Capítulo 9 - Aparando a juba

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— Deixe-me perguntar uma coisa — começou Atlas, quando ele e Renan jogavam videogame. — Você acha que beijou uma fêmea quando foi na casa minha irmã? — e soltou um risinho debochado.

— Eu tenho certeza de que era uma fêmea!

— É mesmo?

— Eu tirei a venda — revelou.

Atlas questionou-se como seria possível se as mãos eram atadas atrás das costas justamente para que isso não ocorresse.

— Esfreguei meu rosto no ombro — revelou.

— Oi?! — ficou pasmo. — Boa tarde, raposinha!

— Boa tarde — Renan deu risada da expressão de Atlas. — Tinha vários leões na casa, incluindo você. E duas raposas apenas. Eu tirei a venda para ter certeza de que não ia beijar um certo alguém por engano.

— Minha irmã não faria isso — falou Atlas. — Relaxa.

— Mesmo assim — continuou Renan. — Fiquei desconfiado assim que o jogo começou e tirei a venda depois que colocaram Ana Lúcia no closet e fecharam a porta.

— Então quer dizer que você não beijaria um cara? — desafiou Atlas.

— Não! — falou Renan. — A não ser que estivesse valendo alguma coisa.

— Tipo...?

— Uns duzentos reais seria ótimo — e riu. — Não vai me dizer que você beijaria um cara — provocou a raposa com olhar malicioso.

— Bem...

— Ah! Você é! — provocou a raposa com um sorriso malicioso. O leão deu um soco amigável no ombro da raposa. — Vou pegar uma água — levantou-se e foi até a geladeira.

Ambos os rapazes estavam sem camisa e suados pelo calor. O ventilador amenizava um pouco, mas para Atlas não estava ajudando. Sua juba estendida aquecia o corpo e o fazia suar, sentia como se sua pele estivesse queimando ao redor do pescoço. A fadiga era frequente em tempos de calor. Pensava em aparar a juba para deixar seu corpo mais fresco, contudo, os comentários de amigos e colegas de trabalho eram de que a juba o deixava atraente. De que adianta ser atraente se vai ficar assando debaixo de todo esse pelo?

— Me traz uma garrafa também — pediu a Renan quando viu a raposa ir à cozinha.

— Apare logo essa juba — disse a raposa. — Vai ficar aí morrendo e eu não tenho força nenhuma para te carregar. Você pesa o quê? Uns noventa quilos?

Renan trouxe a garrafa d'água bem gelada para Atlas, que a tomou em poucos goles. A cabeça do leão doeu por tomar muito rápido a água gelada. Jogou-se no sofá que estava sentado, deixando a garrafa d'água sobre a mesa de centro.

A raposa ficou preocupada, mas o leão fez um sinal com a mão de que estava tudo bem. Demorou um tempinho para que o leão se erguesse no sofá e fosse ao banheiro.

— Ei, Renan — chamou do banheiro. — Vou ao salão da minha tia, quer me acompanhar?

— Bom... seria bem chato ficar aqui sozinho, não? Claro que vou!

Atlas banhou-se e saiu com a toalha grossa enrolada ao redor da cintura. A ponta da cauda pingou água por onde ele andou. Entrou no quarto e trocou-se rapidamente, Renan esperou do lado de fora do quarto.

— Cadê sua camisa? — questionou o leão ao ver a raposa com o peito ainda nu.

Renan olhou para si e ficou desconcertado. — Já vou pegar! — deu uma risada e pegou sua camiseta regata no outro quarto. Atlas também estava com uma camiseta regata. Percebeu que a juba estendida criava volume por baixo da camisa. Logo o leão estaria suando de novo.

Coração Quente (Volume 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora