Capítulo Cinquenta

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 Kara estava no telefone quando Sam entrou no escritório, vestindo jeans e uma camiseta axadrezada, o cabelo despenteado e sem maquiagem. Ela fechou a porta e se sentou na cadeira das visitas, observando as expressões que atravessaram o rosto de Kara enquanto ela terminava abruptamente a conversa telefônica e desligava o telefone.

— O que há de errado? — perguntou, porque a cunhada parecia preocupada.

— Tudo! — murmurou Sam, franzindo o cenho. — Eu estava meio adormecida quando Andréia telefonou. Lena a fez prometer que não ligaria para você, portanto telefonou para mim. Ultrapassei todos os limites de velocidade para chegar aqui. E agora que cheguei — suspirou — não sei como lhe dizer isso.

 Kara enrijeceu à menção do nome de Lena. Tinha tido um pressentimento em relação a ela. Sabia o quanto a tinha magoado e ela dissera, na noite anterior, que não aguentava mais.

— Ela me deixou, não é, Sam? — a loira perguntou calmamente.

— Sim deixou. A pergunta é: o que você pretende fazer a esse respeito?

 Kara acendeu um cigarro com mãos firmes, enquanto o mundo ruía a seu redor. A loira olhou fixamente a mesa.

 — Vou deixá-la ir — disse depois de um minuto. — Já a magoei o suficiente.

 A respiração de Sam parou na garganta.

— Kara!

 A loira levantou os olhos, a dor estampada neles fazendo-os parecer ainda mais escuros.

— Você não sabe como a tratei — ela disse. — Estava com ciúmes e morrendo de medo de perdê-la... — Parou para passar as mãos com força pelo cabelo. — O que tenho para oferecer a ela? Como  prendê-la?

— Podia tentar dizer que a ama — Sam disse simplesmente. — É tudo que ela sempre quis.

 Kara apertou o maxilar.

— Ela não me ouviria depois de ontem à noite.

— Você viu James Olsen e Lucy Lane, não viu? — Sam perguntou.

 A loira a olhou sem expressão.

— Vi.

 — E em vez de falar com Lena e deixar que ela explicasse, você resolveu jogar tudo para o alto.

 Kara sorriu fracamente.

— Bingo!

— Oh, Kara. — Sam balançou a cabeça reprovando a atitude da loira. — Ela está a caminho de Houston.

— Talvez lá ela ache alguém que possa lhe dar o que ela precisa — disse, sentindo-se amarga por ter destruído todas as suas chances.

 Sam não estava conseguindo chegar à parte alguma, e se Kara não fosse atrás de Lena, as coisas iriam desmoronar. Ela mordeu o lábio inferior. Ela não queria contar o segredo de Lena, mas Kara estava sendo difícil.

— Kara... como se sente em relação a bebês?

 A loira estava escutando apenas parcialmente, o coração como chumbo no peito.

— Gosto de bebês — disse, distraída.

— Ótimo. Então porque não vai atrás de Lena e traz o seu de volta?

 De início, Sam pensou que a loira não tivesse ouvido. Voltou os olhos para ela, encarando-a fixamente.

— Como foi que disse? — perguntou.

— Eu disse que Lena está grávida. Se quer mesmo um bebê, é melhor chegar ao aeroporto antes que ela leve o seu para Houston com ela.

— De que diabos está falando? — Ela explodiu.

— Vamos, Kara...!

 Mas a loira já estava de pé e a cadeira no chão. Agarrou-se à mesa para se equilibrar. Os olhos estavam desatinados e havia um tremor na mão esguia que segurava o cigarro.

— Um bebê? Lena está grávida e não me disse nada?

 Sam estava insegura quanto ao que fazer, por isso saiu correndo do escritório e encontrou Alex.

— Venha. — Puxou a esposa pela mão. — Preciso de você.

 Alex riu.

— Ora, meu bem, este não é o lugar...

— Kara está em estado de choque.

 Isso apagou o sorriso do rosto da ruiva. Ela seguiu a esposa até o escritório de Kara. A mulher loira estava exatamente onde Sam a tinha deixado, ainda branca e parecendo como se tivesse sido apunhalada.

— Você tem que levá-la ao aeroporto — Sam instrui.

— Aeroporto uma ova, ela precisa de um médico. O que foi que você fez? — ela perguntou muito baixinho.

— Eu disse a ela que Lena está grávida.

 Alex assobiou entre os dentes.

— E que ela está a caminho de Houston. 

— Eu posso dirigir — disse Kara sem firmeza. Encaminhou-se para a porta, mas suas pupilas estavam dilatadas e as mãos tremeram quando tentou apagar o cigarro, batendo a ponta acesa na mesa, Alex colocou-a no cinzeiro e segurou firmemente a irmã pelo braço.

— Não se preocupe, irmãzinha, vou fazer com que chegue a tempo.

 Ela olhou para Sam.

— Em que terminal?

 Sam fez uma careta.

 — O aeroporto de National Ville só tem um terminal.

— Você é uma grande ajuda — Alex murmurou. — Em todo o caso, acho que só há dois vôos para Houston fora das horas de grande movimento.

— Ela está grávida — Kara disse roucamente. — E não me contou. Ela sabia e não pôde me contar. É culpa minha. Falhei com ela.

— Tudo vai correr bem — Sam disse tentando acalmá-la.

— Meu Deus, espero que sim. — Kara olhou para ela. — Obrigada.

— Não diga a Lena que eu contei — Sam respondeu. — Cabe a ela contar a você, fiquei com medo que a deixasse ir embora se eu não contasse.

 Kara apenas acenou com a cabeça e, finalmente, afastou-se de Alex e saiu. Mas não discutiu quando Alex fez um gesto em direção ao Jaguar e se sentou ao volante.

— E se o avião já tiver levantado vôo? — Kara perguntou, fumando como uma chaminé durante o trajeto até o aeroporto..

— Então, compramos uma passagem para Houston. — Fez um trejeito. — Vou ser tia. Imagina só. — Olhou para sua irmã. — E eu que pensava que você e Lena estavam vivendo castamente.

— Cale a boca — disse Kara, disfarçando o constrangimento com mau humor.

— Você é quem manda, irmãzinha. — Alex assobiou para si mesma enquanto entrava na via expressa e pisava no acelerador.

Aprendendo a Amar (Karlena) G!POnde histórias criam vida. Descubra agora