Capítulo Dois

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 Kara soubera da venda da mansão apenas naquela manhã, quando Alex tocara no assunto no escritório do posto de engorda para gado em que eram sócias. Tinha sido anunciada na imprensa, mas Kara estivera fora da cidade, cuidando do gado, e não lera a notícia.

 Não estava surpresa em saber que  Lena se mantinha afastada do leilão. A morena tinha nascido naquela casa. Tinha vivido ali toda sua vida. Na realidade, seu avô fundara a pequena National Ville, no Texas. Pertenciam à riqueza antiga, e as meninas maltrapilhas dos Danvers, do precário rancho de gado no final da rua, não eram o tipo de amigas que a Sra. Luthor queria para os filhos, Lex e Lena. Mas ela havia morrido, e o Sr. Luthor se mostrara amigável com os Danvers, especialmente quando Kara e Alex abriram o posto de engorda. E quando o velho senhor soube que Lena pretendia se casar com Kara Danvers, disse a Kara que não podia estar mais satisfeito.

 Kara tentava não pensar na noite em que Lionel Luthor e o jovem Jack Spheer tinham ido vê-la. Agora tudo voltou. Lionel estava perturbado. Disse-lhe, sem rodeios, que Lena estava não só apaixonada por Jack, como o casal vinha dormindo junto durante toda a farsa do "noivado" com Kara. Estava envergonhado por ela, lamentara Lionel. O noivado tinha sido uma forma de pressionar o relutante admirador, mas agora que Kara tinha servido a seu propósito, Lena não precisava mais dela. Com tristeza, entregou a Kara o anel de noivado, e Jack Spheer murmurou uma desculpa. Lionel até chorara. Talvez a vergonha tivesse desencadeado seu próximo passo, porque imediatamente prometera a Kara a retaguarda financeira necessária para tornar o novo posto de engorda um sucesso. Havia apenas uma condição - que Lena nunca ficasse sabendo de onde viera o dinheiro. E então foi embora.

 Kara não era capaz de julgar alguém sem provas, e mal esperou Lionel ligar o motor do carro para telefonar para Lena. Mas ela não negou o que Kara acabara de ouvir. na verdade, confirmou tudo, até o fato de ter dormido com Spheer. Ela tinha a intenção de provocar o ciúme de Jack para que ele a pedisse em casamento, disse à Kara. Esperava que ela não ficasse muito aborrecida, mas a morena sempre tivera tudo o que queria, e Kara ainda não era suficientemente rica para satisfazer seus desejos. Mas Jack era...

 Kara acreditara. E como a morena a tinha afastado na única vez em que tentara fazer amor com ela, a confissão soou verdadeira. A bebedeira que tomara a seguir se tornara lendária. E durante os últimos seis anos, nenhuma outra pessoa sequer chegara perto o suficiente para causar qualquer dano a seu coração. Tinha permanecido impermeável a todas as propostas, que não faltaram. Ela era uma mulher bonita. E tinha riqueza e poder, e isso era um chamariz para as mulheres. Era, no entanto, amargurada demais para aceitar esse tipo de atenção. Lena a magoara como ninguém mais em sua vida, e durante anos vivera apenas com o desejo de vingança.

 Mas vê-la agora de joelhos, sem dinheiro, era insatisfatório. tudo em que conseguia pensar é que a morena seria magoada, sem ter família ou amigos para confortá-la.

 O apartamento em cima do escritório de advocacia em que trabalhava era pequeno, e a proximidade constante com o  patrão solteiro não lhe agradava nem um pouco. Conhecia a reputação de Olsen, e os mexericos diziam que ele gostava de mulheres bonitas. Lena, com longo cabelo preto, corpo esbelto e olhos verdes brilhantes, mais do que se encaixava nessa categoria. Estava agora com 27 anos, não tão nova, mas não parecia mais velha do que quando ficara noiva de Kara. Tinha ainda um ar inocente que a fazia ranger os dentes. Era falso; ela mesma o admitira.

 A loira parou à porta do apartamento, a mão pronta para bater. Havia um som abafado lá dentro. Não eram risadas. Lágrimas?

 Seu queixo se enrijeceu, e ela bateu com força.

 O barulho cessou abruptamente. houve um rangido, como o arrastar de uma cadeira, e o ruído de passos ligeiros que pareciam ecoar as batidas rápidas e firmes de seu coração.

 Lena abriu a porta, vestindo um jeans justo e desbotado e uma camisa azul, o longo cabelo escuro despenteado, caindo em ondas até as costas, os olhos verdes, úmidos e avermelhados como se tivera passado horas chorando.

Aprendendo a Amar (Karlena) G!POnde histórias criam vida. Descubra agora