O odor pútrido dos corpos crivados de tiros começa a empestear o ambiente e várias moscas já podem ser ouvidas sobrevoando a área e sendo as primeiras a se alimentarem do banquete de carniça. Pelo retrovisor da caminhonete, Yumi observa seu olho esquerdo levemente inchado, mas ainda conseguindo o abrir parcialmente e bufa de desprezo, vendo pelo reflexo, o cadáver de Chuck, que ela fez questão de pisotear várias vezes na área da genitália, a destruindo. A morena deixa sua coluna ereta e olha Millie, que está sentada no banco do motorista da S-10, olhando para o caminhão amarelo onde Dylan e um dos militares conversam enquanto Brad ajuda outros soldados a pilharem os suprimentos da mercearia:
ㅤㅤㅤㅤ— Não se preocupem, abatemos os que estavam nos prédios próximos. Essa área é segura agora, pelo menos contra os vivos. E sou o tenente Jones, líder desse batalhão.
ㅤㅤㅤㅤ— Ok... tenente. E o que estão fazendo por aqui? Atrás de sobreviventes? — pede Brad, guardando outra caixa na traseira do veículo.
ㅤㅤㅤㅤ— Não exatamente — fala o superior. — Estamos saindo da cidade.
ㅤㅤㅤㅤ— Não têm mais pessoas pra salvarem? — Dylan mantém a destra apoiada sobre a coronha da pistola em seu coldre.
ㅤㅤㅤㅤ— Negativo, oficial. Ainda há centenas de pessoas vivas, mas não podemos fazer nada para mantê-las assim.
ㅤㅤㅤㅤ— O que querem dizer com isso? — pergunta Yumi, da caminhonete.
ㅤㅤㅤㅤ— Vocês só precisam saber de uma coisa: a pouca segurança que Denverport ainda oferece vai deixar de existir em breve.
ㅤㅤㅤㅤOs quatro sobreviventes ficam em silêncio, mas diferente dos demais, Dylan olha ao redor, cada um dos soldados e contabiliza doze deles, todos bem armados e equipados, formando o pequeno grupo de fuga.
ㅤㅤㅤㅤ— O que quer dizer com isso? — ele olha para o tenente.
ㅤㅤㅤㅤ— Que pessoas que estão escondidas em casas, lojas ou num buraco qualquer ainda estão com chances de sobreviverem. Mas amanhã, tudo isso vai acabar. — Jones ajeita a M-16 presa em seu tronco pela bandoleira.
ㅤㅤㅤㅤ— E o que vai ter amanhã? — Yumi franze o cenho.
ㅤㅤㅤㅤ— Madame, o que devíamos fazer agora é deixar a cidade o quanto antes.
ㅤㅤㅤㅤ— Se é isso o que está propondo; que a gente vá com vocês, aceitamos. — a afirmação de Dylan o faz ser alvo dos olhares de todos os seus companheiros.
ㅤㅤㅤㅤ— É exatamente isso — responde Jones.
ㅤㅤㅤㅤ— Mas nós temos um lugar pra ir, se puderem nos deixar próximo, já vai ser de grande ajuda.
ㅤㅤㅤㅤ— Podemos fazer isso. O protocolo antigo era levar os sobreviventes para as zonas de segurança, mas a inteligência agora está cagando pra isso.
ㅤㅤㅤㅤ— O quê? — brad o olha ainda sem entender nada de toda essa história.
ㅤㅤㅤㅤ— Peguem suas coisas logo e subam no caminhão. Quando for seguro, contaremos tudo o que quiserem saber. Mas por hora, só vamos sair desse lugar, não sabemos se outros desse grupo que atacou vocês estão por perto. — Jones se vira e vai andando até os veículos.
ㅤㅤㅤㅤMillie pega seu revólver novamente e Dylan vai até o corpo de Derick, pegando a Mossberg e também a mochila dele. Yumi se arma com uma Uzi que estava no chão, junto de todos os pentes para a arma que consegue achar, Brad pega apenas seu bastão e o grupo sobe na traseira do caminhão junto de mais quatro soldados.
***
Sentado entre várias caixas de enlatados, conservas e garrafas de água, sucos e até mesmo refrigerantes, Dylan observa os prédios de até oito andares que vão ficando para trás conforme o caminhão segue seu caminho há quase trinta minutos, já que precisou fazer vários desvios para escapar de ruas completamente obstruídas ou por veículos, ou mortos, ou destroços de construções que foram destruídas durante os distúrbios da noite zero. A ausência de cobertura no cargueiro do caminhão faz com que o agradável vento frio sopre os cabelos de todos os ocupantes e Millie — ao lado do policial — precisa amarrar suas mechas. Sentada de frente para a dupla, Yumi encara principalmente Dylan, que ainda está distraído com os prédios e depois olha para Brad, que parece se incomodar com algo no pedaço do assoalho onde está sentado, já que ele não para de se mexer, buscando uma posição mais confortável.
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Sangrentos: Destinos Cruzados
HororUma pandemia causa o colapso mundial, tirando de circulação governos, comércios, emissoras de TV e a vida como era conhecida; uma praga que faz os mortos se erguerem para o topo da cadeia alimentar e dominarem o globo, banqueteando-se dos vivos. Na...