Capítulo 4 - Aproveitando a folga para conversar

274 30 13
                                    

Acordando bem cedo, Renan saiu da cama e foi até a cozinha. Abriu a geladeira onde encontrou uma variedade de alimentos e bobagens comestíveis. Sua mão tremia de animação, desejando uma coisa ou outra e acabava voltando no meio do caminho. Há quanto tempo não comia uma barra de chocolate? Pegou a garrafa d'água e fechou a porta, cortando os seus desejos em obter alguns daqueles alimentos sem a permissão de seu dono.

Pegou o copo que estava no escorredor de louça, encheu-o com a água fria da garrafa e bebeu. Além do copo, também havia água em seus olhos, lembrando que a geladeira de sua casa tinha apenas uma marmita meio comida e algumas garrafas d'água congeladas.

Limpou o copo após beber da água fresca e deliciosa que havia na garrafa. Passou os dedos ao redor das pálpebras para limpar a água de seus olhos que a triste lembrança lhe trouxe.

Ouviu os passos do leão pelo corredor. Os pés descalços tocando o chão frio da manhã. O bocejo foi audível quando o grande felino estava próximo do fim do corredor e todo o seu tamanho surgiu para a cozinha. A boca era grande em seu rosto e, quando aberta, descobriu que era maior do que pensava. Os dentes amarelos com os caninos grossos como facas. Nem parecia que dentes daquele tamanho cabiam na boca. A língua então... não sabia que era tão larga.

O tamanho de Atlas impressionava Renan e não apenas isso, como também o formato de seu corpo. Era um macho alto, forte e largo, não apenas o peito, mas a barriga também. O felino possuía uma barriga larga, mas não a ponto dele ser chamado de gordo. Parrudo era o que se encaixava melhor ao leão. O pelo escuro e volumoso da juba contribuía para o tamanho. Uma juba que se iniciava na cabeça, contornando-a — como é o básico em leões — e se estendia pelo peito, percorria a barriga e chegava à virilha. Será que chegava às suas partes íntimas? Tinha curiosidade, mas também tinha medo de saber e, quando pegava-se pensando nisso, já não queria mais saber. Sou macho, cacete, pensava para si mesmo para espantar tais pensamentos. O felino usava apenas o seu short de algodão flexível e uma cueca por baixo. O pelo escuro era presente também nos cotovelos e nas axilas. A ponta da cauda também apresentava esse tufo de pelos escuros.

Atlas foi até o escorredor de louças, dando "bom dia" a seu amigo raposa — que retribuiu igualmente — e pegou um copo. Foi até a geladeira, abriu a porta e vasculhou um pouco o que tinha lá. Encheu o copo com leite e o tomou. Depois lavou o copo sujo na pia. Virou-se para a raposa que o observava com admiração e um pouco de medo.

— O que foi, amigo? — perguntou preocupado.

— Nada, não — respondeu. — Eu posso comer um chocolate daqueles ali? — pediu.

Com um aceno de cabeça, o leão permitiu e a raposa deu um largo sorriso no rosto, indo até a geladeira e escolhendo um chocolate. Pegou o maior por impulso, mas depois voltou atrás, imaginando o quão mal-educado seria se o pegasse. Devolveu-o e pegou outro menor.

— Então, senhor leãozão — começou a raposa. — Como aproveita seus domingos?

— Antigamente, eu ficava com a namorada, mas agora ela virou minha ex — contou. Caminhou até o sofá e se deitou. — Nossa! Agora eu me lembro que eu me deitava exatamente nessa posição no sofá e ela se deitava junto comigo.

— Você já fodeu com ela nesse sofá? — a raposa apontou para o móvel, surpresa.

— Algumas vezes — confirmou o leão. — Mas vamos falar de outra coisa, que tal?

— Por que ela te largou? — perguntou curioso.

— Bem ela... — ele ficou em silêncio por um tempo longo, olhando para a mesa em que estava a televisão. Estava olhando para um objeto que havia ali. — Ela me deu aquilo ali no meu aniversário. Aquele colar de leão, mas ele sempre acabava se escondendo na minha juba, foi então que comecei a usar ele como uma pulseira, assim ele não ficava escondido.

Coração Quente (Volume 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora