Capítulo 16 - Carta

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-CACHORRO, IDIOTA, CRETINO!!! – Hágata quase queimava a carta só com o calor de sua raiva. A carta que seu irmão escreveu para praticamente roubar Cestiali dela.

Todos já estavam em casa, mas Cestiali ficou na sala, por recomendação de Persin, já com medo do que viria a seguir.

-Amor... – Persin não iria tentar amenizar o que estava acontecendo, sabia que só iria piorar a situação se tentasse. O rapaz precisava de uma solução certeira. – Eu... se quiser eu posso...

-N-não! – Gritou eufórica, mas em seguida, apenas suspirou e pôs a mão em seu rosto. – Eu vou sozinha até onde ele trabalha, e enfiar essa carta na goela dele...

-Hágata. – O mesmo não cedeu em ser o mais direto possível. – Você não pode continuar assim.

-Assim? Do que tá falando?!

-Não é certo! A Cestiali... tá sofrendo com isso!

-E o que ela tem com isso, hein?! – Sem muita demora, estava voltando a ficar eufórica.

-O que tem é que se você quer que ela fique com a gente. – Em seguida, o rapaz segura seu rosto. – Se quiser que ela seja NOSSA filha, você não pode fazer ela achar que o... "tio" dela é um tipo de inimigo.

-...

-Você sabe que... falta muita conversa entre os dois. E não dá pra ficar nessa pra sempre.

-... – Não havia como discutir, sabia que o rapaz tinha razão. – Por que essa merda só acontece comigo, meu Deus... – Precisava de um apoio, e Persin dá esse apoio, deixando ela se reclinar nele enquanto recebe um abraço.

-Olha... vamos eu e você para lá, pode ser?

-Jura?

-Claro... – O rapaz estranhou o quanto Hágata parecia ter ficado sensível com tudo aquilo. Pelo visto ela queria que as coisas se resolvessem, mas não fazia ideia de como.

-E ela...?

-Hm...

(...)

Era tarde, o céu já estava alaranjado e o vento característico já cobria toda a vila. Hágata e Persin deviam ir para a cidade, e também, havia uma bandida solta pela vila, não podiam deixar a pequena Cestiali sozinha. Logo, teriam que confiá-la a alguém...

-Armaria mulher! Por que num me chamaram antes? Égua.

Estavam todos no restaurante da Áurea, e Persin aproveitou até para fazer as necessidades. Áurea já tinha se tornado quase que a babá da menina, e ela ambas adoravam isso.

-Áurea por favor... – Hágata segura o ombro da loira, tentando transmitir o máximo de confiança possível. – Promete cuidar bem dela?

-Arriégua, já fiz isso duas vezes, posso fazer de novo, visse? – A mesma apenas põe a mão na cintura. – Mah falando nisso, cadê a Ces e a florzinha dos cambito?

-Estamos aqui! – Cestiali estava no outro lado do lugar. – A Klen queria pegar o ketchup.

-É desperdício dessa gente deixar tanto ouro jogado por aí. – Diz Florzinha mordendo uma coxinha. – Delícia.

-Escuta aqui! – Hágata apenas aperta as bochechas da Cestiali e começa a discursar. – Não fala com estranhos, não anda por aí até tarde, no máximo vai até a moitinha amarela que tem no final da rua da vila, não...

-Diabeisso, ela é sempre assim?

-Bem... – Persin tinha acabado de chegar do banheiro do restaurante. – Na real é novidade.

Neve Quente (Volume 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora