— Eilish? O que você tá fazendo aqui? - eu pergunto, me encostando no batente da porta.— Ué, eu te mandei várias mensagens e você não me respondeu. Então, resolvi dar uma passada aqui - ela diz, me fazendo rir e balançar a cabeça em negação, então aquele número desconhecido era ela.
— Você pensou em se identificar, ao me mandar uma porrada de mensagem? Eu não saio respondendo números desconhecidos - eu falo como se fosse óbvio
— Eu não falei que era meu número? Achei que tinha dito - ela diz dando de ombros. Mas afinal, por que ela pegou meu numero? — Eu peguei seu numero com um professor, tô precisando de um reforço em fisica, e me indicaram você pra ser minha mentora - tá explicado
— Só que eu não dou aula de reforço. - ela passa a mão pelo cabelo. Eu rio com seu pequeno desespero, que cara de pau, veio até aqui pra me pedir ajuda.
— Eu sei que não, mas eles falaram que você talvez pudesse ajudar. Mas, já devia ter em mente que isso não aconteceria - ela faz menção de se afastar, eu seguro seu braço.
— Você realmente devia ter imaginado isso, mas eu não sou tão ruim assim, nem mesmo com você. - eu falo, e dou espaço pra que ela entre. Eu não acredito que estou mesmo fazendo isso.
— Mas, não precisamos começar hoje. Aliás, como você está, depois do rolê com a sua mãe? - ela pergunta, assim que fecho a porta. Olho pra ela, que estava parada no hall, me olhando.
— Não vamos falar disso. Tá tudo sobre controle - eu respondo, e passo rapidamente por ela, voltando para o meu delicioso sanduíche em cima da ilha. — Começamos na quarta. - ela da de ombros, concordando com certa indiferença.
— Você não tem que ser forte o tempo todo, sabe disso, não é? - ela se senta na bancada em minha frente. — Eu sei o quão difícil é mostrar "fraqueza", mas as vezes, é necessário.
— Lua? - ouço a Mia descer, e logo aparece no fim das escadas. — Pra duas pessoas que se odeiam, tá ficando bem frequente ver vocês juntinhas - ela diz assim que a vê na cozinha, a Billie a cumprimenta com um gesto de cabeça.
— Você nem começa com isso Mia. Ela veio pedir ajuda em física - a Billie me repreende com um olhar. Ué, falei alguma mentira? Eu a encaro da mesma forma.
— Não foi bem ajuda, é só...- ela procura alguma desculpa, mas não acha. Eu sabia o quão torturante pra ela é admitir que não é extremamente boa em tudo. — Tá, foi isso mesmo.
— Nunca imaginei que você pediria ajuda pra alguém, muito menos pra Blake. Mas isso é bom, não somos perfeitos. - a Mia diz, se sentando com a gente. A Billie revira seus olhos. Eu rio
— Demostrar fraqueza, as vezes é necessário - eu a imito, dizendo a frase que ela me disse a alguns minutos atrás. Ela se levanta da bancada, e pega sua mochila jogada no chão.
— Bom, é isso. Tô vazando, boa sorte em suportar sua melhor amiga aí - a Billie diz pra Mia. Que menina ingrata, eu vou ajudar ela a não reprovar, e ela me trata assim?
— Cuidado com o que você diz, Eilish. Sua aprovação depende da minha ajuda - ela me mostra o dedo do meio, e vai em direção a porta.
— Não existe só você no mundo, Blake - ela então sai, e fecha a porta. Eu reviro meus olhos. Que preguiça.
— A tensão sexual que tem entre vocês, é surreal - a Mia diz, me fazendo quase vomitar
— Tá maluca? - eu a encaro indignada. Talvez ela tenha razão, mas não quero ter que concordar, ou admitir isso.
Meu celular começa a tocar em cima do balcão, vejo que se trata da Drew. Fazia uns dias que não conversávamos direito. Eu atendo.
— Fala gatinha - eu falo, e ouço um suspiro pesado — Tá tudo bem?
— Você saberia se não me ignorasse por todo esse tempo, Blake - sério? Eu tô tentando ser gentil aqui.
— Foi mal, eu devia ter te respondido antes. O que aconteceu? - eu me apoio na ilha, e pego meu copo de suco, dando um gole.
— A gente pode se encontrar? - percebo um certo receio em sua voz.
— Claro. - penso antes de falar, eu quero tentar ajudar ela, no que quer que seja, mas não sei se sou a melhor pessoa pra isso agora. Não depois de ontem. — mas será que...- ela me corta
— Tá bom, vou passar na sua casa as 7pm então - e então, ela desliga.
—....poderia ser amanhã - eu termino a frase, com o celular ainda no ouvido. Suspiro.
— E aí, o que aconteceu? - a Mia volta de algum lugar, nem sabia que ela tinha saído de perto. - fui no banheiro
— Não sei o que aconteceu, mas aconteceu. - ela abre a geladeira, e vou a seguindo com o olhar. Ela pega algumas coisas. — Ela quer vir pra cá hoje, daqui a tipo..- olho pro celular, e vejo que são 6:40. — 20 minutos.
— Certo, aproveita e conversa sobre seus sentimentos. Aqueles que você não sente por ela - ela responde, me encarando por alguns instantes.
— Mia, você acha mesmo que hoje é o melhor dia pra isso? - ela se senta do meu lado, com seu lanche e um copo de suco. — Não quero magoar ela, e esse já é um assunto complicado. Não estou em condições pra falar sobre isso, não hoje. Não quero ser rude, ou nada dessas coisas.
— Tá, então não fala sobre isso hoje. Mas não fica adiando, é um assunto necessário a ser falado. - ela diz, e da uma mordida no lanche. Eu termino meu suco.
— Relaxa, eu juro que vou falar. - ela me olha desconfiada. — Ta, quer saber? Foda se, hoje converso com ela sobre isso.
— Bom, acho que eu já vou indo então. Deixar vocês duas a sós - ela diz, e se levanta, com o lanche na mão.
— Sempre me largando na pior - eu respondo negando com a cabeça. Ela da de ombros
— Já está grande o suficiente pra lidar com seus problemas sozinha - ela pega sua bolsa, e as chaves do carro dela. Da um beijo estalado na minha bochecha — Qualquer coisa me liga, e me conta como foi quando estiver de boa.
— Pode deixar senhora, eu contarei. Porque sei que se não, você não vai sair do meu pé - ela pisca sorrindo pra mim. E sai pela porta, ainda com o seu lanche na mão, claro que ela não o largaria pra trás, como ela fez comigo.
Bom, o que me resta é tomar um banho, e me preparar pela longa conversa delicada e complicada que me espera. Por mais que eu não queira falar sobre isso hoje, eu realmente sei que não dá mais pra adiar.
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Between us
FanfictionBillie Eilish e Lua Blake, duas meninas que se acham a dona de tudo, ousadas e destemidas. Não abaixam a cabeça pra ninguém. Há tanto em comum entre elas, que nem mesmo elas são capazes ou não querem enxergar. Blake, com seus 18 anos, cursando o...