Direciono a Agatha até a sala que ela conhece muito bem e faço um sinal para que ela se sente, o que faz de imediato. Tranco a porta para termos mais privacidade e suspiro, sabendo a conversa que está por vim. Não pretendo contar tudo para ela agora, não nesse momento.
— Então, de fato você está aqui. — Ela murmura, olhando desajeitadamente para suas mãos sobre o colo.
— Estou. — É apenas isso que respondo. Tem muita coisa envolvida para lhe dar apenas respostas rasas, mas o passado não é um local seguro para se estar.
— Quero que me conte, Pietro. Tudo o que aconteceu... Porque você sumiu. Você simplesmente sumiu, abandonou tudo e todos como um desgraçado. — Ela despeja toda sua amargura. — Tive que ficar anos escondida por sua causa, ainda me ligavam a você, ainda me reconheciam por estar ao seu lado no passado. Então, quando a poeira finalmente abaixou, segui fingindo que jamais havia te conhecido, que jamais tive ligação com a Lamartine, que não sofri com sua suposta morte, que eu não era a vadia que estava roubando o homem da minha própria irmã, consegui apagar esse vestígio da minha vida... e, simplesmente quando acho que está tudo bem, você decide ressurgir dos mortos?
Suspiro, sabendo que ela está certa em tudo o que disse.
— Agatha... Sei que está magoada e te dou razão para isso, mas você precisa ouvir o meu lado também. — Falo.
— É isso que estou esperando você tomar coragem e começar a falar. — Rebate, ácida.
— Me envolvi com sua irmã, Aiyana para conseguir informações sobre o tráfico humano que seu pai estava envolvido. — Solto de uma vez. — Descobri por meio de um antigo amigo, que várias pessoas estavam desaparecendo misteriosamente, a maioria mulheres e crianças. Comecei a investigar com a ajuda do FBI, e chegamos à conclusão de que estava acontecendo o maior esquema de tráfico humano já visto na Itália, e o principal suspeito era seu pai, Dominic Caccini.
— O que... Como assim? — Ela estava perdida.
— Conseguimos esconder da mídia, mas a cada dia que passava estava mais envolvido com a Aiyana por causa disso. Ela era ambiciosa e parecia querer minha ajuda para algo, e para salvar todas aquelas pessoas, eu doaria minha alma ao diabo, mesmo que o diabo fosse sua irmã. — Suspiro. — Mas o que eu não poderia imaginar, era que Dominic havia se envolvido com a família Constantini e prometido você ao filho bastardo deles, em troca de uma pequena ajuda com minha morte, pois assim, o caminho ficaria livre. Ele já suspeitava que eu estava investigando. — Vejo seus olhos se arregalarem em surpresa. — Durante os dias que passei com Aiyana em sua casa, descobri muitas coisas, se você soubesse a sujeira que eles estavam envolvidos. Descobri seus principais aliados, quem trabalhava para eles, tudo... Mas então, eles armaram uma emboscada e quase morri naquela noite. Fui dopado com um veneno letal, bom, pelo menos eles acreditaram que era letal. Eu já estava esperando um ataque, só não sabia quem seria o primeiro a tentar e me preparei. Jogaram meu corpo em uma estrada durante a noite, em uma região de animais. Quando acordei, decidi de fato fingir minha morte e o que colocaram no laudo...
— Foi um tiro certeiro no coração. — Agatha completa e assinto.
— Mas isso não explica o que o FBI estava fazendo com você.
Sorrio abertamente.
— Oh, coração, o FBI é meu. Eu quem mando. Eles seguem minhas ordens. — A vejo arfar.
— Você conseguiu acabar com o esquema de tráfico humano? — Pergunta.
— Sim, quando encontrei o local que mantinham as vítimas e onde as leiloavam, quebrei o pescoço de todos os envolvidos e acredite, demorei muito tempo fazendo isso. Em uma noite, assassinei mais de duzentas pessoas envolvidas no esquema. — Relembro, nostálgico. — Foi incrível.
— Constantini, quem são?
— Uma família bastante poderosa, tem ligação direta com minha outra "empresa" — faço aspas e sorrio. — A CIA, conhece? Enfim, nos acertamos e hoje está tudo bem.
— Então quer dizer que ainda tem um louco me querendo como moeda de troca de algo do passado? — Pergunta assustada.
— Lógico que não, arranquei seu coração na primeira oportunidade. Ninguém encosta em você. — O rubor em suas bochechas não passa despercebido por mim.
— Porque está na Itália novamente, e não venha me dizer que são por causa dos assassinatos, que eu sei muito bem que você não se envolveria com isso. — Cruzo os braços a encarando.
— Quero encontrar a vadia da sua irmã.
— Aiyana está morta. — Rebate.
— Você que acha, coração. — Me aproximo de onde ela está. — Ela tem algo que me pertence, e quando eu finalmente encontrá-la, farei questão de arrancar sua cabeça.
— O que ela tem de tão importante?
— Meu filho. A desgraçada sequestrou nosso filho e eu não vou parar enquanto não encontrar ele. — Suspiro sentindo a raiva me dominar. — Mas o resto da história fica para outra hora, não vou te contar todos os detalhes interessantes de uma só vez.
A vejo emburrada e sorrio ainda mais.
— Você sabe que tudo o que me contou agora, me faz ver você como um herói querendo justiça, não sabe? — Debocha e colo minha testa na sua.
— Oh, amor, eu não sou o herói dessa história, sou o vilão. Vou destruir tudo o que você ama, tudo o que eu tocar vira mágoa, ódio e sangue, você sabe disso. Não estou nem aí para quem eu vou matar, gosto do vermelho do sangue que cobre minhas vítimas.
— Devo fingir sentir medo de você também? Gritar quando te ver? — Pergunta, desafiadora.
— Gritar, sim, mas não de medo... você sabe exatamente da entonação que gosto, principalmente quando revira esses olhinhos. Agora, vamos nos divertir como nos velhos tempos. — Não dou chance para ela questionar, a puxo e jogo contra meu ombro, ouvindo seus gritos irritados.
--------ATENÇÃO--------
Essa é a primeira parte do passado deles, sei que está superficial e que agora surgiram muitaaas dúvidas, mas no momento, a informação mais importante já está na história e com os capítulos, vamos descobrindo ainda mais desse passado, tudo bem?
Agora, mas não menos importante... deixem aqui suas dúvidas e/ou teorias que vou responder! rs
VOCÊ ESTÁ LENDO
LAMARTINE
RomanceFaziam exatos 15 anos desde a última vez que Pietro viu os olhos de uma das pessoas que ele mais amou durante toda sua vida. Aiyana. Aiyana Lamartine. Até os dias de hoje, sua morte nunca foi esclarecida, as autoridades simplesmente abandonaram o...