— O que está fazendo aqui fora?
— Olhando-a perambular pelo hall. O que pretendia fazer, entrar ali e me violentar?
Lena caiu numa gargalhada, surgida de algum lugar desconhecido, e seus olhos brilharam.
— Não sei como. — confessou.
Kara até sorriu. A morena ficava muito linda quando sorria. Era linda de qualquer jeito. A loira ergueu o copo de uísque melancolicamente.
— Pensei que pudesse me ajudar a dormir — disse.
— Acho que nada vai me ajudar — murmurou Lena.
Mudava de um pé descalço para o outro, consciente da curiosa atitude examinadora de Kara e da forte batida de seu coração.
— Quer dormir comigo? — perguntou a loira.
Lena corou.
— Não foi só por essa razão que eu vim. — Ela olhou para cima e depois novamente para baixo, até os pés de Kara, também descalços. — Você sabia que nunca alguém tinha me beijado intimamente até que você o fez?
A loira piscou.
— Você veio até aqui às três da madrugada para me dizer isso?
Lena deu de ombros.
— Pareceu bastante importante na hora — disse. Olhou-a com tristeza, os pálidos olhos verdes procurando o rosto magro e esculpido, a boca sensual, os músculos de seus braços e abdômen. — É incrível. — ela murmurou, os olhos fascinados pela extensão nua de músculos bronzeados.
— O quê? — Kara franziu a testa, observando como os olhos da morena a examinavam. Era perturbador. E ela devia saber disso.
— Que você não tenha que afugentar mulheres do seu quarto com um cabo de vassoura — murmurou distraída.
As sobrancelhas da loira se arquearam.
— Andou chegando perto do meu uísque?
— Parece, não parece? — Ergueu os olhos para os dela. — Posso dormir com você, Kara? Ainda estou bastante abalada. Se... — Limpou a garganta e olhou para o outro lado. — Se não for incomodá-la muito, quero dizer. Não quero tornar as coisas mais difíceis para você do que já são.
— Não estou certa que possam piorar — disse em voz baixa. Procurou os olhos suaves da morena. — Muito bem. Venha.
Lena a seguiu. Nunca tinha estado no quarto da loira, embora tivesse passado algumas vezes e lançado uma olhadela curiosa.
A mobília era antiga. Antiguidades, como aquelas da casa onde crescera. Ela se perguntou se também na casa da loira elas vinham de longa data, se tinha herdado dos pais. Passou a mão por uma das quatro colunas da cama, admirando a madeira polida e os lençóis listrados de bege e marrom.
— Não pensei que gostasse de lençóis coloridos — disse em tom de conversa. — Andréia disse que não gostava.
— E não gosto — disse sucintamente. — Andréia gosta. Ela jura que perdeu todos os lençóis brancos e teve de substituí-los.
— Bem, estes são bonitos — murmurou.
— Venha para dentro deles.
Kara puxou o lençol de cima para trás e deixou que ela deslizasse para debaixo dele.
— Vou regular o ar condicionado, caso esteja muito frio para você — ofereceu.
— Não, está bem assim. Detesto quartos quentes, mesmo no inverno.
Kara sorriu gentilmente.
— Eu também. — Apagou a luz e voltou para a cama. O colchão cedeu quando a loira se sentou, obviamente terminando seu uísque.
— Você, hum..., você dorme com a parte debaixo dos pijamas? —perguntou a morena, agradecida pela escuridão que encobria seu rubor.
Kara até riu.
— Oh, meu Deus.
— Bem, não precisa zombar de mim — murmurou, alisando o travesseiro antes de deitar a cabeça nele.
— Sempre pensei que você fosse uma garota sofisticada — disse simpaticamente. — Sabe, do tipo liberada, com uma fila de pessoas atrás de você e o tipo de sofisticação que combina com champanhe e brilhantes.
— Menina, que choque iria levar. — murmurou a morena. — Até você aparecer eu só tinha namorado um rapaz, e o máximo que ele fez foi tentar me agarrar e levar um tabefe de volta. Meu pai era obcecado em me manter inocente até que ele pudesse me vender para alguém que o tornasse ainda mais rico. Mas isso você não sabe, naturalmente, porque acha que ele é um santo.
Kara acendeu a luz. Seus olhos estavam escuros e firmes nos dela, reparando no rubor que cobria o rosto da morena.
— Pode apagá-la, por favor? — perguntou, tensa. — Se eu for falar desses assuntos, não pode ser olhando para você.
— Pudica — acusou a loira.
Lena a olhou fixamente.
— Veja quem fala.
Kara sorriu melancolicamente e apagou as luzes.
A morena sentiu o colchão se mover à medida que a loira se deitava e puxava os lençóis até o quadril.
— Muito bem. Se quer falar, vá em frente.
— Meu pai nunca quis que nos casássemos, Kara, apesar da encenação que ele montou para você — ela disse sucintamente. — Ele queria que eu me casasse com os haras de Jack Spheer para que houvesse uma fusão e ele saísse do vermelho.
— Essa é uma pílula difícil de engolir, considerando aquilo que sei sobre seu pai — disse a loira, recordando-se de que fora o dinheiro do pai de Lena que possibilitara o sucesso do posto de engorda pertencente a sua família. Ela se perguntava se a morena teria conhecimento desse fato, e quase o revelou quando a ouviu suspirar.
Lena se mexeu.
— No entanto, é verdade. Ele estava pronto para arruiná-la se eu não colaborasse com esse esquema inventado de me casar com Jack.
— Você admitiu que tinha dormido com Jack — lembrou-lhe. Sua voz ficou mais pesada. — E eu sei o quanto não queria dormir comigo.
— Mas não porque eu a achasse repulsiva — disse.
— Não?
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Aprendendo a Amar (Karlena) G!P
FanfictionKara Danvers não esperava que Lena Luthor, filha de um dos maiores magnatas de National Ville, retornasse para ela de joelhos após ter destruído seu coração seis anos atrás. Mas o amor tem razões que a própria razão desconhece... Kara está disposta...