𝐍𝐚 𝐜𝐚𝐥𝐚𝐝𝐚 𝐝𝐚 𝐧𝐨𝐢𝐭𝐞, 𝐜𝐨𝐢𝐬𝐚𝐬 𝐞𝐬𝐭𝐫𝐚𝐧𝐡𝐚𝐬 𝐚𝐜𝐨𝐧𝐭𝐞𝐜𝐞𝐦
𝐍𝐚 𝐜𝐚𝐥𝐚𝐝𝐚 𝐝𝐚 𝐧𝐨𝐢𝐭𝐞, 𝐨 𝐦𝐮𝐧𝐝𝐨 𝐟𝐢𝐜𝐚 𝐟𝐫𝐢𝐨
𝐐𝐮𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐚𝐬 𝐥𝐮𝐳𝐞𝐬 𝐬𝐞 𝐚𝐩𝐚𝐠𝐚𝐦 𝐚𝐨 𝐫𝐞𝐝𝐨𝐫 𝐞 𝐬𝐮𝐬𝐬𝐮𝐫𝐫𝐨𝐬 𝐞𝐧𝐜𝐡𝐞𝐦 𝐨 𝐚𝐫
𝐍𝐚 𝐜𝐚𝐥𝐚𝐝𝐚 𝐝𝐚 𝐧𝐨𝐢𝐭𝐞, 𝐟𝐢𝐪𝐮𝐞 𝐛𝐞𝐦 𝐚𝐩𝐞𝐫𝐭𝐚𝐝𝐨
𝐐𝐮𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐚 𝐥𝐮𝐳 𝐝𝐨 𝐝𝐢𝐚 𝐝𝐞𝐬𝐚𝐩𝐚𝐫𝐞𝐜𝐞, 𝐯𝐨𝐜𝐞̂ 𝐧𝐚̃𝐨 𝐞𝐧𝐜𝐨𝐧𝐭𝐫𝐚𝐫𝐚́ 𝐚𝐛𝐫𝐢𝐠𝐨 𝐧𝐞𝐬𝐭𝐚 𝐭𝐞𝐢𝐚 𝐞𝐦𝐚𝐫𝐚𝐧𝐡𝐚𝐝𝐚 𝐝𝐞 𝐦𝐞𝐝𝐨
[22 ANOS ANTES, ITÁLIA]
Os assassinatos não cessaram com Lúcio. Um a um, os homens fiéis a Dominic caíam, entregues a mortes horrendas que pareciam saídas de um pesadelo, corpos rasgados, rostos petrificados de pavor, enquanto o sangue tingia as ruas e becos. Era como uma coreografia perversa, uma dança macabra nas sombras, executada por alguém que conhecia profundamente o significado da dor. Os corpos, quando encontrados, traziam a marca inconfundível de uma vingança fria e calculada. A carnificina era silenciosa, sem testemunhas ou rastros, como uma dança sombria nas sombras.
Meu pai, incansável, revirava a cidade em busca de uma resposta, uma faísca que lhe apontasse quem ousava desafiá-lo de forma tão selvagem. Mas eu sabia. Eu conhecia o nome do demônio que perseguia aqueles homens e torcia, do fundo do meu ser, para que ele rasgasse cada um deles.
Naquela manhã, estava prestes a sair quando avistei Pedro, um dos sócios do meu pai, parado à porta, uma caixa nas mãos. Ela parecia pesada, como se carregasse todos os segredos de uma vida — segredos que ele nem imaginava estarem prestes a se voltar contra ele.
— Bom dia, Pedro. — Cumprimentei-o, um sorriso discreto nos lábios, o olhar atento. — A essa hora, e trazendo uma encomenda... o que faz aqui?
— Preciso entregar isso para seu pai. — Pedro ergueu a caixa. — Ele está?
— Saiu cedo para encontrar Agatha, minha irmã. — respondi. O espanto em seu rosto me divertiu. — Quer que eu entregue?
— Você é a pessoa mais confiável aqui, afinal, é filha dele. — Ele sorriu e me entregou a caixa, saindo logo em seguida.
Assim que Pedro desapareceu de vista, subi ao meu quarto, coração acelerado, com uma curiosidade quase doentia. Rasguei o lacre e levantei a tampa da caixa, revelando um conjunto de dossiês, mapas e listas. Cada papel era uma confissão sem palavras, um roteiro detalhado dos negócios sujos do meu pai.
Então, entre os papéis, surgiu um nome. Pietro Lamartine. Fitei as letras, frias e imponentes, como se tivessem o peso de um destino já selado. Continuei folheando, a respiração pesada, absorvendo cada segredo, cada localização de pontos de encontro, nomes que nem sabia que existiam. Naquele momento, a verdade era um veneno delicioso, e eu sabia exatamente o que precisava fazer.
Com mãos trêmulas, digitei uma mensagem em meu celular, sentindo o poder de cada palavra. Eu sabia que aquela mensagem mudaria tudo – ou daria início ao caos.
[Aiyana]: Olá, Pietro.
[Pietro]: Vejo que alguém fez a lição de casa...
[Pietro]: Já sei quando você tem segredos só pela forma como digita.
[Aiyana]: Dessa vez, Pietro, é algo que você vai adorar. Tenho uma coleção de informações que vai te dar o poder de desmantelar tudo... e todos. Cada traidor, cada desgraçado ao redor dele. Inclusive meu próprio pai.
[Pietro]: Hmm... estou curioso, principessa. O que essa mente perversa conseguiu para mim?
[Aiyana]: Mapas, nomes, contas, rotas de contrabando. É o império dele desvendado, nu, pronto para ser destruído. Mas preciso te mostrar pessoalmente... é a única forma.
[Pietro]: Que tentador, meu anjo sombrio. Não pensei que sua sede de vingança fosse tão doce. E o que você quer em troca por essa traição sangrenta?
[Aiyana]: Eu quero ver cada centímetro do império dele se desfazer nas suas mãos. Quero estar ao seu lado quando for a vez dele... quando ele implorar por misericórdia e você sorrir. Preciso de você para isso, Pietro.
[Pietro]: Ah, Aiyana... você é um demoniozinho escondido atrás dessa sua cara de anjo. Mas sua traição precisa ser recompensada. E o sangue do seu pai será só o começo.
[Aiyana]: Então me diga onde. Me encontre em um lugar onde possamos começar a guerra sem ninguém para interromper.
[Pietro]: Vou te mandar a localização, principessa. Prepare-se, porque começamos o que jamais terá fim.
[Aiyana]: Estarei lá.
[Pietro]: Te aguardo... que tudo comece com sangue.
Assim que recebo a localização dele, guardo os papéis de volta na caixa, cada documento como uma faísca aguardando sua hora de incendiar tudo. Saio de casa sem olhar para trás, carregando comigo aquele segredo mortal.
O ar parecia mais denso, eletrificado, como se o próprio universo esperasse pela tragédia iminente. Uma parte de mim ardia de ansiedade, desejando ver o império do meu pai desmoronar, tijolo por tijolo, enquanto cada segredo obscuro que ele cultivara se virava contra ele. Eu sabia que aquilo provocaria uma guerra — uma guerra sem misericórdia, sem chance de redenção. E a ideia de vê-lo ruir me fazia sentir viva como nunca antes.
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LAMARTINE
RomanceFaziam exatos 15 anos desde a última vez que Pietro viu os olhos de uma das pessoas que ele mais amou durante toda sua vida. Aiyana. Aiyana Lamartine. Até os dias de hoje, sua morte nunca foi esclarecida, as autoridades simplesmente abandonaram o...