Capítulo Cinquenta e Quatro

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 Lena olhou para cima com os olhos nebulosos quando Kara se arqueou sobre ela, aguentando o próprio peso nos braços fortes, e a morena sentiu o extraordinário toque de sua pele na da esposa quando desceu sobre ela.

 Sua respiração ofegou ao primeiro toque de Kara, e ela riu travessamente.

— Já não devia chocá-la — sussurrou nos lábios da morena, movendo-se para mais perto. — É uma velha senhora casada agora.

— Não é choque, é... prazer! — Ela se agarrou a esposa quando ela começou a se mover. Enterrou a boca em seu ombro, gemendo novamente, à medida que seu corpo se unia gentilmente ao dela. — Kara!

— Eu amo você — Kara murmurou baixinho. — Nunca lhe mostrei o quanto, mas agora vou mostrar. Fique quietinha, deixe-me levá-la as nuvens. — Ela encostou a sua boca na de Lena e começou a falar murmúrios roucos, em espanhol fluente. Palavras de amor. Palavras descritivas que ela acentuava com carícias vagarosas e desenhos ternos que fizeram a morena chorar com novo prazer. Desta vez não havia contenção, preocupações ocultas, barreiras. Kara ajustou os movimentos às necessidades do corpo da esposa, sem pressa, tratando-a com rara ternura. E em algum lugar desse vagaroso incêndio, Lena ouviu sua voz gritar ao mesmo tempo em que a acompanhava na voracidade da realização.

 Depois, a morena não conseguia parar de tremer. Agarrou-se aos ombros da esposa, tentando acalmar a respiração, tentando não tremer com a batida de seu coração. Mas Kara parecia estar igualmente afetada, o que tornava tudo menos inibidor.

— Está tudo bem. — Kara a acalmou com as mãos, beijando seu rosto gentilmente com os lábios que a adoravam. — Está tudo bem. É apenas o choque de descer de tanta altura, meu amor — ela respirou. — Também sinto isso.

— Mas nunca foi assim antes — Lena sussurrou, arfante.

— Mas nunca tínhamos feito amor assim antes — sussurrou de volta. E levantou a cabeça para procurar os olhos espantados dela. — Não tão completamente.

 Lena tocou sua boca com os dedos trêmulos, perdida nela, totalmente dela.

— Eu não quero parar.

— Eu também não — sussurrou baixinho. — E nem precisamos. Estamos sozinhas  em casa, sem mais nada para fazer. Vamos subir e ver se conseguimos ultrapassar o que acabamos de fazer juntas.

 Kara se levantou devagar, tomou-a nos braços e se dirigiu para a porta.

— Kara, nossas roupas — ela murmurou, olhando o evidente tumulto em que se encontravam e a visível trilha deixada por elas. Kara a equilibrou numa perna e destrancou a porta. Abriu-a e começou a subir a longa escadaria com ela aninhada em seu peito úmido.

— Elas ainda estarão lá quando voltarmos — prometeu.

— Mas estamos sem nada o corpo — ela protestou.

 Kara olhou o bonito corpo pálido em seus braços com o puro orgulho da posse.

— Eu notei.

— Mas e Kelly e Andréia...

— ... não vão voltar esta noite. — Colocou sua boca sobre a dela. Após alguns segundos, Lena começou a se agarrar a ela, adorando a sensação dela contra sua pele nua. Amar, pensou enquanto pôde, era o mais incrível dos prazeres. A morena a beijou de volta, qualquer argumentação sumindo do turbilhão de sua mente.

  A segunda vez foi mais longa. Kara demorou intencionalmente, a voz macia e lenta, falando parte em espanhol, ensinando-lhe novas palavras e orientando-a quanto ao modo de pronunciá-las. E durante o tempo todo, ela a  tocava, a adorava com as mãos e os olhos, murmurava tudo o que a morena significava para ela, como estava feliz com o bebê que haviam feito. Atingiram alturas nunca antes alcançadas e já estava escuro quando acordaram nos braços uma da outra.

— Adormecemos — Lena murmurou.

— Pudera. — Kara sorriu, rindo quando ela enrubesceu.

— Estou com sede — ela sussurrou.

— Eu também. — A loira levantou, espreguiçando-se, enquanto os olhos a morena demostravam estar adorando a visão. — Que tal alguma coisa gelada? E algo para petiscar?

— Isso seria ótimo. — Ela se moveu entre os lençóis, os olhos provocantes. — Não demore.

 Kara deu uma risadinha.

— Estarei de volta antes que sinta saudades minhas.

 Olhou ao redor, à procura de alguma coisa para vestir. Suas  roupas estavam embaixo. Finalmente, foi ao banheiro e voltou com uma imensa toalha de praia colorida, estampada com um enorme sapo. Estavam no quarto de Lena e havia uma nítida falta de roupas do tamanho da loira.

— Coisa mais extravagante — murmurou, olhando-a divertida enquanto enrolava a toalha em volta de cintura. — Suponho que não podia ter comprado uma mais simples.

— Gosto de sapos — ela murmurou.

 Kara levantou uma sobrancelha e, ignorando as risadinhas de Lena, desceu.

 Encheu dois copos com gelo e chá adoçado da geladeira, fez sanduíches de presunto e pôs tudo numa bandeja. Saiu da cozinha para o hall e parou ao pé da escada para ajeitar a toalha quando a porta da frente se abriu subitamente e Alex entrou.

 Kara estacou atônita, olhando sua muito digna irmã parada no hall, com uma toalha estampada com um sapo gigantesco enrolada em volta do quadril. Kara estava carregando uma bandeja cheia de comida e bebida e parecia... estranha.

— Pensei que você e Lena viessem jantar — Alex disse.

— Jantar? — repetiu ela.

— Jantar. São quase sete. Você não telefonou e seu telefone parece estar fora do gancho. Estávamos com medo de que pudesse ter acontecido alguma coisa, por isso vim até aqui ver.

 Kara piscou. Ela tirara o fone do gancho quando levara Lena para cima. Olhou para a toalha.

— Não há nada de errado. Eu estava, hum, tomando um banho — improvisou, um pouco embaraçada por ter sido apanhada numa situação tão comprometedora, mesmo estando em sua própria  casa.

 Alex notou a porta aberta para a sala de estar e a trilha de roupas.

— Na sala de estar? — perguntou. — E desde quando usa vestido?

 Kara olhou-a fixamente, o lábios finos como uma linha.

— Estava escolhendo roupas ao mesmo tempo. Aí fiquei com fome.

Aprendendo a Amar (Karlena) G!POnde histórias criam vida. Descubra agora