Capítulo Quarenta e Quatro

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 Kara pensou que a dor não iria sumir nunca. Ver Lena no braços daquele homem estava acabando com ela. Não podia ser, mas tinha de ser. A morena tinha brincado com ela sobre outra pessoa se ela ficasse muito tempo fora. Lena não era mas virgem; agora, era uma mulher sensual. Talvez o desejo a tivesse dominado. Não era racional, mas o ciúme tampouco o era, e a loira estava sendo devorada por ele. Queria jogar Lena fora de sua casa, fora de sua vida. Kara confiara nela e a mesma à traíra novamente.

 Não queria acreditar, mas em que mais podia acreditar? Aquela era Lena na janela, Lena com o patrão. Kara a conhecia bem demais para confundi-la com outra pessoa, e que outra pessoa poderia ser, uma vez que havia apenas uma mulher no escritório e essa mulher era Lena!

 A loira deu partida no carro e seguiu pela rua, os olhos azuis feridos, vendo o fim dos seus sonhos. Ela tinha sido como fogo em seus braços, amando-a, abraçando-a, dando-lhe tudo o que Kara sempre quisera. Mas a morena a tinha traído no passado, e ela esquecera isso devido a nova proximidade existente entre elas. A loira esquecera o que ela fizera da outra vez. Lena não dormira com Spheer, mais ainda assim à traíra, rejeitando-a. E agora a história se repetia e Kara não sabia o que ia fazer. Dirigiu até em casa sem mesmo saber como chegar lá, doente e já sofrendo por Lena de novo. Como podia ter feito aquilo com ela? Como podia?

 No escritório, Lena finalmente acabou suas tarefas e ficou sem saber se deveria bater à porta do escritório de James Olsen. Decidiu que não. Se eles estivessem se abraçando seria cruel interrompê-los.

 Ela telefonou para casa e perguntou por Kara, mas Andréia disse que ela ainda não havia chegado. Então ela foi embora, deixando um bilhete em sua mesa, entrou no carro e dirigiu de volta à casa. Kara não cumprira a promessa de ir buscá-la. Mas talvez ainda não tivesse chegado. A morena sorriu, confortando-se com esse pensamento.

 Estacionou o carro em frente aos degraus da entrada, ansiosa por saber se a loira já tinha chegado. Correu através do hall até o escritório e lá estava ela.

— Oi! — Lena riu.

 Mas a mulher cujos frios olhos azuis procuravam os dela através da sala em nada recordavam a carinhosa mulher que viajara para o Wyoming na última quarta-feira. A loira fumava um cigarro  e a olhou com a indiferença de uma desconhecida.

— Está atrasada — comentou.

— Eu... tivemos tribunal — disse a morena, hesitante. — Eu avisei que trabalharia até tarde.

— É verdade. — Deu uma nova tragada no cigarro. — Parece preocupada. Há alguma coisa errada?

— Pensei que ia ficar contente em me ver — disse, com um sorriso hesitante.

 Kara sorriu de volta, mas não era um sorriso agradável. Estava morrendo por dentro, mas não iria permitir que a morena visse.

— Pensou ? — perguntou distraidamente. — Suponho que não se lembra do que me fez há seis anos. Sinto muito desapontá-la se pensou que eu iria sucumbir a seu encanto novamente. Não sucumbi. O que tivemos durante estas semanas foi uma pequena recompensa pela agonia que me fez sofrer  no passado. Mas não tinha me dado conta de que você pretendia construir um futuro  sobre isso. — Riu friamente. — Desculpe, meu bem. Uma vez foi suficiente. Mas não pense que não consigo viver sem você. Você é como o vinho: não preciso me embriagar para sentir prazer com um gole de vez em quando.

 Lena não podia acreditar no que estava ouvindo. Sabia que seu rosto se tornara pálido. Tinha quase certeza de estar grávida e Kara estava lhe dizendo que não a queria mais.

— Eu pensei... que você tivesse percebido que eu não tinha dormido com Jack.

— Lógico que sim — ela admitiu. — Mas, de todo modo, você terminou o noivado, não foi, e disse a quem quisesse ouvir que eu não era rica o suficiente para satisfazê-la. — Seus olhos brilharam fria mente. — Agora é minha vez. Sou rica e não quero mais saber de você, meu bem. Experimente esta para ver se gosta.

 Lena se virou e correu, um soluço preso na garganta ao subir confusa a escada até seu antigo quarto. Trancou a porta e se jogou na cama, chorando incontrolavelmente. Era como um pesadelo.

 Passaram-se alguns minutos. A morena pensou, esperou que não fosse verdade o que Kara dissera. Ela escutou e aguardou, com a esperança de que a esposa fosse atrás dela, de que reconsiderasse o que dissera. Mas nenhuma passada se fez ouvir na escada e ela foi forçada a concluir que a loira não a procuraria.

 Também não pareceu incomodá-la que a morena tivesse voltado para seu antigo quarto. Lena ouviu muito tempo depois, seus passos no hall em direção ao quarto que haviam compartilhado. A porta se fechou e permaneceu fechada.

 Lena não podia compreender o que dera errado. Quando Kara viajara para o Wyoming tudo estava perfeito entre elas. A distância emocional da loira a tinha perturbado, mas tinha certeza de que a mesma começava a sentir alguma coisa por ela. Agora era uma desconhecida. A vingança que a morena não pensara que ela quisesse se tornara evidente. Kara a olhava como se não se importasse nem um pouco com ela, e o que dissera a ferira até os ossos.

 Finalmente adormeceu, pensando como faria para prosseguir. Exausta, as lágrima escorrendo pela face pálida, a morena encarou a perda de tudo o que sempre amara. E Kara ocupava o primeiro lugar nessa lista.


Aprendendo a Amar (Karlena) G!POnde histórias criam vida. Descubra agora