XIV - ...mas mudou

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Eu sentia o vento bater forte contra meu rosto, enquanto corria segurando a mão da Billie, pra fora da escola. Parecia coisa de criança, mas eu tava gostando.

Quando demos uma boa distância do portão da escola, paramos pra recuperar o ar. Eu coloquei a mão no peito, enquanto tentava normalizar minha respiração. A Billie tinha colocado suas mãos, nos joelhos, olhando pro chão, enquanto ria. Eu a acompanhei.

— Caralho, o cigarro tá acabando comigo - eu digo entre pausas, já que minha respiração ainda estava falha. Ela ri.

Ela me olhou, enquanto suas covinhas estavam mais aparentes que nunca. Eu desviei o olhar, e comecei a andar, com ela do meu lado. As vezes, eu não conseguia a olhar por muito tempo, sem querer beija lá, percebi isso a pouco tempo. Deve ser por esse motivo, que eu tanto a evitei.

Estávamos andando em direção ao centro. Não sabia pra onde iríamos, mas estava aberta ao que a Billie teria em mente. Sorte que hoje, resolvi deixar o carro em casa, e vim com a Mia. Então, não precisava me preocupar com ele no estacionamento da escola. E sobre meu material, certeza que minha amiga pegaria pra mim.

— E o seu carro? - eu não sabia se ela tinha vindo de ape, já que ela sempre estava com seu dodge preto fosco. Até então, em casa, ela não estava com seu carro, mas ela passou na casa dela antes de ir pro colégio. Da pra notar porque ela está com roupas diferentes.

Estava linda, com uma calça meio cinza, rasgada, com alguns desenhos em branco. Uma blusa roxa, com um zíper no centro, que ia do pescoço até o meio de sua cintura, e com um tênis da mesma cor. E claro estava usando vários anéis, nos dedos das duas mãos. Não sei porque estava reparando em tudo isso, mas era quase inevitável.

— Por incrível que pareça, eu acabei indo de uber pro colégio. Eu amo dirigir, mas hoje não estava afim - ela respondeu, enquanto andava com as duas mãos no bolso de sua calça.

— Uma simples coincidência, ou destino? - eu sorrio, e ela me olha de canto

— Eu diria que destino. Mas nunca saberemos - ela sorri, olhando para seus pés. — como está seu rosto?

— Não sinto mais arder, e não está tão vermelho, está? - eu mostro a bochecha a ela, que fingia uma expressão assustada, me fazendo bater em seu braço

— Não. Não mais vermelha do que você ficou quando terminamos de foder - eu sorrio, lembrando rapidamente da noite passada.

— Então quer dizer que você fica pensando na noite que tivemos, hum? - ela bufa, revirando seus olhos, me fazendo rir

— Apenas passou pela minha cabeça. - eu não senti tanta firmeza nessa resposta, acredito que assim como eu, ela também não consegue tirar tudo o que fizemos da mente. Mas, não queríamos ter que admitir isso.

Continuamos andando, eu não sabia pra onde estávamos indo, e nem mesmo ela parecia saber. Eu só sei que estamos perto da minha casa. E esse silêncio que se estalou entre nós, ficou um tanto quanto chato.

— O que você acha da gente tomar um sorvete? Tá um calor do caralho - a Billie pergunta, chamando minha atenção. Eu tava prestes a dizer que iria pra casa

— Achei que não fosse perguntar - ela ri de canto, e nos encaminhamos em direção a melhor sorveteria de LA. Eu amo sorvete mesmo as 10 da manhã.

[...]

Eu fiz meu pedido, e esperava a Billie fazer o dela. Acredito que a Eilish não seja uma pessoa indecisa pra muitas coisas, mas pra escolher sabor de sorvete, era a própria indecisão.

— São tantos sabores - ela dizia mordendo seu lábio inferior, confusa em relação ao que ela pediria. Eu sorria, era bonitinho de ver.

— Não podemos ficar aqui a tarde toda, Eilish. Escolhe logo. - eu digo, a fazendo bufar. E então, finalmente, ela parece escolher dois sabores pro seu sorvete de casquinha. Talvez eu tenha colocado uma certa pressão.

  Escolhemos uma mesa pra sentar. Era uma sorveteria bem aconchegante, e continham sorvetes veganos. Era perfeita.

— Melhor sorvete não tem - ela diz, enquanto fechava os olhos, se deliciando com seu sorvete vegano. Eu sorrio.

— Realmente, nunca encontrei algum igual ou melhor que os daqui - eu digo, levando um pouco de sorvete até a boca.

— Então.. acredito que depois de hoje, seu rolo com a Drew foi por água abaixo, não? - ela pergunta, me fazendo rir por instantes

— Ficou interessada, Eilish? - Eu pergunto sorrindo de lado — O caminho está completamente livre

— Completamente? Acho que está exagerando - ela diz, olhando para o sorvete em sua mão

— Talvez eu esteja, mas você nunca vai saber. - eu a olho, e coloco mais um colher de sorvete na boca. — Mas e você e a Drew? O que rolou na amizade de vocês, pra se odiarem tanto?

— De novo, sério? - eu concordo com a cabeça, ela revira seus olhos, me deixando com maior curiosidade. — Não é da sua conta. - ela diz, e joga um pouco de sorvete na minha cara, me fazendo levar a cabeça pra trás, em susto.

— Você não fez isso - eu digo, de olhos fechados. E rapidamente, jogo um pouco do meu sorvete na mesma, a deixando de boca aberta. Tá, talvez tenha sido tudo que eu ainda tinha.

Eu rio, levantando rapidamente, e corro pra fora da sorveteria, sendo seguida por uma Billie toda suja de sorvete.

Não demora muito pra ela me alcançar, e me agarrar, me fazendo ficar de frente pra mesma. Eu não conseguia parar de rir, assim como ela.

— Não, você vai lambuzar toda a minha roupa de sorvete também - eu digo, fazendo bico e eu tento me soltar, mas sem sucesso.

Ela sorriu, e começou a passar sua mão pelo meu rosto, me fazendo sorrir com seu toque. E de repente, sinto alguns pingos na minha cabeça, olho pra cima e percebo que começou a chover. Eu não podia deixar de fazer isso antes de sair de debaixo da chuva, então eu a beijei lentamente, enquanto segurava em sua cintura, a pegando de surpresa.

A chuva começou a engrossar, então paramos o beijo com um selinho, vejo ela sorrir, me fazendo sorrir também. Pego em sua mão, e a puxo correndo dali, para um lugar coberto, onde podíamos pedir um Uber até em casa.

Between us Onde histórias criam vida. Descubra agora