo, para não acordar Minji.

- Eu quero que você aja como alguém da sua idade e pare de desligar na minha cara. Poxa, eu quero me acertar com você. - Soojin parecia cansada.

- E eu quero dormir, soneca da tarde. Tenha um bom dia. - E desligou o celular. Não era o momento de conversar, sabia que fim teria se conversassem aquilo por telefone.

(...)

Estava na hora do jantar e quando estava tudo pronto, ela resolveu chamar o menino para comer, afinal, não era porque ele não gostava dela que ela o deixaria com fome.

Se aproximou do quarto dele e bateu na porta, não obtendo resposta. Bateu novamente e nada, até que resolveu abrir, encontrando uma cena que não desejaria ter visto nem em mil anos.

- M-Me desculpa... - Disse saindo do quarto e fechando a porta rapidamente, sentindo seu rosto corar.

Puta merda.

(...)

Sooshu One ShotsOnde histórias criam vida. Descubra agora