10 - Where (Parte 2)

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Shuhua teve uma sensação estranha ao acordar de madrugada com seu celular tocando insistentemente.

Ao ver quem era, sentiu-se pior ainda, pois era o número do telefone da casa de Soojin. A coreana raramente ligava pelo telefone fixo e nunca ligava de madrugada.

A taiwanesa atendeu a ligação e esperou que quem quer que estivesse ligando, dissesse alguma coisa. Então ela ouviu.

- S-Shuhua vem me buscar, por favor. - A voz chorosa e quase desesperada de Soojin a deixou alarmada.

- Soojin? O que aconteceu? - Perguntou enquanto levantava e calçava um tênis qualquer, descendo as escadas de pijama mesmo.

- Por favor, vem rápido. - E a ligação foi encerrada. Do jeito que estava, pegou apenas as suas chaves e a chave do carro, saindo do apartamento e descendo pelas escadas mesmo, não havia tempo para esperar o elevador.

Seja lá o que tivesse acontecido, havia deixado Soojin em total desespero e mágoa. Ela não deixaria a mulher que amava sozinha em um momento como esse, independente de tudo.

No começo Shuhua havia lidado bem com a situação das duas, elas se viam todos os dias, transavam quase sempre, era no mínimo muito proveitoso.

Mas a taiwanesa começou a sentir. Sentir o que não deveria, sabendo que provavelmente sairia machucada de toda essa história.

A decisão de romper com Soojin doeu, mas já estava conformada de que aquela era a melhor opção para as duas. Soojin continuaria com o casamento falido e Shuhua certamente encontraria outra pessoa.

O destino adora pregar peças e quando finalmente havia tomado coragem para se desprender daquele emaranhado de confusões, algo terrível aparentava ter acontecido, a fazendo correr como louca até a casa da coreana.

Estacionou o carro na calçada, desceu e andou apressada até a porta da frente do apartamento de Soojin, que estava aberta.

Shuhua entrou devagar, notou algumas coisas quebradas, outras fora do lugar e sentiu seu coração descompassar.

- Soojin? - Chamou com a voz um pouco elevada. Notou que a mulher estava deitada no sofá em frente à porta e correu até ela. - Ah, meu Deus, o que aconteceu aqui? - Perguntou após se sentar no chão e receber o olhar marejado de Soojin em seus olhos.

Ela parecia estar num estado de tristeza que Shuhua nunca havia presenciado antes em sua vida inteira. Seus olhos estavam opacos, apagados, escuros.

Havia raiva, além da tristeza. Também havia medo e muito, muito desamparo.

- Vem. - Shuhua puxou seu corpo até que estivesse bem acomodado entre suas pernas, a abraçando e deixando que seu rosto repousasse em seu pescoço, enquanto acariciava seus cabelos e sentia as lágrimas quentes da coreana escorrerem por seu peito. - Eu estou aqui. Está tudo bem.

Após algum tempo, Soojin não parecia chorar mais, sua respiração estava mais calma e ela agarrava o tecido da blusa de pijama de Shuhua com muita força.

- Você quer que eu te leve para a minha casa? - Perguntou num tom baixinho, sentindo a coreana assentir depois de um tempo. - Eu vou cuidar de você. - Disse, antes de deixar um beijo em sua testa e se levantar, elevando o corpo de Soojin junto consigo.

Juntas elas foram para a casa de Shuhua, o trajeto foi em silêncio até lá. A taiwanesa claramente estava preocupada, mas no momento queria deixar Soojin confortável e bem, para depois procurar saber o que aconteceu.

Quebrava seu coração vê-la daquela maneira e não saber nem por onde começar a ajudar e nem se podia ajudar, de qualquer forma.

Ao chegarem, Shuhua levou a coreana até o banheiro de seu quarto, retirou suas roupas com toda a calma, enquanto Soojin a encarava fixamente com muitas lágrimas nos olhos.

A taiwanesa pôde ver algumas marcas leves em seus braços, o que fez seu sangue borbulhar ao imaginar o que poderia ter acontecido.

- Ele te bateu? - Ela perguntou, retribuindo o olhar da mulher que parecia em estado de choque. - Me responde. Ele fez isso com você? - Mesmo que seu tom fosse calmo, seu coração estava acelerado e ela estava com muita raiva.

Entendia que Soojin não conseguisse reagir, não sabia o que havia acontecido, mas por tudo o que conseguiu ver... a casa revirada, as marcas, o estado da mulher à sua frente... claramente algo muito grave aconteceu.

Soojin estava completamente nua sob o olhar de Shuhua e mesmo assim não esboçava reação alguma, apenas abaixando um pouco sua cabeça quando a taiwanesa se dirigiu à ela.

Vendo que não adiantaria insistir naquele momento, Shuhua começou a se despir também.

Entraram no chuveiro juntas, a taiwanesa fez questão de lavar o corpo da mulher que amava com todo o carinho que possuía em si mesma. Deixou beijos suaves sobre as marcas em seu braço e prometeu que aquilo nunca aconteceria novamente.

Não havia segundas intenções ali, nem de longe. Havia muita dor, tristeza, pesar. Havia tudo, menos desejo.

Shuhua queria cuidar da sua mulher e faria aquilo nem que precisasse ir atrás de quem teve a coragem de deixá-la naquele estado. Faria o que fosse preciso.

Ao terminarem o banho, a taiwanesa enxugou Soojin e vestiu um pijama confortável em seu corpo, logo levando-a para se deitar.

Foi se trocar e quando voltou para a cama, percebeu Soojin extremamente encolhida num canto da cama. Ela parecia tão pequena.

Shuhua se deitou e a observou por alguns minutos, logo sentindo a mulher se aproximar calmamente, devagar, e deitar a cabeça em seu peito, deixando uma perna entre as suas, sobre seu quadril.

Se permitiu abraçá-la novamente.

- Quer conversar agora? - Sentiu Soojin negar com a cabeça. - Tudo bem. - Disse acariciando seu pescoço calmamente.

- Eu sei que nós não... - Soojin começou com uma voz frágil.

- Shhh... Depois pensamos nisso. Só quero que fique bem agora. Eu estou aqui com você. - A apertou em seus braços.

- Me perdoa... - Sentiu a coreana voltar a chorar em seu ombro. - Eu estraguei tudo, eu perdi você, perdi o que nós tínhamos e... e agora eu te faço passar por mais isso... - Ela dizia sem pausa.

- Soojin, amanhã conversamos. Não se preocupe com nada disso, amor. Vamos dormir, certo?

- Certo...

(...)

Sooshu One ShotsOnde histórias criam vida. Descubra agora