Capítulo 3 - Bolhas e Tacos

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-Hum hum hum, uhum hum hum...

Saltitante, cantarolava e sorria, com um toque de inocência. Cestiali não sentia medo algum. Talvez por não levar os avisos do senhorzinho muito a sério, ou apenas porque se esqueceu do que ele disse depois da sua soneca.

A barriga da menina roncava, e finalmente, parou de cantarolar para poder fazer uma boquinha.

-Hm, eu devia ter passado no mercadinho antes de vir. Será que...

Olhava para cima, tentando ver se as árvores ali eram frutíferas. Seus estudos pelo menos fizeram ela ter noção de como reconhecer alguns frutos venenosos, mas em uma árvore não tão grande, via que tinham grandes e bonitas...

-Maçãs!

Todo mundo gosta de maçãs, inclusive Cestiali. Começou a subir, ou melhor, flutuar até as frutas. Foi a catar várias, conseguia segurar em suas mãos oito de uma vez usando seu equilíbrio.

-Será que eu consigo achar água aqui pra fazer um suquinho? – Brincava de malabarismo com as maçãs, era muito boa em tal, conseguia equilibrá-las muito bem inclusive.

Já estava a comer uma das maçãs. A floresta apesar de ser assustadora quando vista pelo exterior, era bem mais charmosa do que imaginavam. Suas árvores bem grandes e floridas. Folhas bem verdes, e ainda uma ambientação bem acolhedora.

Tudo parecia bem, até que Cestiali ouviu um som de vento vindo pelo caminho.

-Hm? – Via uma folha caída dando um "pulo". Logo após isso, umas folhas saiam voando, galhos, e até seu cabelo começou a ser levado junto. – O que tá acontecendo?

Sem nem ter tempo de conseguir terminar a pergunta, algo vem em sua direção, e arranha seu braço, deixando um rastro de sangue e derrubando suas maçãs.

-A-AAAAAAH! – A menina caía, a cor de seu chifre ficava extremamente preto, esboçando que estava assustada, com seu braço gotejando e com um corte bem grande.

Começava a chorar mais por não estar entendendo o que estava acontecendo do que pela dor em si. Quando recuperou melhor os sentidos, olhava e via o motivo das folhas estarem voando.

Uma criatura estava a sua frente, com um grande maxilar inferior de tom azulado, chifres amarelos com pontas azuis, braços metálicos com garras enormes, e o mais notável, o corpo em formato de furacão, que era o motivo das folhas saírem voando.

O mesmo pegava as maçãs da menina, e comia em uma mordida só, quase que ignorando a moça.

-E-Ei, i-isso é meu... a-ai... – Cambaleava e se ajoelhava. Podia ser exagero de sua parte, mas a dor realmente era enorme.

-Grrr... – A criatura olha novamente para ela, e avançava novamente. Dessa vez, rugindo com a boca aberta, e pronta para dar uma mordida na menina.

-A-AH! BOLHA! – No mesmo instante que ela levaria outro golpe, a bolha da menina surge e atinge o estranho monstro, que cai no chão, fazendo seu corpo feito de ar sumir. – C-céus, será que matei ele?

Desfazia a bolha e ia verificar se o dano havia sido grave. De repente, a criatura abre os olhos, e começa a girar, fazendo uma onda de vento, se soltando pequenos choques, criando uma espécie de estática, que o fazia se reformar.

-GRRRRRRRRRRAAAAAAAAAAAAAAH! – Dessa vez, o vento era mais forte, mais rápido, e quase puxando a menina. Estava raivoso e sedento, e pronto para arrancar uma parte de seu corpo..

Mais uma vez iria pegar a garota, de surpresa dessa vez. A mesma tropeça com o susto, e acidentalmente chuta a cara da criatura, que sai girando para trás, com uma grande marca em seu rosto.

Neve Quente (Volume 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora