| CAPÍTULO 03 |

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Panteão, 04:57 a.m

Agatha Chermontt

Chego até o Panteão e percebo que já se encontra inúmeros policiais no local, juntamente com vários jornalistas, o que é um possível problema.

Saio apressada do carro e praticamente corro até onde Pedro e Jackson estão. Ambos estão conversando, mas quando percebem minha presença, ficam em silêncio.

— Alguma pista? — Pergunto, tentando não encarar a cena que está na minha frente. Pedro nega e faz sinal com a cabeça para que eu o siga para próximo do corpo.

A vítima foi posta sentada, seus olhos estão perfurados e algo metálico cobre todo o seu corpo. Um forte cheiro de carne queimada está pairando no ar. Faço uma careta de nojo e Pedro ri.

— Mercúrio liquido em temperatura elevada, despejado na vítima enquanto ainda estava viva. — O encaro boquiaberta e ele continua pontuando. — Porém, não o suficiente para cobrir o seu corpo, como está agora. O assassino despejou somente o suficiente para o matar, após, abriu seu tórax e retirou o coração.

Assimilo tudo o que Pedro disse e paro para analisar a cena pela primeira vez desde que cheguei com atenção. Me agacho próximo ao coração da vítima que está posto em sua frente, com uma rosa presa e mais alguma coisa em uma sacola, acredito que é para ser possível de ler.

Coloco as luvas e pego o pequeno plástico e retiro um pedaço de papel de dentro. Outra carta.

"O seu primeiro presente para mim, foi uma adaga feita com pequenas partículas de mercúrio liquido. De alguma forma, você conseguiu fazê-la. Prometo recriar todos os seus presentes. Mas diferente dos seus, os meus precisam conter o vermelho do sangue."

Sinto minhas mãos tremerem, minha respiração ficar pesada. É muito pior do que eu poderia imaginar. Fico presa em meus pensamentos, tentando raciocinar o que fazer, como proceder. Pela primeira vez estou me sentindo perdida.

Então, escuto um barulho de carro e me viro para a direção. Um carro estaciona, até mesmo seus vidros são completamente pretos. Fico surpresa ao ver Kaden, Haelyn e Pietro sair do veículo.

— O que ele está fazendo aqui? — Pergunto para os dois e eles dão de ombros, parecendo extremamente desconfortáveis com algo.

Pietro decide ignorar minha presença e se aproxima da vítima. Seus olhos estão presos em cada detalhe, parece que ele consegue ver a alma do morto.

— Eu te dou dois segundos para sair daqui, Pietro! — Escuto Pedro se aproximar, parecendo bastante alterado ao ver o garoto. — Não quero você aqui, nenhum de vocês.

Parecendo nada abalado, ele se levanta e sorri para o Pedro. Fica alguns segundos em silêncio e retira algo do bolso, o que percebo ser um distintivo.

— Eu sou a autoridade aqui, Pedro. Inclusive, vim o mais rápido que pude assim que fui informado que a detetive precisava da minha ajuda. — Sussurra e volta o seu olhar para mim, que estou segurando a carta. Pietro estende a mão pedindo o papel e entrego para ele.

— Por que decidiu ajudar? Depois da nossa conversa, você não parecia muito amistoso — Pergunto.

— Conversa? — Pergunta, uma confusão formada em seu rosto. Vejo que ele olha rapidamente para Haelyn e Kaden, que estão extremamente tensos. — Ah, claro... Só não estava em um bom momento.

— Consegue perceber alguma pista, Pietro? Conseguiu analisar o pendrive, que estávamos focados? — Kaden pergunta desviando o assunto, enquanto Haelyn começa a fotografar a cena do crime.

— Vocês estão deixando passar o mais importante. — Fala, presunçoso. — Focaram tanto no pendrive e se esqueceram das demais pistas, que mostrava o local exato do segundo assassinato.

— O pendrive era uma distração. — Murmuro e ele assente. Kaden pega o celular e entrega para ele, o vejo mostrar a carta que encontramos anteriormente.

— O que dizia na primeira carta, Agatha? — Pergunta e fico sem o que responder, fiquei tão focada no maldito pendrive que nem sequer olhei as demais pistas encontradas. — Foi o que imaginei, você não viu. Mas eu vi.

— Mostrei para ele, agora. — Kaden responde rapidamente, quando percebe que fiquei confusa.

"Me disseram que Hades era o Deus do inferno, torturava e fazia todos sofrerem. Não tinha remorso ou piedade. Mas ainda, sim, o adoravam. Queria poder ficar mais próximo de você, poder sentir sua presença novamente. Eles nunca vão ser capazes de te esquecer, eu prometo." — Ele cita, aparentemente, o que havia escrito na primeira carta.

— O que Hades, a porcaria de um Deus grego, tem a ver com esses assassinatos, Pietro? — Pergunto, irritada.

— Onde estamos, detetive? — Pergunta e sorri. — Antigamente o Panteão era o templo que os gregos e os romanos consagravam a todos os deuses. Hades era um Deus grego. Qual o melhor local para se sentir próximo a Hades senão o local em que todos o adoravam?

— Como você conseguiu desvendar isso? — Pergunto, um tanto quanto chocada.

— Já passei por muitas coisas, tive que aprender a me virar. A saber sempre estar um passo a frente de qualquer um. — Responde simplesmente e então caminha para próximo da Haelyn.

Se as cartas deixadas contém pistas do próximo local que o assassino vai deixar o corpo. Se conseguirmos desvendar e chegar até o local primeiro que ele, teremos a chance de pegá-lo.

— Onde está a carta que encontramos aqui? — Pergunto para Kaden.

— Está com a Haelyn.

Corro até ela, que está conversando com Pietro e pego rapidamente a carta de sua mão, empurrando na direção ao homem.

— Qual o próximo local, Pietro? — Pergunto, ele me encara e Haelyn toca o seu braço. Vejo que ela pede com o olhar para que ele fale. Em poucas horas, Pietro mudou da água para o vinho, e sendo bem sincera, não sei se isso é bom para nós.

"O seu primeiro presente para mim, foi uma adaga feita com pequenas partículas de mercúrio liquido. De alguma forma, você conseguiu fazê-la. Prometo recriar todos os seus presentes. Mas diferente dos seus, os meus precisam conter o vermelho do sangue." — Lê em voz alta. — O que o sangue e a rosa-vermelha tem em comum, Agatha? — Pergunta.

— A cor. O vermelho. — Respondo prontamente.

— Além da cor, nunca é tão simples. O sangue é vermelho, a rosa-vermelha se você se ferir em seus espinhos, te dá o sangue. — Fala. — Qual o local que te dá as duas coisas se não tiver cuidado?

— Um jardim. — Pietro sorri ao ouvir minha resposta. — Mas não um jardim qualquer, um que temos a certeza que tem rosas-vermelhas.

— E qual local é esse detetive? — Pergunta.

— O monumento a Vítor Emanuel II. — Concluo e saio correndo em direção ao carro. Aciono os demais policiais.

Eu precisava estar certa, pelo menos dessa vez. Quando estou prestes a entrar no carro, vejo Pietro pegar o celular que estava em seu bolso e aparentemente atender uma ligação. Sua expressão está séria, mas no momento não tenho tempo para isso, preciso chegar até o próximo local de crime.










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