Capítulo 10 - Passeio

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Atlas arrumou um colchão para poder dormir na casa de Renan. Um colchão fino que podia ser enrolado e facilmente transportado.

Levou também o videogame e o notebook para poderem jogar. Além disso, aproveitou a folga da raposa para darem uma volta na Orla Morena. Encontraram quase todo o grupo de rpg sentado nas grandes escadas. Um lobo-guará, duas capivaras e uma ariranha, se levantaram para recebê-los. Renan foi recebido com grata surpresa, já que boa parte do grupo ainda não o vira.

Caminharam pela Orla Morena enquanto falavam sobre rpg e o futuro que queriam para seus personagens. Ser o maior mercador do mundo, o maior galanteador, o capitão da maior frota pirata eram algumas das pretensões.

— O meu guerreiro luta contra as injustiças do mundo. As coisas mais clichês dos heróis guerreiros de rpg — falou Atlas.

— Ei, grandalhão — chamou Lúcio, a capivara que vestia a camisa amarela. — Fez a juba, foi? Julieta vai adorar esse corte.

— Eu espero que sim!

— Está parecendo até aquele vilão bonitão do filme dos leões — comentou a capivara.

— O Scar?

Os amigos todos concordaram. A juba estava levemente mais baixa. Todos repararam. Sua tia ainda havia deixado um pouco da juba no peito, pensando na namorada e que um peito mais peludo fosse mais charmoso. Ou só porque o seu personagem favorito tinha um pouco do peito enjubado também.

— A diferença é que você é mais largo e mais corpudo que ele — acrescentou a capivara. — E levemente, mas coisa bem leve mesmo, de barriga mais cheinha. Será que a Julieta não vai se assustar com um leão desse tamanho todo? — questionou a capivara.

— Claro que não — respondeu a outra. — Ela é mais macho que ele se duvidar.

— É mesmo? — fez a outra.

— Ela é bem durona — confirmou Atlas. — Delicada é só o que o nome aparenta.

Eles ficaram surpresos ouvindo aquilo.

— Será que não é ela que vai comer você? — questionou o lobo-guará, lançando um sorriso malicioso.

— Se deixar, ela come todo mundo aqui.

— Eita, moço! Calma lá — defendeu-se o lobo-guará. — Já sou comprometido. Não posso aceitar assim de qualquer jeito, não.

Todos eles deram risada do lobo-guará.

— E a sua namorada? — questionaram a raposa. — Ela é como, Renan?

Renan ficou pensativo por um tempo, o que fez com que os outros desconfiassem.

— Calma lá, meus senhores, ela é muitas coisas. Deixe-me pensar em como eu posso...

— Ah, pare, Renan — falou a capivara de camisa amarela. — Fale a verdade, você não tem. Ninguém vai ficar bravo com você se falar.

— Eu tenho sim — defendeu-se a raposa. — O nome dela é Ana e ela... é igual a mim.

— Igual? Ou seja, a fêmea é você e não ela — o lobo-guará falou maliciosamente, o que deixou a raposa um pouco irritada. — Mas fala aí! Continua, pô!

— Ela gosta bastante de escrever, trabalha em um mercado e joga jogos de corrida — continuou Renan, o que fez os rapazes olharem para ele com suspeita. — O que foi? É sério! Ela tem videogame e eu pego emprestado com ela para jogar depois.

— Sei...! — falou Galgo, desconfiado. — Mas e aí? Como ela é?

— Amarela. Um pouco mais baixa. Meio elétrica. Não gosta de ficar parada em um só lugar...

Coração Quente (Volume 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora