Na casa de Atlas, Julieta tomou mais alguns goles do café que havia na jarra. Ficou com preguiça de fazer almoço e comeu apenas os pães que o leão comprou na conveniência.
Sentiu-se dolorida após o ato libidinoso. Foi se recuperando com o passar do dia. Tirou seus papéis da faculdade da mochila e leu alguns textos. No meio da leitura, escutou a campainha tocar. Levantou-se da mesa da cozinha, deixando os papéis sobre ela. Caminhou até a janela e afastou a cortina para ver o portão da casa.
Em frente ao portão estava a raposa de sexo masculino que conheceu não havia muito tempo. A respiração pesada dele lhe dizia que andou por um tempo até chegar ao portão.
Julieta pressionou o botão escuro escrito "portão" ao lado do interruptor da sala. Ouviu o característico "clap" que indicou que o portão se abriu e deixou a raposa entrar.
Ela voltou à cozinha e retomou sua leitura. A porta se abriu e a raposa entrou com a respiração pesada. O pelo úmido de suor por andar no calor da tarde.
Renan deixou a mochila sobre o sofá e foi até a geladeira. Pegou uma garrafa d'água, abriu-a e bebeu o líquido da boca da garrafa.
— A água está bem gelada, então, beba devagar — alertou Julieta. O avisou chegou tarde, pois a raposa parou de beber água, rangeu os dentes com o focinho franzido, as orelhas abaixadas e as mãos fazendo força na garrafa. Gelou a cabeça, soube.
Renan precisou de um momento para se recuperar do gelo que recebeu na cabeça por beber água rápido demais. Julieta bateu a mão sobre a mesa, olhando para a raposa, convidando a se sentar junto a ela. Aceitou o convite e sentou-se na cadeira, ficando de frente para ela.
— Você não está de férias? — questionou Renan.
— Sim, mas preciso adiantar algumas leituras — explicou. — Vou começar um trabalho mais complexo no ano que vem.
— É o tal do TCC, não é?
— É esse mesmo — confirmou. — Mas não vou conseguir terminar a leitura agora.
— É por que eu estou aqui? — a raposa ficou enrubescida de vergonha.
— Não! O seu amigo, vulgo meu namorado, acabou comigo fisicamente — informou ela, soltando o ar dos pulmões. — Ele acha que eu tenho resistência alta. Eu aguento uma fodinha por vez — reclamou. A forma como ela disse fez com Renan soltar uma risada. — Mas menino... Alguém tem que puxar o rabo dele para aquietar esse fogo. Água não vai apagar.
Levantou-se, andou até o sofá onde sua mochila se encontrava do lado oposto à de Renan, puxou seu notebook e retornou à mesa, mas sentando-se ao lado de Renan dessa vez.
— Quer ver uma coisa legal? — ela passou o cursor por pastas e arquivos e mostrou as fotografias da viagem que fez.
Renan admirou as imagens, os olhos da raposa brilharam como os de uma criança ao ver um doce. Questionou à onça-pintada uma coisa ou outra e ela contou. Contou quem eram as pessoas em cada foto, quando as tirou e onde estava.
— Deve ser legal fazer uma viagem assim — falou Renan, baixando o olhar para a mesa. O olhar triste no rosto.
— Quando você vai tirar férias? — quis saber Julieta.
— Daqui duas semanas — ouvir aquilo fez as orelhas da fêmea se erguerem de animação. — Por quê? — o gesto involuntário dela não passou despercebido e Renan virou-se para ela, curioso.
— O Atlas te contou que vai precisar de ajuda na chácara do tio?
— Não!
— Ele me chamou para ir, mas precisarei visitar minha avó — falou. — A véia gosta muito de mim e eu não posso deixar de vê-la. Ela fez muita coisa por mim.
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Coração Quente (Volume 1)
RomanceAtlas, um grande leão de juba escura, torna-se amigo de Renan, uma raposa, depois de jogarem um jogo de fantasia que jogam online. Ao se conhecerem pessoalmente, Atlas descobre as dificuldades do amigo e tem a ideia de acolhe-lo.