Capítulo 6 - A visita

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Atlas apressou-se para abrir o portão e deixar sua mãe entrar. Uma leoa mais baixa que ele e pouco mais alta que Renan, com rugas na face pela idade, entrou conversando com o filho de juba escura.

Renan estava com o coração acelerado por estar sem camisa, todo sujo de restos de salgadinhos sobre o pelo, prestes a receber a visita inesperada da mãe de Atlas. A raposa levantou-se rapidamente e bateu no pelo para tirar a sujeira a tempo de receber a mãe de seu amigo. Será que daria tempo de colocar uma camisa?

A leoa entrou e ficou surpresa ao ver a raposa na sala. Ela carregava algumas sacolas de plástico, indicando sua ida ao mercado para comprar ingredientes para jantar.

— Você é o Renan? — questionou ela, dando um sorriso. — Meu filho estava falando de você.

O jovem macho de pelo vermelho corou, tímido ao ser visto sem camisa por uma fêmea de respeito. Ela foi até ele e estendeu os braços para um abraço. Ele fez o mesmo e eles deram um rápido abraço.

— Eu sou Dona Maria, prazer em conhecê-lo, Renan — falou a leoa ao abraçar a raposa.

Ela falou que precisava fazer uma janta por estar com fome e imaginou que os rapazes também estavam. A raposa olhou para o leão que estava desconcertado com a visita inesperada da mãe. Também ficaria se sua mãe o visitasse de repente tendo seus amigos em casa, pensou Renan.

Ela foi para a cozinha rapidamente enquanto falava sobre o passado de Atlas.

— O que você gosta de comer, Renan?

— O que estiver disponível, Dona Maria — estava receoso em responder suas comidas preferidas.

— Deixe de bobagem — Dona Maria separou as compras sobre a mesa, pensando no que preparar. — Eu trouxe aqui um macarrão, carne de frango*, bastante queijo... imagino que o gatão do meu filho aqui ficou comendo só tranqueira o dia todo, não ficou?

Renan deu uma risada de ansiedade, sem saber o que responder a ela. A mãe virou-se para o filho e ambos começaram uma discussão. Aquilo o lembrou da própria mãe. Será que ela estaria bem? O que estaria fazendo?

— Trinta anos na cara, um macho feito e ainda tem preguiça de fazer a janta — reclamou ela, tirando as panelas do armário. — Coloque água na panela — ordenou a Atlas enquanto abria os pacotes. — Então, meu querido — ela tornou para Renan, com a voz amável dessa vez. — O que você faz da vida?

Renan informou o que ele era em seu emprego e o que fazia. A leoa fez um "hum" prolongado.

— Esse emprego paga bem pouco, não paga? A pior parte de ter um emprego que paga pouco é que não dá para morar sozinho — ela pegou um isqueiro e foi até o fogão, acendeu uma das bocas e Atlas colocou a panela cheia d'água sobre ela.

Dona Maria abriu o pacote de macarrão e colocou todos os tubos dentro da panela. O macarrão derreteu conforme a água se aquecia e, enquanto isso, a leoa preparava os outros ingredientes para adicioná-los à panela. Atlas ajudou preparar a comida, lavando os ingredientes e os cortando.

— Tem meses em que fica um pouco apertado — falou a raposa enquanto a mãe de seu amigo cozinhava.

— E você não tem nenhum amigo que more perto para vocês morarem juntos e dividirem as contas? — questionou ela. — Na minha época de faculdade, eu dividia uma casa com alguns colegas para conseguirmos pagar o aluguel.

— Eu... — Renan ficou em silêncio por um instante, constrangido. — Meus amigos moram longe e eu não quero incomoda-los.

— Incômodo, moço? É só vocês conversarem, jovenzinho, e tudo se resolve. Converse com algum amigo seu para ver quem pode dividir uma casa com você para as contas ficarem mais leves. Pode ser até com esse gatão aqui — apontou para o próprio filho.

Coração Quente (Volume 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora