IX- Ressaca

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  Acordo com meu despertador, minha cabeça lateja de tanta dor. Mal consigo me movimentar por isso. Desligo o despertador.

Olho em volta, estou na minha cama, rodeada de garrafas de bebidas, como whiskey. Além de perceber alguns restinhos de baseado por ali. É, eu tô ótima.

Hoje é segunda, mas sem condições de ir pra escola. Me concentro em levantar, e ir sem cair até o banheiro. Esbarro em algumas coisas espalhadas pelo chão, mas consigo chegar viva até o chuveiro.

Depois de algum tempo debaixo da água gelada, me sinto um pouco melhor. Depois de me trocar, tiro algumas coisas da cama, e volto a me deitar. Pego meu celular, e vejo inúmeras ligações perdidas da minha vó, e algumas da Mia. Eu não tinha contado nada a ela, ainda. Quando tudo aconteceu era umas 8 da noite, e eu vim direto pra cá, não quis conversar com ninguém e bom, sabem o que aconteceu.

Resolvo ligar pra Mia, pra avisar que eu não iria hoje. Já pra minha avó, não estava pronta pra ter essa conversa, sei que ela vai tentar me convencer de todas as formas a dar uma nova chance a eles.

Nossa, finalmente. Você sumiu desde ontem à tarde. O que aconteceu? - ela diz num tom de preocupação. Eu suspiro

Andei ocupada no estúdio, desculpa. Não queria te deixar preocupada - eu digo com certa dificuldade, minha cabeça ainda doia pra cacete

O que você tem? Tá com a voz estranha, e falando baixo. Já sei, bebeu pra caralho ontem, não é? E ligou pra dizer que não vai pra colégio. - ela confirma a última parte. Ela me conhece muito bem. — mas não é só isso, não é?

Minha mãe está de volta - eu digo de olhos fechados, e percebo ela se incomodar do outro lado da linha. Ela sabia de tudo, sobre todas as coisas que me fizeram ser essa fodida de hoje em dia.

Eu tô indo praí. - e então ela desliga antes que eu pudesse dizer qualquer coisa.

Logo depois, recebo uma mensagem de um número desconhecido. Não dizia nada demais, mas também não dei muita importância, não dizia quem era e eu não vou responder, vai que é alguém querendo me dar um golpe ou algo assim.

Ouço o interfone, e desço o mais rápido que posso, no caso demorou muuito. Cada passo, era como se estivessem martelando minha cabeça, eu tinha que parar e fechar meus olhos por alguns instantes, enquanto descia as escadas.

Finalmente chego até o hall de entrada, alcançado a porta. Destranco e abro a porta, recebendo um abraço apertado da Mia. Eu retribuo como posso

— Quer me contar o que aconteceu? - eu concordo com a cabeça, e vamos até a sala que está mais próxima, nos sentando no sofá.

  — Ela apareceu no estúdio do nada, e eu estava com a Billie lá.. - ela semicerra seus olhos — Tatuando a Eilish, Mia. Enfim, ela chegou falando que eu não levava meu trabalho a sério, e várias merdas..

— Mas você estava tatuando a Billie, certo? Como não estaria levando a sério? - ela me corta, e é claro que ela tentaria ir mais a fundo nesse ponto.

— Eu to com tanta dor de cabeça - eu digo e encosto a cabeça no sofá, ela se levanta rapidamente, e pega um copo de água na pia. Traz pra mim, e estende um remédio que ela havia trazido em sua bolsa. Eu tomo.

— Você estava dizendo que...- ela diz, a fim de que eu continue a contar.

— Ela tava flertando comigo, como faz com qualquer pessoa. E eu acabei cedendo, por alguns instantes e bom, na hora que minha mãe chegou, a Billie estava em cima da mesa, e eu estava em sua frente, com as pernas dela envolta de mim. - ela não parece tão surpresa assim afinal, o que me choca. Eu odeio a Eilish, e esse contato com ela deveria chocar as pessoas que sabem disso.

— Então, vocês finamente deixaram as diferenças de lado e ficaram? - ela pergunta

— Não, claro que não. Não rolou beijo nem nada, foi um pequeno momento de fraqueza, afinal, não é como se eu gostasse dela. - eu digo tentando encerrar esse assunto.

— Tão sem graça - ela diz com cara de tédio. — mas e a sua mãe?

— Então, continuando. Ela disse que nem mesmo isso eu levo a sério, e depois veio dizendo que não gosta de como nossa relação entre mãe e filha está. Porra, que relação? Nunca tivemos isso, e não vai ser agora que teremos. - eu me altero, e minha cabeça lateja. Droga. Esse é o efeito que minha mãe tem sobre mim

— Olha...Lua, eu sei que seus pais nunca foram os melhores pais do mundo, e que você sofreu muito por causa disso. Mas, eles estão dispostos a mudar isso agora, te recompensar... Eu acho que você deveria..- eu a corto

— Eu não acredito que você está tentando falar isso Mia, sério? Quer que eu os perdoe e de uma chance a eles? Depois de tudo que eu passei durante toda a minha infância? Me poupe - eu levanto do sofá, talvez rápido demais, vejo minha vista ficar turva, mas logo passa e eu me direciono até as escadas. Vida de quem tem pressão baixa, não posso parar até que volte 100%.

— Sim Lua, é exatamente isso. Poxa, pelo menos pensa no assunto, eles podem mesmo ter mudado e talvez esse seja o momento de se acertarem. - ela diz, logo atrás de mim, me seguindo pelas escadas. — Eu sei o quanto foi foda pra você, e sei que tomar essa decisão não vai ser fácil. Mas todo mundo merece uma segunda chance

  Eu paro, e respiro fundo. Me viro pra ela, que estava dois degraus abaixo de mim.

— Eu não sei se estou pronta pra isso. Porém, vou tentar pensar por esse lado. Mas por favor, chega de falar desse assunto, pode ser? - eu a olho, e ela concorda sorrindo.

— O que acha da gente assistir um filme? Talvez série, já sei.. - termino de subir as escadas, e ela também

— Black list - dissemos em uníssono. Eu amo essa série com todo o meu ser. Vai ser foda por conta da dor de cabeça, mas essa série vale o esforço.

— Só temos que arrumar uma coisinha - eu digo quando chegamos na porta do meu quarto

— O que? - ela pergunta descontraída

— O quarto todo - eu abro, e deixo que ela entre. Vendo todas aquelas garrafas, baseados, roupas espalhadas, que eu nem sei porque espalhei. Além de algumas comidas que estavam por ali

— Fala sério, que nojenta - ela diz, eu dou um tapa em seu braço, a repreendendo. Ela ri, me levando junto.

[...]

  Acordo. Droga, não queria ter dormido, vou ter que voltar os episódios até qual eu me lembro.

Olho do meu lado, e vejo a Mia dormindo de boca aberta. Parece até que ela bebeu pra cacete na noite anterior, e não eu.

Levanto, estou com a boca seca, então vou descer pra pegar um copo de água. Olho meu celular, e vejo mensagens daquele mesmo número desconhecido, ignoro.

Saio do quarto, que agora graças a Mia e a mim, estava limpo. Minha cabeça também estava bem melhor, e estava com certa fome, só tinha comido a pipoca que a Mia fez, e detalhe, ela conseguiu queimar a pipoca.

Chego na cozinha, e pego um copo, colocando água gelada no mesmo. Tomo um pouco, deixando o copo por ali. Pego pão, maionese e frango desfiado pra por dentro.

Termino de fazer meu sanduíche, dou a primeira mordida e o interfone toca. Atendo, e pergunto quem é, mas fico sem resposta. Atender a porta sem saber quem era, é perigoso? Sim, mas eu amo o perigo.

Penso por um instante em como estou vestida, pés descalços, camiseta larga, e minha samba canção. Uau, estou irresistível. Sorrio com o pensamento. Abro a porta e dou de cara com a

— Eilish? O que você tá fazendo aqui? - eu pergunto, me encostando no batente da porta.

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  Mais um capítulo. Dois em um dia só, é raridade em. Então não esqueçam de votar e espero que tenham gostado! ❤️

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