Capítulo 17 - Fraternidade, defesa, e delinquentes juvenis

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Hágata quase amassa a folha na qual estava a carta, e sua raiva por sorte não ferve a mesma até se converter a poeira.

-O que você quer com ela?! – Disse a moça.

-Você leu a carta, sabe o que eu quero com ela.

Com sangue nos olhos, a irmã puxa seu irmão pela gravata e quase murra seu rosto.

-Eu quero saber o que VOCÊ quer, não o disfarce barato que tá nessa folha.

-Dessa vez sinto em lhe informar. – Banne se afasta. – Por mais que seja bem diferente do meu estilo, não quero nada além do que está na folha.

-Sua cara não queima de mentir pra mim não?

-Mas é sério. – O moço abre um pequeno frigobar que tem do lado de sua mesa, e tira uma

garrafa de vinho branco. – Você ainda curte beber?

-Para de mudar de assunto!

-Escuta aqui. – Banne se serve. – Você tem noção, do peso que tenho que carregar, por causa de vocês?

-Como é?

-Aquela floresta, que vocês "cuidam", cai toda na minha responsabilidade. Sabe o quanto de dinheiro toda cidade central perde com vocês?

-...

-Não fazemos isso por nós. – Persin viu que sua noiva se enfraqueceu nos argumentos, por isso quis proteger ela. – A área que protegemos está no nosso cuidado pois vocês têm medo das coisas que tem na floresta.

-Em partes você tem razão. – Banne dá um gole em seu vinho, e limpa a boca com a gola de seu terno. – Mas ao mesmo tempo, nada impediria nós de simplesmente, como posso dizer, estourarmos aquele lugar.

-Isso é crime ambiental, você sabe disso.

-Ah, faça meu favor, Persin. – O policial se ajeita em sua mesa. – Olha pra porcaria de mundo que vivemos. Acha mesmo que alguma autoridade se importa com isso? Se simplesmente tacarmos fogo lá o máximo que vai rolar é um "que pena".

-... – O rapaz apenas serra os punhos, costumava ser paciente, mas ver que ele estava desestabilizando sua noiva o deixava furioso.

-E por que você quer ela?! – Dessa vez Hágata tomou a deixa.

-Porque quero reatar a confiança das pessoas em mim, não, no meu serviço. Sabe quantas pessoas comparam a gente com policiais corruptos? Tudo pois deixamos um caso ou outro sem resolução. E sempre por falta de verba. E sabe pra onde vai a verba?

-...

-...

-E por isso eu quero a garota. Uma imagem "inocente" trabalhando em serviços simples para nós, que a mídia poderia ajudar a divulgar, seria perfeito pra pararem de achar que somos vagabundos. – Banne muda o semblante por um tempo, mas se recompõe. Estava ficando nitidamente incomodado com algo.

-Você quer usar ela como garota propaganda? – Indaga a moça.

-Tipo isso. – Ele se levanta. – E isso vai acontecer, você sabe bem.

-E como garante isso?!

-Simples, vocês têm em mãos uma garota, fugitiva, vocês ainda não são responsáveis por ela. – O rapaz dá um sorriso cínico. – Se eu quiser, com uma ordem, ela vem pra mim, entendem?

-... – Hágata começa a lacrimejar, mais de raiva do que de tristeza. – Por que você tá fazendo isso?

Persin também estava perdendo a paciência, segurou o ombro de sua noiva, e estava quase voando em Banne, apesar de não deixar transparecer.

Neve Quente (Volume 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora