O odor pútrido e os grunhidos mórbidos dos canibais ficam cada vez mais fortes e isso é preocupante para Dylan, que pela primeira vez desde que toda essa disseminação de mortos-vivos começou, se vê sem opções a não ser aceitar uma morte lenta, terrível e dolorosa. Apesar disso, ele está disposto a tentar mudar isso e lutar até o último momento, por qualquer forma que seja possível de salvar a si mesmo e a Millie.
ㅤㅤㅤㅤ— Abre a porta!! — furioso, ele chuta o vidro, mesmo sabendo que não fará efeito nenhum no material.
ㅤㅤㅤㅤ— Holkins, se for fazer alguma coisa, tem que fazer logo!! — Brad exclama, olhando o home de terno.
ㅤㅤㅤㅤ— Meu bom Deus, me ajude! — trêmulo, o engravatado encaixa uma chave no mecanismo das portas, as ativando, mas por elas serem automáticas, ambas são abertas.
ㅤㅤㅤㅤ— Anda logo! — Dylan puxa Millie consigo para dentro do shopping e os dois caem no piso frio de azulejos, exaustos.
ㅤㅤㅤㅤ— Fecha! Fecha isso!!! — o jovem de degradê esperneia enquanto vê Holkins girar sua chave novamente, mas as portas não irão fechar a tempo de impedir a entrada dos reanimados.
ㅤㅤㅤㅤ— Merda... — Millie observa a cena com o suor pingando do seu nariz e queixo, já sem forças para se levantar e correr.
ㅤㅤㅤㅤ— Se afastem! — Dylan se levanta e ergue a Python, atirando na cabeça do lixeiro que estava prestes a entrar no shopping. O policial dispara mais duas vezes, atingindo um casal de errantes e seus corpos agem como obstáculos para os demais, que tropeçam neles e vão ao chão, causando um efeito dominó na horda. Já bem perto da porta, ele ainda atira uma última vez, acertado a boca de uma jovem de cabelos negros, que estava esticando as mãos para agarrar as portas e as mesmas se fecham, contendo o avanço dos errantes, que começam a se espalhar pelo vidro.
ㅤㅤㅤㅤ— Meu Jesus... — sentindo um zumbido em suas orelhas, Holkins afrouxa a gravata, olhando a massa de mortos sujar os vidros com suas bocas e mãos ensanguentadas.
ㅤㅤㅤㅤ— Você tá bem? — Dylan caminha até Millie e estende a mão esquerda para ela, que a segura e se levanta devagar, depois de se desfazer da mochila e do enorme casaco.
ㅤㅤㅤㅤ— Tô, só o meu joelho que tá doendo... — ele se mantém apoiada no mais velho.
ㅤㅤㅤㅤ— A gente vê isso depois — ele a responde e se vira para os outros dois, notando que enquanto o homem chamado Holkins está digitando um código em um pequeno teclado numérico instalado na parede ao lado da vidraça, o mais jovem está fixado nos mortos. Brad sua frio e engole em seco. De repente, portas de metal começam a descer e bloqueiam a entrada, bem como a luz do sol que penetrava por entre os braços putrefatos. O único indício de que há canibais do outro lado são os sons dos seus grunhidos e socos no vidro.
ㅤㅤㅤㅤ— Ok... eles não podem nos ver, devem ir embora nas próximas horas — comenta Holkins, se dirigindo para onde estão os dois recém-chegados. - Brad, avise ao Stevens e aos demais que a situação está controlada, sim? Não há mais motivo para pânico.
ㅤㅤㅤㅤ— Certo, chefe. — Brad confirma com a cabeça e encara Dylan por alguns instantes antes de se virar e ir para as escadas rolantes ao fundo.
ㅤㅤㅤㅤ— Têm mais pessoas aqui? — pede Dylan, olhando o anfitrião.
ㅤㅤㅤㅤ— Calma lá, eu que faço as perguntas aqui. — ajeitando os óculos no rosto, ele fita o joelho e depois o rosto de Millie, que engole em seco. — Onde conseguiu isso?
ㅤㅤㅤㅤ— Eu caí e ralei o joelho lá fora, só isso. E o resto do sangue é porque um desses bichos caiu em cima de mim. Mas não fui mordida e nem arranhada, tá bom? — a mais nova o encara, temerosa.
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Sangrentos: Destinos Cruzados
TerrorUma pandemia causa o colapso mundial, tirando de circulação governos, comércios, emissoras de TV e a vida como era conhecida; uma praga que faz os mortos se erguerem para o topo da cadeia alimentar e dominarem o globo, banqueteando-se dos vivos. Na...