6 - Where (Parte 1)

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- Shuhua... - A voz de Soojin era baixa, ofegante. Sentia os lábios da taiwanesa em seu pescoço e seus dedos ágeis dentro de si. - Por favor... não para...

E assim a coreana teve mais um de seus orgasmos perfeitos, enquanto sentia os dedos de Shuhua desacelerarem e seus beijos subirem para os seus lábios.

Ela deitou suas costas nos travesseiros da cama espaçosa, sentindo-se tão bem quanto sempre se sentia quando estava com aquela mulher.

Sentiu a palma da mão da garota em seu colo, acompanhando sua respiração que se acalmava a cada segundo.

- Tudo bem? - Ouviu a voz calma da taiwanesa ao seu lado.

- Sim. - Disse se sentando na cama enquanto procurava suas roupas.

- Você já tem que ir? - Sentiu o tom da garota um pouco triste e se sentou novamente, vestindo apenas sua calcinha e a blusa.

- Não me olha assim... sabe como andam as coisas lá em casa... o Hui está começando a desconfiar e...

- Claro. O Hui. - Disse se jogando de costas na cama, levando seus braços para tampar os olhos. - Sempre o Hui.

- Shuhua... - Ela tentou se aproximar da menina.

- Vai embora. - Ela foi categórica.

- Amor... - Se aproximou de Shuhua, sentando sobre sua cintura com uma perna de cada lado. - Sabe que não podemos arriscar. E eu volto amanhã, como todos os dias.

- Não precisa voltar. - Soojin a olhou confusa, quando ela se afastou da coreana e levantou. - Eu tô cansada disso. Até quando vamos ficar desse jeito?

- Eu não posso fazer isso... eu já te expliquei tudo. Shuhua, eu gosto de você, gosto mesmo, mas...

- Mas o que? - A garota pôde observar os olhos de Soojin tão marejados quanto os seus. - Eu não aguento mais. Você vem, faz umas graças, goza e vai embora. Eu quero mais do que isso, Soojin. Eu quero mais do que ter que me despedir às pressas, de ter que me esconder.

- Olha pra mim. - Soojin se levantou, indo até Shuhua e segurando seu rosto entre suas mãos. - Eu vou resolver isso, eu juro, mas eu preciso de tempo.

- Mais tempo? Você me diz isso a mais de três anos, e eu não sei se posso e nem se quero mais esperar por você. Vista-se, por favor. - Disse enquanto saía do quarto para lhe esperar na sala, deixando uma Soojin confusa para trás.

Soojin havia conhecido Hui na faculdade, a mulher havia cursado economia, formação essa que nunca sequer exerceu alguma vez na vida, mas era algo que precisava fazer para conquistar algum nível de independência e respeito dentro de sua casa, já que seus pais exigiam que ela seguisse os estudos em alguma área das ciências exatas.

No começo do namoro tudo ia bem, claro, era o início. Ele era cavalheiro, lhe levava flores, chocolates e presentes, além de ser muito carinhoso.

Com o tempo as coisas foram se modificando, ao final do curso Hui pediu sua mão em casamento. Ela aceitou no calor do momento, mal sabendo o que aconteceria dali para frente.

Ao passar dos dias, meses e anos, o homem se tornou cada vez mais ausente, abusivo e controlador. Tudo começou quando, após algumas tentativas, Soojin descobriu que não poderia gerar um filho.

Hui havia pego os resultados dos exames e quando chegou em casa, tudo mudou. Ela quase não o reconhecia mais, ele não possuía mais o mesmo olhar.

Por sorte, mesmo com tudo o que acontecia, ela começou a fazer aulas de dança em uma academia, e lá ela conheceu Shuhua.

A taiwanesa não teve dificuldades para entrar em seu coração e quando viu, já estavam na cama, e diga-se de passagem, Shuhua era muito boa no que fazia.

Soojin se sentiu estranha por fazer aquilo, afinal, ainda que seu casamento não fosse um dos mais felizes, ela ainda era uma pessoa fiel. Bom, era.

Shuhua era diferente de qualquer pessoa que já havia conhecido, ela era carinhosa, inocente, engraçada e completamente apaixonada por Soojin. Ela conseguia sentir.

Os encontros se tornaram frequentes, diários. A coreana parou suas aulas de dança para dedicar aquelas horas à Shuhua, mas era tudo sempre tão rápido, ao menos conseguia aproveitar um tempo com a garota.

De fato gostava dela, gostava muito, mas tinha medo. Seu casamento não era perfeito para ela, mas era perfeito para quem quisesse ver. Seus pais a apoiavam para estar com Hui, apesar de seus amigos acreditarem que ela merecia coisa melhor.

Ela estava numa grande sinuca de bico.

Após Shuhua descer as escadas ela terminou de vestir suas roupas enquanto sentia um nó em sua garganta. Shuhua a deixava tão feliz.

Ao descer as escadas, encontrou a taiwanesa sentada em um dos braços do sofá, aguardando por ela. Ela se aproximou e encostou seu corpo no dela, lhe puxando para um abraço firme enquanto aspirava seu perfume, se separando dela após alguns minutos e vendo seus olhos marejados.

- Você tem certeza? - Ela perguntou baixo.

- Tenho. Eu não posso mais me submeter à isso, Soojin. - Escutar seu nome saindo da boca da garota que gostava tanto, com tanta amargura a deixava num estado estranho de tristeza e medo.

- Eu vou consertar isso. - Ela disse e Shuhua se levantou, abrindo a porta para que ela saísse.

- Até lá, não me procure mais.

Soojin foi para casa e ao entrar, percebeu que seu marido lhe aguardava na sala, sentado em uma das poltronas.

- Onde você estava? - Ele perguntou.

- Na aula de dança. - Ela respondeu simples, deixando sua bolsa sobre a mesa de centro.

- Claro. Eu liguei para lá, disseram que não esteve lá hoje. - Ele dizia calmo, Soojin notou que ele segurava algo, um copo que provavelmente possuía alguma bebida dentro.

- Devem ter se confundido.

- Eu imagino que sim. - Soojin se virou para se dirigir ao seu quarto, não estava bem, estava triste, cansada, sozinha. Mas assim que se virou, sentiu um pequeno vulto ao seu lado e então o barulho estridente do vidro se estilhaçando no chão à sua frente. - Eu não disse para sair. Estou falando com você. - Disse, se levantando e se aproximando da mulher. - Onde você estava?

Sooshu One ShotsOnde histórias criam vida. Descubra agora