In the middle of the night
Just call my name
Estou prestes a ligar para o número desconhecido que me mandou mensagem, quando ouço três batidas na porta do meu apartamento. Cautelosamente me levanto e me aproximo da porta.
— Quem é? — Pergunto e abro uma pequena fresta, observando Pietro do outro lado. Suspiro aliviada. — Oi! O que está fazendo aqui?
Abro a porta e o encaro. Como no nosso primeiro encontro, ele está todo de preto, o semblante sério e em suas mãos uma rosa vermelha. Quando Pietro percebe meu olhar na flor, me entrega. A pego com cuidado.
— Vim ver como estava, fiquei sabendo que seu apartamento foi invadido. — Fala, simples. Por um momento me perco em seu olhar, ele está diferente desde o último encontro.
Abro passagem e ele entra no meu apartamento. Quando está de costas para mim, reparo na rosa. Sem espinhos.
— Teve o cuidado de tirar os espinhos para não me machucar? — Brinco e ele dá um pequeno sorriso.
— O vermelho do sangue não combina com você. — Fico confusa com sua fala, mas decido ignorar.
Pietro varre o meu apartamento com seu olhar, parando na pasta que estava olhando e principalmente no diário, agora fechado com o nome em sua capa.
— Pelo visto andou ocupada, detetive. — Ele sorri e se senta na poltrona. É como se soubesse que quero lhe perguntar algo.
— Pietro... tocando no assunto, já que você reparou nos arquivos. — Começo a falar. — Você estava na Itália quando a Lamartine era ativa? — Me sento na outra poltrona e espero ele começar a falar.
Percebo que quando falo o nome Lamartine, uma diversão maliciosa brilha em seu olhar. Parecia ser exatamente a pergunta que ele estava esperando que eu fizesse.
— Sim, eu estava por aqui. — Faz uma pausa. — Por quê?
— Então você chegou a conhecê-lo? — Pergunto, extremamente curiosa. Seus olhos estavam fixos em mim. É como se ele quisesse que eu dissesse o nome. — Você sabe... Pietro Lamartine.
— Sim, detetive. Eu conheci. Mas, pensei que você já soubesse, está bisbilhotando um diário sobre a máfia. — Meu corpo se arrepia quando ele fala.
— Só li a primeira página... — Murmuro. — Pode me falar mais sobre ela?
Pietro parece pensar por alguns segundos se deve ou não falar. Afinal, esse é um caso delicado até mesmo para ser comentado.
— A Lamartine foi criada por Pietro Lamartine, o que não é novidade para ninguém. Seu país de atuação inicialmente não era na Itália, mas sim nos Estados Unidos. Pietro veio com a máfia para cá após conflitos internos. — Presto atenção em todos os detalhes. — E desde então permanece em solo italiano. — O encaro, confusa.
— Mas a máfia não está ativa mais... Pelo menos, não desde... — Pietro me interrompe.
— Que Pietro Lamartine morreu? Sim. — Vejo o exato momento em que ele vira o pulso e olhar as horas em seu relógio. — A conversa está boa, detetive, mas preciso ir para um compromisso. — Avisa e sai sem despedir.
Ainda estou absorvendo a conversa que tivemos, quando recebo uma mensagem do Kaden.
[KADEN] Preciso que venha até essa localização, encontramos outro corpo. Pietro já está aqui com algumas pessoas do FBI.
[AGATHA] Pietro está aí? Ele acabou de sair aqui de casa. Mas estou a caminho.
Levanto em um pulo e coloco a rosa dentro de um copo com água. Pego a chave do carro e saio do apartamento. Pietro poderia ao menos ter avisado que iria para o mesmo local que eu, assim poderíamos ter ido juntos.
Minutos mais tarde estou estacionando ao lado de várias viaturas. Desço do carro apressada e avisto Kaden e Pietro conversando. Diferente da roupa que estava no meu apartamento, Pietro está com uma calça marrom e blusa social branca.
— O que temos aqui? — Pergunto, assim que me aproximo o suficiente dos dois. — Ah, não pense que vai fugir por muito tempo, você precisa terminar de me contar sobre a Lamartine.
Pietro arregala os olhos e dá um passo para trás.
— Está louca em falar esse nome? Assunto proibido, Agatha. — A encaro confusa.
— Não parecia proibido quando, minutos atrás, você estava na minha casa me contando sobre. — Percebo quando Pietro olha para Kaden, a confusão estampada em seu rosto. — Inclusive, por que não me disse que estava vindo até aqui? Poderia ter vindo comigo.
— Desculpe, esqueci de falar. Preciso ir perguntar algumas coisas para o perito, já volto. — Pietro fala e simplesmente some.
Desisto de entender esse homem e decido focar no corpo que está a poucos metros de mim.
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LAMARTINE
RomanceFaziam exatos 15 anos desde a última vez que Pietro viu os olhos de uma das pessoas que ele mais amou durante toda sua vida. Aiyana. Aiyana Lamartine. Até os dias de hoje, sua morte nunca foi esclarecida, as autoridades simplesmente abandonaram o...