Capítulo 4 - Ânimo

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-Fala tu, Persin! Oi, mocinha! – Disse um comerciante de uma floricultura.

-E aí? Beleza? – Persin acenava para ele fazendo um " paz e amor".

-Ah, o-oi... – Com certo desconforto, Cestiali o imita, tentando seguir sua fórmula de "cara bacana".

-Bom dia, Persin! Olá pequenina! – Dessa vez, uma família no meio de um churrasco.

-Fala, povo!

-É-É... fala povo...

-Tá tudo bem...? – Foi uma pergunta mais para garantir o bem-estar da mocinha, que parecia bem nervosa.

-Você é bem popular, né? – Disse Cestiali um pouco assustada com a recepção.

-Nem, apesar de aqui ser grande, todo mundo se conhece, sabe?

-Hm... – Cestiali morava na cidade, e nunca falavam bom dia a ela. Era de se estranhar tudo aquilo.

-Cê tá com vergonha?

-Não... é mais tipo, falta de costume.

-Bem, com o tempo tu se acostuma. Fica tranquila.

-Tudo bem! 

O som das crianças brincando e cumprimentando ambos, a água do aqueduto, o barulho de um moinho que ficava ali perto, a brisa que fazia seus cabelos voarem, era algo tão reconfortante para a jovenzinha da cidade, que era até de se estranhar.

Chegavam até uma casa relativamente grande, com um pequeno quintal na frente, e cercas pequenas. Parecia ter dois andares e ser feita de madeira de carvalho, também tinha uma rede na varanda, na qual Persin deitava pra descansar após o serviço.

-Parece casa americana... – Disse Cestiali.

-Ah, aliás... eu quero te informar uma coisinha...

-Hm?

-Minha noiva é um pouco... "enérgica" digamos assim.

-...? – Esbugalhou os olhos e virou a cabeça, como de costume, não havia captado o que o rapaz quis dizer.

-Ela é bolada da vida, pronto. Mas fica tranquila. – Persin abre a porta, e Cestiali já animada, flutua para ter uma noção de como é la dentro. – É só não irritar ela que...

PLOFT!!!

-AH! – Exclama Cestiali quase tropeçando.

Uma panela acerta o rosto de Persin e cai no chão, deixando seu rosto todo vermelho.

-Ai...?

-ONDE VOCÊ TAVA, HEIN? JÁ É QUASE MEIO DIA! – Gritou uma mulher visivelmente enraivecida com o rapaz. Dando um grande pisão no chão e apertando seus punhos.

-Mas ainda é dez da man...

-ISSO NÃO ME INTERESSA SE... Hm, quem é você?

-Oi, eu sou Cestia...

-VOCÊ TAVA POR AÍ COM ELA É? – A noiva de Persin começa a dar tapas nele. E ele sem se surpreender ou ficar nervoso, apenas os aceita com cara de paisagem. – SAINDO POR AÍ PRA VER UMA GURIAZINHA NOVINHA! DESGRAÇADO!

-ELE TAVA ME SALVANDO! - Exclamou a menina que estava agarrando os braços da moça, para que parasse de bater no rapaz.

-O que?!

-...

-Eu tava na floresta e um bicho veio pra cima de mim, ele veio e deu uma surra nele, e me salvou, aí eu pedi a ajuda dele pra achar meus pais. E ele me trouxe aqui.

Neve Quente (Volume 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora