Capítulo Cinquenta e Cinco

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— Vocês foram convidadas para jantar.

— Fiquei com fome antes. Ia fazer um lanchinho antes de me aprontar. — Sua cor tinha se tornado vermelha.

 Alex sorria de orelha a orelha.

— No chuveiro?

— Ia comer primeiro — Kara disse teimosamente.

— Onde está Lena? — Alex perguntou com curiosidade.

 Kara pigarreou.

— Lá em cima. Estava cansada.

 Nesse momento, uma voz queixosa veio lá de cima.

— Kara, vai voltar ou não vai? — Lena lamentou. — Estou me sentindo sozinha.

 O rosto de Kara tornou-se escarlate.

— Já estou indo! — disse, sucinta. Olhou mais duramente para Alex.

— Ela também está tomando uma chuveirada?

 Alex teve de abafar o riso. Fez um trejeito intencional para a irmã e girou nos calcanhares.

— Quando terminarem o lanche no chuveiro e acabarem de escolher as roupas, venham até lá em casa e nós vamos alimentá-las.

 Alex olhou para a toalha.

— Melhor vestir umas calças primeiro, não vamos querer escandalizar Sam. Pelo amor de Deus, Kara, um sapo?

— Foi a única coisa que achei, e o que você tem a ver com isso? — Kara perguntou afogueada.

— Oh, acho que lhe cai bem — Alex respondeu. — Eu gosto de sapos.

— Não nos demos conta da hora — Kara disse, rígida. — Estaremos lá em trinta minutos, se for conveniente para você.

— Sem pressa. — Alex sorriu maliciosamente. — Se você acha tapete da sala de estar um bom lugar, devia tentar numa jacuzzi — murmurou, e saiu correndo, porque Kara parecia dividida entre chocada e homicida.

 Kara levou a bandeja para cima, sua dignidade ferida, e a pôs na mesa de cabeceira.

— Chá gelado! Estou seca. — Lena riu e bebeu sedentamente do copo que havia pego. — Ouvi vozes.

— Alex veio ver onde nos metemos — Kara murmurou. — Fomos convidadas para jantar, lembra-se?

— Nem pensei no assunto  — Lena confessou.

— Nem eu. Podemos ir daqui a meia hora. Ainda quer o lanche?

—Talvez seja melhor esperar. Sempre podemos comer alguma coisa antes de dormir. Vou embrulhá-los e colocá-los na geladeira assim que estiver vestida. — Olhou com amor para a esposa. — Alex e Sam também são casadas — lembrou-lhe. — Não é tão chocante ser apanhada passando a tarde na cama com sua mulher, é?

 Kara mudou de posição.

— Não, mas é bastante desconfortável — confessou com um olhar oblíquo. — Seis anos de celibato tornam uma pessoa cautelosa, acho.

— Seis anos. — Lena se ergueu e a beijou ternamente. — Eu achei que a tinha tornado amarga demais para querer dormir com outra pessoa. E foi isso mesmo, não foi Kara? — ela perguntou suavemente.

 Kara tocou os dedos dela com os lábios.

— Eu não queria outra pessoa — disse com um suspiro. — Eu a amava demais. Era você ou ninguém.

 Lena teve de morder o lábio para evitar as lágrimas.

— Foi como me senti. Tentei tanto protegê-la — ela murmurou.

— Estava fazendo o mesmo por você quando nos casamos. No entanto, acho que ambas exageramos.

— Mas não mais. — Ela sorriu. — Agora vamos usar nossos instintos protetores com nosso bebê.

— Parece uma boa idéia. — Kara se inclinou e a beijou. — É melhor nos vestirmos e irmos ver as cunhadas, mamãezinha — murmurou. — Antes que voltem.

— Foi gentil da parte de Sam nos convidar.

— Sim. Espero que esteja pronta para o que vem por aí — acrescentou. — Conhecendo Alex, vai ser um jantar exasperante.

 Lena riu, escondendo o rosto nela.

— Eu amo você.

— Eu também amo você, meu bem. — Kara se levantou, com sapo e tudo. — Lena, você teria me contado sobre o bebê se Alex não tivesse conseguido me levar a tempo para o aeroporto?

 Lena assentiu com a cabeça.

— Era um direito seu. Eu não estava realmente abandonando você, Kara. Precisava de tempo para pensar devidamente. Teria voltado. Já não consigo mais viver sem você. — Ela a olhou com desejo. — Você estava indo atrás de mim?

— É claro. — Deu uma risadinha. — Imaginei que ia levar meses vasculhando a cidade a sua procura, mas isso não teria me detido. Eu me sentia mal com o que tinha feito e dito. Mas era por amor que ia atrás de você, meu bem, não por culpa.

— Sim, agora eu sei. — Lena suspirou preguiçosamente, tão apaixonada por ela que se sentia capaz de explodir. — Eu poderia comer um boi.

 — Vou telefonar para Sam e pedir para cozinhar um. Levante-se e vista-se, mulher. Estou morta de fome.

— Não olhe para mim. Foi sua idéia de não comermos.

 Lena saltou da cama e a loira a puxou para perto de si, os olhos cheios de ternura.

—Sem dúvida que foi. Gosto desses intervalos de vez em quando. Tenho essas coisas às vezes. — Kara se curvou e a beijou. — Você se incomoda? 

 Lena passou o braço por seu pescoço e a segurou bem perto.

— Não me incomodo nem um pouco.

 Lá fora o céu noturno tornou-se mais e mais escuro, e alguns quilômetros mais abaixo, Sam esquentava a carne e os legumes do guisado irlandês. Ela tentou dizer a Alex que champanhe não combinava com um prato tão simples, mas a ruiva estava ocupada demais, gelando-o, para prestar atenção. Portanto, Sam apenas riu e pegou as melhores garrafas de champanhe. Talvez ela estivesse com a razão. Parecia mesmo uma boa noite para comemorações.



Notas do autor

 Bom galerinha, chegamos ao final da fic! Quero agradecer a todos pelo carinho e pela interação, confesso que me emociono  bastante lendo os comentários. Nunca imaginei que minhas fics  teriam tanta repercussão. Obrigada e até uma próxima!

Aprendendo a Amar (Karlena) G!POnde histórias criam vida. Descubra agora