| CAPÍTULO 11 | PIETRO LAMARTINE

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 O céu estava totalmente nublado, nem mesmo a lua ou as estrelas eram capazes de se sobressair entre a escuridão. Eu não estava falando somente da noite.

Observo atentamente cada detalhe da construção em minha frente. Se todos soubessem o motivo dela ainda existir, de toda a sujeira que a cerca. Abro a pequena carta que se encontra em minhas mãos e dou um sorriso de lado.

Existem coisas que mesmo querendo muito, não podemos evitar, isso inclui a segurança de quem amamos.

15 anos, faziam exatos 15 anos desde que não pisava nessa cidade, ou qualquer que fosse o território europeu. Mas, infelizmente, para alguns eu já não podia mais adiar o que precisava acontecer.

Quando me disseram que existiam estágios de vingança eu não acreditei. Mas agora, eu estava vivendo ele, sentindo a cada suspiro que saía de mim.

Eu não sabia fazer parar.

Eu não queria fazer parar.

Eu não sentia...

Não sentia dor

Não sentia remorso

Não sentia medo

Sentia o vazio

Sentia a vingança

Fico mais alguns segundos refletindo sobre tudo o que havia acontecido, até escutar sua voz atrás de mim.

— Finalmente, por um momento achei que havia realmente morrido. — Aleksander sorri ao me virar para ele.

— Com um tiro certeiro no coração, Alek? — Zombo. — Acredita mesmo que eu morreria por um tiro? — Sorrio ao ver ele atirar o papel em minha direção. Minha certidão de óbito.

Pietro Lamartine está morto, é o que diz no papel.

— Internamente, isso virou um caos. Você tinha que ver a reação deles ao serem noticiados da sua morte. — Fez careta. — Fiquei quase um mês vendo Jackson trazer um bolo de comemoração para o escritório.

— Que pena ter que decepcioná-lo. Sabe que odeio deixar as pessoas tristes. — Finjo uma falsa tristeza.

— Ainda não consigo acreditar que você está aqui novamente... que nós estamos na Itália. — Alek murmura.

Uma das únicas pessoas que confio nesse mundo é o Aleksander. Nos conhecemos desde que éramos crianças basicamente. Posso considerar ele como meu melhor amigo e principal aliado.

— Um passarinho me contou que tem uma certa detetive muito nervosa com você. — Alek cantarolou e eu sorri. Agatha já deveria ter conseguido escapar.

— Ela vai sobreviver, é inteligente. — Comento, fingindo não me importar e encaro a cidade em minha frente.

Posso dizer que essa cidade foi a ruína de nossa família. Foi o local que quase perdi meu filho. O lugar que eu jurei nunca mais pisar. Que ironia do destino, nos trazer de volta.

Abro a enorme porta na minha frente e sorrio, adentrando o local. Casa. Eu estava em casa. Sinto Alek me seguir no mais profundo silêncio. Pelo menos ele sabe o momento certo de ficar calado.

Ando até a última porta do enorme corredor e destranco a mesma com a única chave existente no mundo. Tudo continua da mesma forma. Deixo minha mala no chão e a abro, retirando tudo o que vou precisar. No fundo dela, se encontra o meu bem mais precioso.

Retiro com cuidado o pequeno vidro e percebo Alek arregalar os olhos ao notar do que se trata. O coloco em cima da mesa e pego minha jaqueta preta, vestindo ela logo em seguida.

— O que você pretende fazer? — Alek pergunta, receoso. Não o respondo de imediato, caminho até o enorme cofre que tem no escritório e o abro com minha digital. Busco o frasco que está em cima da mesa e o guardo com cuidado, ao lado de centenas iguais. — Por Deus. — Ouço Alek murmurar.

Fecho o cofre e me viro para o meu amigo, dando um sorriso amigável. Dou leve batidinhas em seus ombros e saio do escritório.

— Sabe o que me ensinaram, muito tempo atrás, Alek? — Pergunto, ainda sem o olhar. Mas pela visão periférica vejo o mesmo negando com a cabeça. — Existem diversos tipos de assassinos no mundo, mas fique tranquilo, não estou falando dos que tem definição pelo FBI. Estou falando daqueles que foram ensinados a matar, criados para isso. Fazem isso por gosto, não por que tiveram um surto, ou que passaram por problemas familiares passados.

— O que você quer me dizer com isso? — Pergunta.

— Não estão lidando com alguém que está em surto, com algo que é passageiro. Com um simples alguém que quer chamar atenção para si. — Falo. — É alguém que sabe o que está fazendo, de uma forma totalmente independente, sem precisar de ajuda. Estão lidando com alguém que já está morto, ou morta. — Sorrio tentando o tranquilizar. — Mas eu não aprendi só como definir e diferenciar os assassinos. Aprendi outra coisa muito interessante...

— Calma lá, Pietro. Está me dizendo que não é você que está causando todos esses assassinatos? — Alek pergunta, com os olhos arregalados.

— Eu deveria? Quando eu mato, você reclama... Quando não mato, reclama também. — Reviro os olhos.

— Puta que pariu hein, fala logo que eu realmente estou ficando preocupado.

— Mortes são lidadas com mortes. — Pego a chave do carro e saio de casa. — Mas sabe de uma coisa? Eu gosto de presentes e de homenagens. O que eu posso dizer, achei autêntico. Fascinante.

— Você não vai fazer o que estou achando que vai, né?

— Talvez. Mesmo que eu tenho certeza absoluta que você não sabe o que vou fazer. — Afirmo. — Vou ir visitar a detetive Agatha, para ter certeza que ela sobreviveu.

— Está louco, porra? E se alguém te reconhecer?

— E você realmente acredita que alguém vai ser capaz de me reconhecer? E se por acaso isso acontecer, vão sair falando o quê? — Debocho. — Pietro Lamartine está vivo? Poupe-me.

— Isso é uma hipótese, não podemos descartá-la.

— Se alguém me reconhecer, eu mato. Não precisa se preocupar com isso. Agora, temos um trabalho para fazer, se eu fosse você, aproveitaria meu bom humor. Não pretendo ajudar por muito tempo.

Quando finalmente estou saindo de casa, recebo uma mensagem de Kaden informando que outro corpo foi encontrado e é para lá que estou indo. Dessa vez quero ver de perto. 


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