| CAPÍTULO 05 |

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Agatha Chermontt

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Agatha Chermontt


Estava chegando em casa após meu dia extremamente tumultuado, sinto meu corpo pesado, minha cabeça dói. Me escoro na parede do elevador após ter uma leve vertigem. Minha cabeça continua tentando assimilar toda a informação. Tudo que está realmente acontecendo.

O elevador para no andar do meu apartamento e sinto um calafrio subir pela minha espinha. A porta está completamente destruída e por dentro está escuro e silencioso. Mando rapidamente uma mensagem para Kaden e Haelyn. Me aproximo lentamente da porta, com minha arma em mãos.

— Quem está aí? — Grito e não escuto nada, está tudo silencioso. Aguardo mais alguns minutos para tentar captar alguma movimentação, mas nada por enquanto.

Entro no meu apartamento e está tudo no devido lugar, a única coisa destruída é minha porta aparentemente.

Então algo chama atenção. Tenho total certeza que não havia deixado nada em cima da minha mesa, e tenho o vislumbre de um pequeno papel dobrado. Me aproximo cautelosamente e o pego.

Minhas mãos tremem, minha respiração falha e sinto meus olhos arderem. Não é um simples papel, é um nome. Uma caligrafia perfeita, escrita à mão. Na cadeira, uma pasta com o mesmo nome, consigo ver que dentro dela tem um livro. 

"Pietro Lamartine"

Ouço um barulho vindo do lado de fora da minha janela e me aproximo, deixando o bilhete com o nome em cima da mesa. A janela está trancada, mas observo uma carta presa nela. Pego e começo a ler.

"Nem que eu quebre todos os seus ossos e queime o seu corpo, ainda vivo... Você se matou no dia em que decidiu encostar em alguém que eu me importava.

Foi a primeira frase que você me disse. Eu fiz o mesmo juramento por você. Eu vou queimá-los. Todos.

Esse foi o meu presente para você...

Pietro Lamartine está morto."

Sinto um tremor percorrer todo o meu corpo e ao olhar pela janela vejo um enorme clarão, sendo seguido de chamas e um estrondo terrível. Fecho os olhos com força ao escutar meu celular tocar.

[AGATHA] Eu acabei de ver a explosão... O que aconteceu? — Pergunto assim que atendo.

[KADEN] Fórum Romano, Agatha. Preciso que venha até aqui. — Ele desliga e saio do apartamento.

Demoro exatos 15 minutos para chegar até o local que Kaden pediu, e pela vigésima vez nos últimos dias sinto vontade de vomitar com a cena.

Sete caixões, postos um ao lado do outro. Cada um com um corpo dentro. Queimados. Sem analisar muito, consigo perceber que foram queimados enquanto ainda estavam vivos. O cheiro da gasolina cobre todo o ar. Percebo que a explosão foi causada devido aos diversos explosivos presentes no local.

Haelyn e Kaden se aproximam de mim. Mas não são os olhos deles que chamam minha atenção. 

— Como fomos capazes de deixar todo esse caos acontecer? — Pergunto desnorteada, não consigo entender o que está acontecendo. O que diabos está acontecendo. Pela primeira vez em muito tempo, deixo as lágrimas caírem e me agacho no chão.

— Agatha... — Ouço Kaden me chamar e fecho os olhos com força. — Você precisa fazer a vistoria e liberar a área para a perícia. Estamos ficando sem tempo.

— Acaba com isso, Kaden... — Murmuro e entrego a carta que estava em meu apartamento para ele. — Entrega esse caso para outra pessoa, traz a porcaria do FBI para cá, só... por favor, acaba de uma vez com esses assassinatos. Eu não quero mais ver nenhuma cena como essa. — Sinto braços me rodearem e o cabelo loiro da Haelyn cobre minha visão, me fazendo chorar ainda mais abraçada com ela.

Estou exausta.

— Quem precisa lidar com esse caso é você Agatha. — Kaden fala calmamente. — Você escolheu estar envolvida nesse mundo. Existe alguém além de mim que foi criado para lidar com mortes, sendo apenas mortes. Você foi criada para lidar com as mortes, sendo a perda de alguém. Não pode deixar seus sentimentos te dominarem nesse caso. Se algum dia tiver a oportunidade de conhecê-lo, saberá exatamente do que se trata a frase que te disse.

— Estou exausta... — Falo. — Só quero que isso acabe logo.

— Não posso fazer isso por você. — Ele fala, pega o celular e aparenta estar mandando uma mensagem. — Mas conheço alguém que pode.

Me levanto e me aproximo dos corpos, quando de repente ouço um barulho na minha frente e vejo um homem sair das sombras. Tomo um susto e recuo, sinto Kaden do meu lado.

O homem caminha em nossa direção e sinto um cheiro forte de combustível com ele. Arregalo os olhos e percebo lágrimas descerem pelo rosto dele.

— Eu não queria matá-lo, eu juro detetive. Era apenas para dar um susto em todos, ele precisava sobreviver. Mas as coisas saíram do controle, o poder subiu na cabeça e eu puxei o gatilho. Acertei no coração, depois arrastei seu corpo para arbustos venenosos e deixei para os animais comerem. No dia seguinte, voltei até o local, mas não tinha mais nada lá, somente cinzas. Tudo foi queimado. — Ele sorri, com as lágrimas caindo mais intensamente. — Da mesma forma que eu vou queimar. — Ele ascende o isqueiro que está em sua mão e coloca fogo no próprio corpo. — Grito e tento correr até ele, quando vejo o fogo o consumir, mas Kaden me segura. — Pietro Lamartine está morto. — Escuto seu último sussurro e então o homem está morto.

Kaden me solta e vejo seus olhos com lágrimas, que ele logo trata de disfarçar.

— Kaden? — O chamo e ele me encara. — É o mesmo nome...

— Como assim Agatha? De onde você conhece esse nome? — Pergunta desconfiado.

— Não leu a carta que te entreguei? — Pergunto e ele nega. — Encontrei ela no meu apartamento hoje. Foi invadido e deixaram isso lá. Tem esse mesmo nome no papel, afirmando estar morto. — Kaden rapidamente tira uma foto do papel em suas mãos.

— Você não pode voltar para sua casa detetive. — Fala baixo.

— Por que não?

— Quem entrou no seu apartamento e deixou essa carta foi o assassino. E eu tenho motivos o suficiente para acreditar que agora, você é um dos possíveis alvos dele. 

— Como assim? Da forma como está dizendo, da a entender que você conhece quem está causando isso tudo. — Kaden permanece em silêncio, pensando. — Kaden...

Sem dizer uma só palavra, ele se retira, indo para perto de uma das inúmeras viaturas que estão no local. 



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