Capítulo 16: Mulheres, oprimidas ou privilegiadas?

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Normalmente as feministas dizem que as mulheres sempre foram, e ainda são o sexo oprimido. Dão ênfase na ideia que ser mulher é simplesmente horrível e frustante.

Mas historicamente, as mulheres viveram em condições geralmente mais confortáveis do que os homens. O casamento, por exemplo, tantas vezes difamado pelo movimento feminista, acusado de ser a maior estratégia opressora do Ocidente, era, muitas vezes, o meio pelo qual as mulheres conseguiram mais conforto e proteção em meio a épocas de fome, violência ou barbárie. Mary Woolstonecreft, feminista, até se opôs ao casamento, mas escreveu sobre o casamento monogâmico, e defendia apenas porque na época podia assegurar a proteção a mulher e seus filhos. Sendo a variação poligâmica uma: "degradação física [...] que destrói toda a virtude doméstica."

Foi por isso que se casou com Godwin. Quando questionados, justificaram que precisavam de um meio legal para proteger financeiramente tanto Mary quanto o bebê que nasceria. Esse ato os fez reconhecer o propósito do casamento: proteger ao invés de oprimir.

O historiador holandês e teórico militar israelense Martin Van Creveld (1946 -) realizou uma vasta pesquisa que resultou em um verdadeiro catálogo da condição feminina desde milênios atrás. Ele dedica um capítulo inteiro de sua obra - publicada no Brasil em 2004 - para demosntrar que a presença das mulheres em um país, região ou estado, esteve sempre diretamente ligada ao grau de segurança e conforto oferecido.

Quanto mais adversas e primitivas as condições de um dado lugar e época, menos mulheres há nele; inversamente, o número relativo de mulheres em um dado lugar e época reflete o progresso da civilização e seus confortos. Ao longo da história, a ausência de mulheres foi praticamente total em áreas de mineração e extração florestal, canteiro de obras, aterros sanitários etc. Hoje em dia isso também se aplica a plataformas petrolíferas, estações meteorológicas árticas e similares.

Para colaborar sua afirmação, Martin traz vários contextos históricos onde esse fenômeno pode ser observado. E em todos os períodos históricos narrados demonstram a tese do autor de forma convicta. Durante a segunda metade do século XIX, vários chineses imigraram para os Estados Unidos fugindo da fome. As condições de trabalho que tinham que aceitar na América eram terríveis: salários miseráveis, moradia em barracas em locais incertos e muita humilhação. Havia cem vezes (cem vezes é muita coisa!) mais homens que mulheres, mesmo que nenhuma lei ou obstáculo social impedisse que as mulheres se aventurassem em terras americanas. Coisa semelhante se passou no início da colonização da Virgínia, EUA, "inicialmente a proporção era de uma mulher para cada sete homens".

Ele ainda cita casos da Dixieland, dos condados de Cheshire e Grafton, os estados do meio-oeste americano - Ohio, Illinois, Iowa e Kansas - ou mesmo Nevada e Colorado, mais a oeste. Todos os períodos históricos narrados demonstram a tese do autor de que, quando existe um equilíbrio demográfico ou uma proporção normal, a numérica existência feminina é "resultado de os homens proporcionarem às mulheres as amenida des da vida civilizada". Até porque, em condições mais bárbaras, as mulheres acabam morrendo primeiro. Se elas vivem mais hoje é porque muita facilidade foi erguida sobre os ombros de escava dores, mineradores e construtores homens.

A queixa de Mary Wollstonecraft, por incrível que pareça, era exatamente esta: a de que as mulheres sempre tiveram uma vida muito fácil em relação à que levavam os homens, e que delas nunca fora exigido mais que superficialidade e aparência. Ela escreveu: "É verdade que as mulheres são providas com comida e roupa, sem que se esforcem nem fiem". Evidentemente, é preciso notar que essas mulheres sobre quem discursava a autora eram principalmente as nobres e burguesas, posto que as mais pobres sempre trabalharam. Mary reconhece que "a maioria dos homens às vezes tem de suportar riscos físicos e ocasionalmente agüentar a inclemência do meio social", Mary classificou as mulheres de seu tempo como, "insensatas", "mimadas", "idolatradas", "déspotas", "privilegiadas", "negligentes" e "desinterressadas".

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