Capítulo 16 - Ao cair da noite

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Chegou por trás dos rapazes e segurou as caudas de ambos. Os dois machos pularam do banco de susto. A fêmea riu, divertindo-se com o susto que deu neles.

— Esses rabinhos enrolados — comentou. — De longe, parecem um casal.

— Somos só amigos — defendeu Renan.

— Sei... — ela entoou de forma maliciosa, dando a entender o duplo sentido de seus pensamentos. — Quem me garante que já não se pegaram antes?

Renan enrubesceu, as orelhas murcharam e a cauda ficou flácida, o olhar direcionou ao chão. Julieta deu um tapinha amigável em seu ombro.

— Eu estou só brincando, não precisa ficar todo envergonhado assim. Nem parece que é um macho — ela puxou-lhe a orelha e ele deu um "ai" em seguida. — Vamos para casa, que tal?

Caminharam de volta ao carro e Atlas dirigiu para casa. Renan avisou que não havia roupas para que pudesse trabalhar amanhã, Atlas ofereceu carona para leva-lo para casa no dia seguinte e depois para o trabalho.

Ao chegarem na casa do leão, Julieta pegou suas roupas sujas e foi para a lavanderia que ficava do lado, nos fundos. Por serem poucas, colocou-as no tanque, abriu a torneira e o encheu com água. Colocou um tampão no ralo para a água não escoar enquanto lavava as roupas.

Atlas apareceu um tempo depois, sorrindo. Aproximou-se, puxando-a para mais perto carinhosamente. Inclinou-se para baixo até que seus lábios se encontraram em um beijo.

— É muito fofo o que você vai fazer pela raposa — falou ela. — Vocês parecem até amigos de infância.

— Bem... — Atlas coçou a juba. — É que ele tem uns probleminhas.

— Tipo...?

— Pobreza!

Atlas foi até a porta verificar se Renan não estaria por perto.

— Eu também sou pobre, meu amor — defendeu-se Julieta.

— Galgo e eu descobrimos que ele estava passando fome.

Julieta parou de esfregar sua roupa no tanque para ouvir. Seu corpo ficou letárgico e seus olhos se fixaram nos olhos amarelos do leão.

— Compramos algumas coisas para que ele pudesse fazer a própria comida — prosseguiu.

— Ele mora sozinho? — as palavras saíram rápido de boca mais alta em uma oitava, revelando a preocupação que sentia.

— Sim — revelou. — Não há quem more perto dele. Minha irmã diz que ele tem depressão, pela breve olhada que deu e...

— Você quer ajudar ele no que for possível — completou Julieta. — Você tem alguma coisa na cabeça, mas não quer falar. Vai lá, grandão. Me conta.

— Não sei direito, ainda — foi o que conseguiu dizer. — Mas... — se aproximou dela, repousou sua mão grande sobre a cabeça dela, acariciou-a gentilmente. — Fico muito feliz que você voltou. Eu não via a hora de te ver novamente.

— Eu também não via a hora de sentir seus abraços de novo, grandão — ela tirou as mãos da água e o abraçou. Ele a abraçou de volta, envolvendo-a com seus braços fortes. A juba fez cócegas em Julieta. Era macia como um travesseiro. Ela sentiu os lábios dele tocarem o topo de sua cabeça, seguido de algumas lambidas.

Deu um empurrão leve para afastá-lo, mas a força dele fez com que continuassem na mesma posição. Conseguia sentir o peito largo e musculoso dele, a barriga larga — que sempre lhe dava a impressão que ele fosse pançudo, mas não era. O membro rígido por baixo da bermuda...

Coração Quente (Volume 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora