Capítulo 14 - Abraços

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A casa da raposa não foi o único local em que os dois machos trocaram beijos. Renan foi para a casa do leão, onde havia mais conforto, principalmente no sofá. A raposa era carinhosa com o leão, alisando suas costas largas e sua juba. O leão fazia o mesmo com ela como se beijasse uma fêmea. Não sentiu diferença entre beijar uma garota ou um garoto. Tudo era questão de tato.

A animação tomou conta do leão. A mão deslizou pelas costas da raposa, indo até o quadril. Puxou levemente o short e a cueca para baixo, mas foi interrompido com um tapa da mão da raposa. O beijo se dissipou. Renan se afastou do leão, pasmo pelo rumo que tomavam.

— Calma lá, grandão! Calma lá! — disparou a raposa logo que parou o beijo. — Você está indo rápido demais.

— Desculpe — pediu o leão, Atlas se afastou um pouco de Renan.

Ajeitaram-se no sofá, sentando-se cada um em uma divisória, ficando lado a lado.

— Eu nem percebi que... Foi o fogo. Acho melhor pararmos por aqui ou vou ficar animado demais.

Renan soltou um suspiro. — É!

Atlas levantou-se do sofá, foi até a cozinha, onde tirou uma garrafa d'água da geladeira para refrescar a garganta e o corpo, que ficou úmido de suor com o calor que fazia. A juba escura dava a sensação de queimação, a pele ardia em torno de seu pescoço. Pensou em voltar à sua tia para aparar um pouco mais a juba. Não valia à pena manter uma juba grande em troca de ter a pele assada, pensou.

Pegou um copo e serviu-se com a água da garrafa. Voltou para a sala com o copo e a garrafa, servindo um pouco a Renan, entregando-lhe o copo e deixando a garrafa sobre a mesa de centro. Sentou-se novamente no sofá, ao lado de Renan. O braço forte e musculoso do leão passou ao redor dos ombros da raposa, que se virou para o amigo com um olhar desconfiado. A boca curvada em um sorriso malicioso.

— Acho que você é um cara ciumento — falou a raposa.

Ciumento? Eu? — o leão ficou pasmo e a raposa se divertiu escutando aquilo.

— O que seu braço está fazendo aqui? — Renan apontou para o braço do leão ao redor de seus ombros.

— É que você é o meu parça — Atlas puxou-o para mais perto, prendendo-o com um braço e a mão livre fez um cafuné na cabeça da raposa. Por fim, deu-lhe um beijo na cabeça. Afrouxou o aperto e deixou a raposa mais livre, contudo, o braço ainda repousava ao redor dos ombros dela.

— O seu parça? — a raposa destacou a palavra, dando uma risada e o leão riu também.

Subitamente, Renan foi atacado no topo da cabeça com fungadas das narinas do leão seguidas de beijos.

— Cheiroso — comentou o leão, esfregando o queixo no topo da cabeça da raposa. Sentiu o pelo curto do canídeo tocando-o e as orelhas se abaixarem.

A raposa sentiu em seu rosto a escura juba do leão. Macia, meio lisa, com cheiro de shampoo. Acariciou-a e depois o afastou um pouco. Gostava da sensação do pelo grande de seu amigo, contudo, gostava ainda mais de respirar e ficar com o nariz naquela juba toda lhe tirava o ar.

A mão de Atlas pousou a mão sobre o peito de Renan. Deslizou-a pela região do peitoral do canídeo, sentiu os músculos esguios e o calor do corpo. Tocar a raposa deixou o leão em estado de êxtase, com os pensamentos levando-o ao passado e ao presente. Lembranças dos corpos que já acariciou e do corpo que acariciava agora. Qual era a diferença? Claro que havia a diferença do formato, do tipo do corpo, da sensação, mas... todas elas eram boas.

Lembrava-se de passar a mão no peito de alguém e havia volume nos seios que ele se lembrava. A mão afundava entre eles. Aqui, no entanto, havia muito pouco volume. Eram músculos esguios de um canídeo esguio. Deslizou a mão para a barriga, ligeiramente crescida por estar comendo bem, e sentiu os músculos se contraírem em espasmos e risadas descontroladas da raposa.

Coração Quente (Volume 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora