— Você namorou Jack Spheer — Kara acrescentou.
— Não. Parti o coração de meu pai quando me recusei a me casar com Jack — disse com uma risada fria. — A vida sem você foi o pior inferno que conheci. Tentei lhe contar, mas você não me ouviu. Você continua a não me ouvir. — Lágrimas turvaram seus olhos. — Bem, estou cansada de falar com você, Kara. Você é muito amarga e apaixonada demais pelo passado para abrir mão de seus rancores. Não posso mais viver assim. Magoou-me mais do que jamais chegará a saber, embora eu deva admitir que minha própria covardia ajudou. Mas o que fiz, fiz para protegê-la, porque eu amava você demais para deixá-la perder tudo. Tudo que sempre quis foi você. Mas você sempre me quis de uma única forma, e agora que, como é mesmo que você disse?, "satisfez seu desejo por mim", até isso acabou, não é?
A loira cerrou os dentes numa onda de dor.
— Oh, Deus, Lena — murmurou com voz rouca.
— Bem, não perca seu sono por causa disso, Kara. Talvez estivéssemos condenadas desde o início. Sem confiança não temos nada. — A morena afastou do rosto as mechas de cabelo soltas. — Pensei que houvesse uma oportunidade para nós antes da sua ida para o Wyoming. Mas se ainda não te confiança em mim, então não temos sequer um chão comum onde construir. Estou tão cansada, Kara — disse então, sentando-se na borda da cama. — Estou tão cansada de brigar... Só quero dormir.
Kara passou a mão pelos fartos cabelos loiros, observando-a:
— É claro — disse calmamente. — Falamos amanhã.
Lena não estaria lá no dia seguinte, mas não tina intenção de lhe contar.
— Sim, amanhã.
Kara queria abraçá-la. Falar com ela. Confessar que sua frieza fora provocada por puro ciúme, porque acreditava que uma mulher tão linda nunca poderia realmente amá-la. Nunca acreditara, e sua própria insegurança quanto à possibilidade de ser atraente para uma mulher como Lena era a maior parte do problema. Mas a morena parecia exausta, e seria cruel tornar sua noite ainda mais difícil do que já estava.
— Descanse. Se precisar de mim, é só chamar.
— Você é a última pessoa na face da terra de quem preciso, Kara — disse ela calmamente.
Kara inspirou devagar.
— Meu Deus, sei disso. Sempre fui. — Os olhos azuis deslizaram sofregamente sobre a morena. — Embora pareça não ter feito nenhuma diferença. Não consegui parar de querê-la. Nunca conseguirei.
Saiu pela porta sem olhar para trás, e Lena se deitou por cima da coberta e chorou pelos muitos anos de felicidade que não teria com a loira, pela criança que carregava e de quem ela sequer tinha conhecimento. Chorou por todos eles e adormeceu, ainda vestida, deitada sobre as cobertas.
Kara encontrou-a assim na manhã seguinte. Não a acordou. Ela pareci tão frágil com o cabelo em volta do rosto adormecido. Estava pálida, e a loira se sentiu culpada até o fundo de sua alma. Ela a magoara. Lena era a coisa mais preciosa de seu mundo e ela nada fizera senão magoá-la.
Tirou os sapatos dela e a cobriu com a coberta acolchoada, os olhos azuis cheios de adoração em seu rosto.
— Eu lutaria contra o mundo por você — disse docemente. — Que ironia que eu não consiga parar de magoá-la.
Lena não ouviu. Kara tocou sua face com delicadeza, indo até as sobrancelhas. Seus olhos azuis se suavizaram, tornaram-se ternos.
— Eu amo você — disse roucamente. — Oh, Deus, amo tanto! Por que não consigo lhe dizer? — Ela se curvou e roçou sua boca com extraordinária ternura, um leve toque que não iria acordá-la. Endireitou-se, respirando pesadamente enquanto examinava o rosto adormecido. — Disse que eu não confiava em você. A verdade talvez seja nada mais do que eu não confiar em mim mesma. Você precisa de alguém mais gentil do que eu. Alguém menos rude e de costumes estáveis. Eu sempre soube, mas nunca encontrei foça suficiente para desistir de você. — Ela segurou a mão esguia entre as suas e sorriu melancolicamente — Seria bem feito se eu a perdesse. Mas acho que não permaneceria viva se isso acontecesse.
Kara pousou a mão da morena sobre a coberta e, com um último olhar para o rosto adormecido, virou-se e saiu do quarto. Talvez mais tarde pudessem conversar, e ela lhe diria todas as coisas quando ela estivesse acordada e ouvindo. Se continuasse a reprimir, correria um risco muito grande de perdê-la.
Lena acordou uma hora depois que a loira saiu e se deu conta do vestido de noite e da coberta que tinha sido puxada. Perguntou-se se teria feito aquilo ou se Andréia a cobrira. Bem, não tinha importância. Tinha coisas para fazer e pouco tempo.
Tentou telefonar para Lucy, mas deveria ter ido para o escritório. Telefonou para a casa da prima em Houston. Telefonou e perguntou se podia ficar um ou dois dias, sendo imediatamente convidada a permanecer lá por mais tempo.
Lena e Eve se conheciam desde o primeiro grau, e eram amigas, além de parentes. Prometeu estar com a prima mais tarde naquele dia, desligou e fez uma reserva para o vôo de meio-dia que saía do aeroporto de National Ville para Houston.
Fez a mala, levando apenas o necessário, e rezou para que o enjôo matinal aguardasse até que ela fosse embora.
Esgueirou-se escada abaixo, chamou um táxi e estava quase do lado de fora da porta quando Andréia entrou no hall para chamá-la para o café-da-manhã. Encontrou Lena com uma mala na mão e um táxi à espera.
— Señora! — exclamou, sem saber o que fazer.
— Vou ficar fora apenas por uns dois dias — disse Lena, hesitante. — Sam sabe onde me encontrar. Não diga nada a Kara. Prometa-me.
Andréia fez um trejeito, mas acabou por concordar. Olhou Lena entrar no táxi e partir. Prometera nada dizer a Kara. Não prometera não telefonar para Sam. Pegou o telefone e rapidamente discou o número.
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Aprendendo a Amar (Karlena) G!P
FanfictionKara Danvers não esperava que Lena Luthor, filha de um dos maiores magnatas de National Ville, retornasse para ela de joelhos após ter destruído seu coração seis anos atrás. Mas o amor tem razões que a própria razão desconhece... Kara está disposta...