XX - A revolta

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Eu estava na sentada no sofá, e ao meu lado, toda largada com os pés em cima de mim, estava a folgada da Mia. Eu tinha contado tudo o que aconteceu no dia anterior pra ela.

Minha vó estava na cozinha preparando o almoço. Hoje é sábado, e meus pais vão vir pra cá. Até que eles estão realmente se esforçando. Eu tenho alguns clientes pra tatuar a tarde, mas até então, tá tudo tranquilo.

— Você acha que foi o certo a se fazer? - ela pergunta, enquanto olhava alguma coisa no celular.

— Me pareceu o certo. Você sabe como eu sou, e sabe que ia chegar um tempo que daria merda, porque sou uma fodida, e ela merece bem mais que isso - eu dou de ombros. Ela se senta, me olhando atentamente

— Meu Deus, como eu não reparei nisso antes ??! Você tá caidinha por ela - ela me cutuca várias vezes na barriga. Me fazendo cócegas, mas eu paro suas mãos.

— Você tá muito louca, só pode ser isso. - Minha vó chega na hora, limpando seus mãos no pano de prato em seu ombro.

— Não minha filha, ela tem razão. É só olhar pra você quando ela esta por perto - minha vó diz, me fazendo sentir péssima.

— Parem as duas! Será que não entenderam que já era? Eu nunca senti nada por ela, assim como ela nunca sentiu por mim. Nunca nem parou de me odiar. Eu sou uma fodida.  - eu digo.  Minha melhor amiga revira os olhos, e minha vó fica neutra, entendendo que não quero ficar falando disso, e volta para a cozinha.

— Mas sério, você tem que parar de achar que só porque você diz ser uma "fodida", coisa que você não é, as outras pessoas não vão verdadeiramente gostar de você. Isso está tudo na sua cabeça, apenas aí - ela encosta o dedo na minha cabeça. — Sem contar que ela com certeza estava mentindo, só disse isso porque você quis acabar com o que nem tinha começado.

— Eu não quero machucar mais ninguém, Mia. E você sabe o que aconteceu com a Drew. Tipo, porra, até hoje eu não conversei com ela sobre ela gostar de mim. E agora, nem tem mais sentido também. Mas, consegue ver o quão babaca eu sou? - eu pergunto, e me jogo no sofá.

— Foi diferente. Não vou negar que você realmente devia ter conversado com ela sobre isso bem antes, e olha que eu sempre pegava no seu pé. Mas, ela não soube diferenciar as coisas, e vocês não se davam muito bem. Já você e a Billie, tinham tudo pra dar certo - eu assinto. Isso realmente era verdade, eu devia ter esclarecido várias coisas, mas ela também confundiu muitas coisas.

— Espero que um dia, eu consiga me desculpar devidamente. Mas enfim, chega desses assuntos. Eu optei por me afastar da Eilish, e é o melhor pra nós duas - eu encerro o assunto, e me levanto pra ligar a televisão.

Minha cabeça estava uma confusão. Eu não sabia como seria esse jantar com meus pais, já que não estou com mood bom pra isso. Não sabia como seria na escola daqui pra frente. Na verdade, acho que tudo vai voltar a ser como antes. Eu na minha, e a Billie na dela. Como sempre foi e como nunca devia ter parado de ser.

[...]

Estávamos todos na mesa, meus pais riam; e contavam histórias de quando eu era criança. Por mais que eles não viram quase nada da minha infância, tinham algumas momentos que compartilhamos juntos.

Eu não estava conseguindo partilhar dessa mesma felicidade. Por mim, sairia por essa porta e iria pra uma balada.

— Uma vez, ela devia ter uns 4 anos, eu chamei a atenção dela por ter rabiscado um papel importante do trabalho. Ela saiu do escritório, e foi para seu quarto, e bateu a porta. E de repente, joga um bilhete por debaixo do porta. Quando eu abri, estava escrito "para de ser tão chata" - ela ria lembrando — Foi o primeiro e único bilhete manuscrito que eu recebi dela

Between us Onde histórias criam vida. Descubra agora