Uma poderosa explosão faz as estruturas do Ed. Residencial Lammar se tremerem o suficiente para que as pessoas em seu interior consigam sentir. Dentro do terceiro quarto do sexto andar, os detetives Foster e Riggs veem um forte clarão laranja iluminar de longe e se dirigem até a varanda, vendo um gigantesco cogumelo de fogo subir ao céu, há cerca de três quilômetros de distância. Imediatamente, dezenas de postes de iluminação e janelas de prédios nos arredores se apagam, afundando Denverport nas trevas. Felizmente, o prédio onde Dylan vive é alimentado por geradores de emergência, que são ligados em caso de quedas de energia. A luz do seu apartamento até chega a se apagar, mas logo volta.
ㅤㅤㅤㅤ— Merda... isso veio da subestação? — indaga Maria, olhando incrédula para a bola de fogo.
ㅤㅤㅤㅤ— É. Os geradores podem alimentar esse prédio inteiro por duas horas. Temos que sair daqui logo — Dylan fala já podendo ouvir novamente os outros barulhos caóticos no interior da capital.
ㅤㅤㅤㅤ— Droga, a menina! — Riggs se vira e corre até o rádio, pegando o comunicador que Foster havia deixado cair para acompanhar a explosão
ㅤㅤㅤㅤDylan, por sua vez, vai logo atrás e vê a mulher pegar o comunicador antes que ele pudesse dizer qualquer coisa sobre ignorar aquilo:
ㅤㅤㅤㅤ— Atenção, quem fala é Maria Riggs, da polícia de Denverport. Se puder me ouvir, por favor, responda, câmbio.
ㅤㅤㅤㅤ— Oi, eu tô aqui. Você pode me ajudar? — Millie responde olhando para as dezenas de infectados na vidraça da sorveteria. — Eu tô sozinha aqui.
ㅤㅤㅤㅤ— Sim, nós podemos — ela fala olhando para Dylan, que suspira e olha para baixo, pondo as mãos na cintura. — Pode me dizer o seu nome e onde está?
ㅤㅤㅤㅤ— Meu nome é Millie Holmes... e eu... tô numa sorveteria, mas nunca estive nessa cidade. — a menor se afasta do vidro ao ver que o mesmo está começando a rachar com o peso dos infectados sobre ele.
ㅤㅤㅤㅤ— E tem alguém com você, Millie?
ㅤㅤㅤㅤ— O meu amigo morreu, foi devorado por esses monstros. — uma pontada de dor em seu pulso inchado a faz gemer baixinho e ela se agacha, juntando suas coisas em sua mochila.
ㅤㅤㅤㅤ— Você tá ferida? — Riggs nota a lamúria da garota.
ㅤㅤㅤㅤ— Meu pulso tá inchado e doendo muito-- — a voz de Millie é interrompida por um estrondo alto.
ㅤㅤㅤㅤ— Millie?? Garota, pode me ouvir? — como resposta, ela tem apenas um grito da menina e uma série de grunhidos. — Merda...
ㅤㅤㅤㅤ— Deixa isso pra lá, Riggs. Ela deve tá morta — fala Dylan, se aproximando dela.
ㅤㅤㅤㅤ— Não! Ela é a primeira pessoa que encontramos, não podemos desistir até ter certeza! — ela se vira e aponta o indicador no rosto do homem.
ㅤㅤㅤㅤ— Isso não é certeza o bastante pra você? — Dylan aponta para o rádio, ainda com sons altos de grunhidos.
ㅤㅤㅤㅤ— O que tá acontecendo com você? Não era você quem sempre falava que nosso dever é ajudar as pessoas? — a voz de Riggs se eleva.
ㅤㅤㅤㅤ— Agora é diferente, Maria. Você mesma me mostrou o que tá acontecendo.
ㅤㅤㅤㅤ— O mundo que tá acabando, Dylan. Não quem nós somos. — ela o encara. — se quiser, pode ir. Mas eu vou esperar pra ter certeza — Riggs declara e se vira, olhando para o rádio.
ㅤㅤㅤㅤJá Dylan, fica parado, convencido por ela, embora, internamente, ele ache isso uma péssima ideia.
Os braços putrefatos dos canibais sacodem em uma dança demoníaca enquanto alguns dos cadáveres caem para dentro da sorveteria após o seu peso estilhaçar a vidraça da sorveteria e assustar Millie, que abraça a mochila e, tomada de pânico ela começa a correr até o balcão, com as lágrimas transbordando dos olhos. Subindo em um dos bancos, a menor salta o balcão, mas acaba tropeçando em alguns porta-guardanapos e perde o equilíbrio, caindo sobre seu braço esquerdo e deslizando no piso gelado e escorregadio. Ela dá um breve gemido de dor, mas a sua vontade de sair daquele inferno é maior e ela se levanta, segurando a alça da mochila e catando a lanterna com o walkie-talkie e se dirige até uma porta com uma placa escrita “Acesso restrito a funcionários” — que ela ignora — e a empurra com força, soltando seus pertences e fechando a entrada e, com a pouca força que lhe resta, empurra uma estante na mesma, a bloqueando.
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Sangrentos: Destinos Cruzados
TerrorUma pandemia causa o colapso mundial, tirando de circulação governos, comércios, emissoras de TV e a vida como era conhecida; uma praga que faz os mortos se erguerem para o topo da cadeia alimentar e dominarem o globo, banqueteando-se dos vivos. Na...