.26: Sem Piedade

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Embora o sol siga coberto por nuvens, sua luz ainda consegue iluminar mais uma fria manhã de inverno. A maioria dos sobreviventes estão do lado de fora da casa, esperando os militares terminarem de remover a neve que cobriu o caminhão estacionado em frente à residência. Na varanda, Lydia fica curvada no parapeito, apoiando os braços sobre o mesmo, observando atentamente os soldados e também aos seus companheiros que ajudam no serviço ou apenas observam também. O som de passos chama a sua atenção, a fazendo olhar para a direita e ver Yumi saindo da casa, abotoando uma jaqueta jeans azul clara.

ㅤㅤㅤㅤ— Oi, bom dia. — ela sorri e se aproxima da cacheada. — Queria me desculpar por não termos conversado ontem. Muita coisa acontecendo de uma só vez, sabe? Acabei me esquecendo.

ㅤㅤㅤㅤ— Não, tá tudo certo, até eu me esqueci também. — Lydia sorri de volta.

ㅤㅤㅤㅤ— Mas então, o que queria falar? — a asiática se apoia no parapeito ao lado da outra mulher.

ㅤㅤㅤㅤ— Ah, é melhor uma outra hora, sabe? Você vai com o Dylan e o Abraham nessa faculdade daqui a pouco e eu quero começar e terminar esse assunto em uma só conversa.

ㅤㅤㅤㅤ— Ah, certo então. Você não quer ir mesmo?

ㅤㅤㅤㅤ— O Jacob e a Max vão também, além do Thomas. Já têm seis pessoas; acho que vou ser mais útil ficando de olho aqui.

ㅤㅤㅤㅤ— Certo então. Quando a gente voltar, a primeira pessoa com quem vou falar vai ser você. — Yumi dá um soco sem força no braço da amiga.

ㅤㅤㅤㅤ— Promessa é dívida, ein? — ela ri fraco, sendo acompanhada pela outra mulher.

ㅤㅤㅤㅤ— Até depois. — a morena se despede e vai até a saída da varanda, descendo as escadas sem perceber Lydia passando a destra nos cachos e bater o punho no tampo de pedra.

ㅤㅤㅤㅤDentro do quarto onde Dylan dorme, Millie permanece sentada na cama, balançando as pernas enquanto observa Dylan em pé diante de uma escrivaninha, terminando de montar a Desert Eagle após fazer uma limpeza na mesma. A menina segura o MP3, mas os fones não estão em seus ouvidos.

ㅤㅤㅤㅤ— Você tem mesmo que ir? — suas mãos inquietas a fazem deslizar os dedos pelo corpo de plástico do aparelho.

ㅤㅤㅤㅤ— Eu quero. Preciso ver como é esse lugar, ter certeza se o que eles tão falando é verdade mesmo.

ㅤㅤㅤㅤ— E se não for? E se acontecer algo com vocês? — a voz de Millie transparece preocupação. Ela respira fundo.

ㅤㅤㅤㅤ— A gente dá um jeito. E tem gente aqui que pode dar um jeito também, caso as coisas fiquem ruins.

ㅤㅤㅤㅤ— Eu quero ir com você. — ela se levanta e solta o MP3 no colchão. — Por favor. — a menina franze o cenho.

ㅤㅤㅤㅤ— Não. — Dylan põe o carregador na arma e a trava, guardando-a no coldre antes de se virar para a menina. — É melhor você ficar aqui e sem discussões dessa vez.

ㅤㅤㅤㅤ— Por favor, Dylan... eu-eu ainda fico imaginando as coisas de ontem, com você caído e sangrando... não quero que outra coisa assim aconteça com você de novo. E eu não quero ficar sozinha aqui.

ㅤㅤㅤㅤDylan nota a respiração da menina ficando mais pesada e seu rosto ganhando uma coloração vermelha. Ele então se aproxima dela e mesmo com a sua perna doendo ao curvar-se, ele pousa as mãos em seus ombros e a encara:

ㅤㅤㅤㅤ— Ei, ei, fica calma. Respira, lembra? Controla a sua respiração. — ele encara as pupilas verdes de Millie antes da menina fechar os olhos e começar a se acalmar.

Sangrentos: Destinos CruzadosOnde histórias criam vida. Descubra agora