— Não há motivos para preocupação, Andréia... — Kara começou, mas nem bem tinha terminado a frase Andréia veio correndo do hall. Quando viu o rosto branco de Lena, começou a choramingar em espanhol.
— Estou bem— disse-lhe Lena. — O carro caiu numa vala, foi só isso.
Andréia olhou para Kara. Aquilo não era tudo, mas sabia que não devia criar uma confusão.
— O que quer que eu faça, señora Kara? — Andréia perguntou.
— Vou levá-la para cima. Que tal me servir um uísque puro e trazer um vinho para Lena?
— Si, señora.
— Por que não posso tomar um uísque puro? — Lena perguntou.
Os olhos azuis de Kara procuraram os da morena e ela a aconchegou um pouco mais ao subir com facilidade a escada com aquela leve carga aninhada contra o peito.
— Você é apenas um bebê.
— Tenho 27 anos — lembrou-lhe.
A loira sorriu gentilmente.
— Como disse meu bem, um bebê.
O tratamento carinhoso fez a morena corar. Abaixou os olhos para sua camisa. Kara a tinha trocado antes do jantar. Esta era azul e cheirava a baunilha. Lena adorava ficar nos braços da loira. Se pelo menos pudesse lhe dizer isso e explicar por que tinha medo dela. Mas não podia.
Kara a carregou até o quarto e a pôs na cama, olhando avidamente a forma como o vestido vermelho e branco se moldava nos lugares certos. Não era decotado, mas fazia sobressair os seios altos da melhor forma possível, e só de olhá-los fazia doer.
Lena franziu a testa ante a expressão do rosto da loira.
— O que foi? — perguntou, com sinais de fadiga na voz macia.
— Nada... Daqui a pouco, Andréia vai trazer o seu vinho. É melhor tomar um banho quente e depois eu a levarei ao médico. Quero que seja examinada para ter certeza de que não houve nenhum dano.
Lena se sentou, os olhos arregalados.
— Kara, eu estou bem!
— Você não é médica e eu também não. Você levou um baita sacolejão e estava quase em choque quando a tirei daquele carro. — A teimosia transparecia em seu queixo. — Você vai. Ande depressa e mude de roupa. Use alguma coisa... — ela hesitou— ... menos sexy.
As sobrancelhas da morena se ergueram:
— Perdão?
Kara se virou em direção à porta.
— Vou telefonar para o médico enquanto toma banho.
Lena olhou para ela inexpressivamente.
— Não quero ir ao médico.
A loira apenas fechou a porta, sem dar atenção ao que ela queria ou não. Assumindo o controle, como sempre, irritou-se. Teve vontade de atirar objetos longe. Ela estava bem, será que Kara não podia perceber? Explodiu em lágrimas de contrariedade e foi para o banheiro. Ela se sentia como se os joelhos tivessem desaparecido.
Depois do banho, secou os cabelos e vestiu uma simples blusa branca e uma saia cinza, alegrando o conjunto com um lenço cinza e vermelho no pescoço. Ficou se perguntando porque a loira queria que ela usasse uma roupa menos sexy, e então seu coração falhou quando se deu conta de que ela devia ter achado o vestido vermelho e branco sexy. Sorriu acanhadamente. Era a primeira vez, desde o casamento, que Kara admitira achá-la atraente. Se pelo menos pudesse ter certeza de que ela não perderia o controle, teria tido coragem o suficiente para ir além do beijo.
Pegou o copo de vinho que Andréia tinha deixado e sorveu-o vagarosamente. Ela a beijara sim. E Kara ia se agarrar a isso até a morte. Mas a mesma estava abalada, e a morena queria confortá-la tão desesperadamente que suas inibições usuais não constituíram uma barreira entre elas. E o beijo tinha sido delicioso. Sua boca ainda vibrava com a doçura. E então se lembrou de por que tinha sido tão doce. Kara tinha permitido que toda a iniciativa fosse de Lena. A loira não tinha tirado o controle dela. Começou a cismar.
Uma batida na porta interrompeu suas ponderações. Abriu-a. Kara já estava com um ar impaciente.
— Como se sente? — perguntou.
— Estou dolorida... — ela começou.
— O médico está esperando. Vamos — Tirou-lhe o copo, colocou-o sobre a cômoda e escoltou-a para fora do quarto.
O médico que encontrara estava na sala de emergências do hospital. Lena sentiu-se nervosa e tensa porque mal chegara perto de um hospital desde o acidente na Irlanda, com exceção da ida ao Dr. John. Era um jovem médico chamado Hays, bem apessoado e bondoso e, obviamente, estava achando graça da impaciente preocupação de Kara.
— Vai se sentir dolorida por alguns dias, mas estou certo de que sua esposa ficará aliviada ao saber que não há nenhum dano permanente — disse após terminar o exame e ela ter respondido às perguntas pertinentes. — Apenas mais uma coisa: existe alguma possibilidade de estar grávida? — Ele perguntou calmamente, com a curiosidade despertada por ela ter enrubescido e Kara ter desviado o olhar. — Uma experiência como esta pode ter seus riscos...
— Não estou grávida — disse roucamente.
— Então vai ficar bem. Vou prescrever um relaxante muscular no caso de sentir tensão. Pode tomar um analgésico, exceto aspirina, para a dor e um pouco mais de descanso amanhã seria benéfico. Naturalmente, se tiver outros problemas, avisa-me.
Lena agradeceu, e Kara murmurou alguma coisa antes de acompanhá-la para fora do consultório e ao longo do hall para pagar a conta. Quando terminaram e se puseram a caminho de casa, eram quase oito horas e estava escuro.
Kara manteve-se silenciosa durante todo o trajeto. Lena sabia a razão. Tinha sido a pergunta bastante natural do médico sobre gravidez. Kara tinha ficado embaraçada e provavelmente irritada porque o assunto era um pomo de discórdia entre elas.
— Devia ter lhe dito que poderíamos incluí-la no Livro dos recordes se estivesse grávida — disse a loira entre dentes ao estacionar o carro na entrada e desligar o motor.
Lena brincou com a bolsa no colo. Agora que a tensão estava diminuindo, sentia-se apenas cansada e dolorida.
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Aprendendo a Amar (Karlena) G!P
FanfictionKara Danvers não esperava que Lena Luthor, filha de um dos maiores magnatas de National Ville, retornasse para ela de joelhos após ter destruído seu coração seis anos atrás. Mas o amor tem razões que a própria razão desconhece... Kara está disposta...