Capítulo 17 - Convite

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O leão e a raposa — um mais sonolento que o outro — entraram no carro. Renan deixou sua mochila no banco de trás e avisou ao leão cada semáforo em que paravam.

— A noite foi boa ontem — comentou a raposa.

Atlas deu um sorriso de orelha a orelha. Seus dentes ligeiramente amarelos surgiram tímidos por baixo dos lábios escuros. A felicidade iluminava o rosto do grande felino, deixando-o mais dourado. As memórias fizeram o leão soltar um enorme suspiro de alívio.

— Você não faz ideia de quanto tempo esperei por aquele momento — falou o leão com a postura relaxada ao se lembrar da noite de prazer.

— Deve ter sido a noite — continuou a raposa. — Deu para escutar sua felicidade lá do quarto.

— Deu, é? — as bochechas ficaram quentes e rígidas de timidez.

— Você soltou uns rugidos à noite — informou. — E demorou um tempinho para parar.

Atlas soltou uma risada leve. — Aproveitei bastante! Sabe-se lá quando vou conseguir ter uma noite assim de novo.

— Hoje? — sugeriu a raposa. — Amanhã? Ela ficar na sua casa por um tempo, então vocês terão muito o que aproveitar. Olha o sinal vermelho.

O leão parou o carro de modo suave no semáforo que não conseguia ver por conta do teto baixo.

— Quanto tempo ficou na seca? — quis saber a raposa.

— Uns meses — contou. — Acho que quase um ano.

Renan ficou com os olhos arregalados de surpresa. — Nossa senhora! Então você deve ter derramado uma caixa de leite inteirinho de leite de leão em cima dela.

Ouvir aquilo fez o felino soltar uma risada. — Deve ter sido — falou. — Eu não costumo gozar em cima de alguém.

— Só em baixo — acrescentou Renan. Os dois riram.

— Eu gosto de despejar meu leite dentro — contou o leão. — Acho mais gostoso.

— Mas vocês não usam...?

— Sim, usamos camisinha. Até porque é mais seguro. — ficou um instante em silêncio. — Sabia que a língua de um felino é áspera e tem uns ganchinhos que levam para dentro da boca? — questionou. — Tem gente que odeia receber lambidas porque diz que arde.

— Não senti isso quando você me lambeu — Renan falou.

— É que eu não lambi o suficiente.

O carro parou em frente à casa de Renan. Os dois ficaram no carro por um tempo. A raposa ficou em transe por um momento, aquele característico transe reflexivo antes de sair para trabalhar.

Atlas saiu do carro primeiro, o que forçou Renan a criar coragem para sair em seguida. Pegou a mochila, tirou a chave de sua casa do bolso lateral e abriu a porta. Renan entrou primeiro e Atlas em seguida, fechando a porta atrás de si.

A raposa sentiu a grande mão do leão repousar em sua cabeça, acariciando-o. A mão deslizou para o ombro e o massageou.

— Tenho que me apressar — falou a raposa, indo para o quarto em passos apressados.

— Relaxe — falou o leão. — Eu te levo ao serviço hoje.

O felino foi logo atrás. No quarto, a raposa procurou por seu uniforme dentro da fileira de roupas. Encontrou-o rapidamente. Atlas sentou-se sobre a cama, observando a raposa.

— Ei — chamou Atlas. Renan virou-se para o leão. — Chega mais! — estendeu o braço e convidou-o a sentar ao seu lado na cama.

Renan soltou uma risada num suspiro e sentou-se ao lado do leão, que o envolveu com o braço e o puxou para perto. Recebeu um beijo daquela boca grande em sua cabeça. Sentiu o corpo dele pressionado ao seu. O braço dele o segurava com força e com gentileza. Os olhos amarelos brilhando com as pupilas dilatadas, os lábios flexionando com o movimento da língua vez e outra, os molhando com saliva.

Coração Quente (Volume 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora