Capítulo 24 - Descobertas

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— O que você descobriu? — quis saber Atlas. Os olhos do felino brilhavam de curiosidade.

— Eu pesquisei em alguns jornais e cada um conta uma versão da história — contou a onça-pintada.

Os dois felinos estavam sentados à mesa, bebendo água, enquanto esperavam a raposa retornar com pães e leite. Pediram isso para que pudessem ficar a sós por um momento.

— Há um jornal que diz que ele é dependente químico e fugiu da família, tem outro que diz que a família dele o botou para fora de casa, tem outro que diz que ele sofreu um acidente. Tem outro que diz que ele sofreu abuso e coisas do tipo. Só que eu liguei para um primo que mora por lá e ele me contou o que aconteceu de verdade.







Março de 2011


Roberto caminhou até o posto de saúde reclamando de uma dor de barriga. O médico fez as perguntas rotineiras e descobriu que a dor de barriga era por conta da comida que ingeriu na noite anterior.

Houvera uma festa na noite anterior e ele ficou animado — até demais. A resposta foi a diarreia no dia seguinte. O médico lhe deu alguns dias de atestado. Aproveitou os dias de atestado assistindo TV e jogando videogame sempre que podia.

Assim que seu corpo ficou melhor, ajudou a mãe nas atividades de casa. Quando foi a hora de voltar ao trabalho, ele voltou. Seus colegas perguntaram o que havia acontecido com ele e contou a eles.

Vez ou outra, a mãe visitava os avós e o levava junto. Ele nunca queria. Sempre que possível, ficava em casa. Gostava da avó, mas nem tanto do avô. O que ele queria? Encher a paciência?

Após ficar melhor de saúde, sua mãe insistiu para que fosse com ela visitar os avós. Ele aceitou e, chegando lá, o avô começou a falar coisas que a raposinha não gostava. Em vez de ficar quieto, respondeu a seu avô todos os insultos que dissera e foi embora para casa.

Sua mãe voltou um tempo depois e eles discutiram sobre o que aconteceu na casa dos avós. A tensão não ficou menor depois da conversa e o avô visitou a casa deles pelo menos uma vez na semana, o que deixou as coisas bem tensas.

O avô só parou de fazer visitas à casa por volta de julho.







Agosto de 2011


A mãe de Roberto entrou em contato com o pai da raposa, questionando sobre a falta que ele fazia no filho. Tudo o que tinha em resposta eram bufadas e desdém. Roberto não ligava para o pai da mesma forma que o pai não se importava com ele.

O que fazer quando o seu pai não se importa? Simples, também não se importe. Foi essa a solução encontrada pela raposa, no entanto, a mãe discordava dessa solução.

— Ele é seu pai — dizia a mãe. Mas de que isso adiantava?

O avô apareceu em um desses momentos.

— Moleque ingrato da peste — dissera o avô. — Não quer conversar com o pai. Só quer saber de televisão e videogame. Quero ver a hora que ficar sem mãe e sem pai. Vai fazer o que da vida?

Coração Quente (Volume 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora