O leão e a raposa — um mais sonolento que o outro — entraram no carro. Renan deixou sua mochila no banco de trás e avisou ao leão cada semáforo em que paravam.
— A noite foi boa ontem — comentou a raposa.
Atlas deu um sorriso de orelha a orelha. Seus dentes ligeiramente amarelos surgiram tímidos por baixo dos lábios escuros. A felicidade iluminava o rosto do grande felino, deixando-o mais dourado. As memórias fizeram o leão soltar um enorme suspiro de alívio.
— Você não faz ideia de quanto tempo esperei por aquele momento — falou o leão com a postura relaxada ao se lembrar da noite de prazer.
— Deve ter sido a noite — continuou a raposa. — Deu para escutar sua felicidade lá do quarto.
— Deu, é? — as bochechas ficaram quentes e rígidas de timidez.
— Você soltou uns rugidos à noite — informou. — E demorou um tempinho para parar.
Atlas soltou uma risada leve. — Aproveitei bastante! Sabe-se lá quando vou conseguir ter uma noite assim de novo.
— Hoje? — sugeriu a raposa. — Amanhã? Ela ficar na sua casa por um tempo, então vocês terão muito o que aproveitar. Olha o sinal vermelho.
O leão parou o carro de modo suave no semáforo que não conseguia ver por conta do teto baixo.
— Quanto tempo ficou na seca? — quis saber a raposa.
— Uns meses — contou. — Acho que quase um ano.
Renan ficou com os olhos arregalados de surpresa. — Nossa senhora! Então você deve ter derramado uma caixa de leite inteirinho de leite de leão em cima dela.
Ouvir aquilo fez o felino soltar uma risada. — Deve ter sido — falou. — Eu não costumo gozar em cima de alguém.
— Só em baixo — acrescentou Renan. Os dois riram.
— Eu gosto de despejar meu leite dentro — contou o leão. — Acho mais gostoso.
— Mas vocês não usam...?
— Sim, usamos camisinha. Até porque é mais seguro. — ficou um instante em silêncio. — Sabia que a língua de um felino é áspera e tem uns ganchinhos que levam para dentro da boca? — questionou. — Tem gente que odeia receber lambidas porque diz que arde.
— Não senti isso quando você me lambeu — Renan falou.
— É que eu não lambi o suficiente.
O carro parou em frente à casa de Renan. Os dois ficaram no carro por um tempo. A raposa ficou em transe por um momento, aquele característico transe reflexivo antes de sair para trabalhar.
Atlas saiu do carro primeiro, o que forçou Renan a criar coragem para sair em seguida. Pegou a mochila, tirou a chave de sua casa do bolso lateral e abriu a porta. Renan entrou primeiro e Atlas em seguida, fechando a porta atrás de si.
A raposa sentiu a grande mão do leão repousar em sua cabeça, acariciando-o. A mão deslizou para o ombro e o massageou.
— Tenho que me apressar — falou a raposa, indo para o quarto em passos apressados.
— Relaxe — falou o leão. — Eu te levo ao serviço hoje.
O felino foi logo atrás. No quarto, a raposa procurou por seu uniforme dentro da fileira de roupas. Encontrou-o rapidamente. Atlas sentou-se sobre a cama, observando a raposa.
— Ei — chamou Atlas. Renan virou-se para o leão. — Chega mais! — estendeu o braço e convidou-o a sentar ao seu lado na cama.
Renan soltou uma risada num suspiro e sentou-se ao lado do leão, que o envolveu com o braço e o puxou para perto. Recebeu um beijo daquela boca grande em sua cabeça. Sentiu o corpo dele pressionado ao seu. O braço dele o segurava com força e com gentileza. Os olhos amarelos brilhando com as pupilas dilatadas, os lábios flexionando com o movimento da língua vez e outra, os molhando com saliva.
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Coração Quente (Volume 1)
RomanceAtlas, um grande leão de juba escura, torna-se amigo de Renan, uma raposa, depois de jogarem um jogo de fantasia que jogam online. Ao se conhecerem pessoalmente, Atlas descobre as dificuldades do amigo e tem a ideia de acolhe-lo.