Parte 4

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No carro, ficamos em silêncio e pude ficar observando as mãos dele rodarem o volante e trocar as marchas do carro. Aquilo era sedutor demais. Talvez ele tenha percebido meus olhares, mas ... eu não ligo.

Chegamos na padaria em menos de 5 minutos. Ela era muito charmosa. Como o dia estava lindo, sentamos nas mesas que ficavam na área externa. A atendente se aproximou e o Sr. Kento disse que queria o de sempre. Com certeza, ele era cliente da padaria a muito tempo.

Quando a atendente se voltou para mim eu pedi o que costumava comer no café da manhã. Apesar de não sentir muita fome, eu precisava nutrir meu corpo. Fiquei olhando a atendente se retirar.

- Você vai comer só isso? Tem certeza? - ele se debruçou um pouco sobre a mesa, cruzou os braços fortes e me encarou com um olhar carinhoso.

- Eu costumo comer isso mesmo, não se preocupe. O que você pediu? - perguntei curiosa e copiei o gesto dele de se debruçar e cruzar os braços.

Ele riu de canto de boca e me olhou de cima embaixo.

- Eu adoro um sanduíche que eles fazem aqui. Sempre que venho, eu peço. É extremamente ... delicioso!

Ele não parava de me olhar. Comecei a ficar corada.

- Sr. Kento ... por favor, aceite meu pedido de agradecimento. Se não fosse você, eu estaria ... morta. - minha expressão ficou séria e senti vontade de chorar - Eu não poderia estar aqui, aproveitando esse dia maravilhoso. Então, realmente ... muito obrigada.

- Srta. Saito! Eu não costumo aceitar agradecimentos. Vamos dizer que existe uma maneira bem mais prática de você se mostrar agradecida. A partir de hoje você está em dívida comigo. Com certeza vai aparecer uma forma bem interessante de cobrá-la. - ele disse isso erguendo uma das sobrancelhas e dando um gole em seu café.

Abri a boca para retrucar, mas percebi a atendente se aproximando com as bandejas. Ela terminou de nos servir e começamos a comer.

Meu apetite tinha voltado, comi rapidamente meu café da manhã e fitei o sanduíche do Sr. Kento. Parecia muito apetitoso mesmo. Ele percebeu e estendeu a mão, me oferecendo o lanche. Eu recusei.

- Pode comer, eu peço outro para mim! - ele procurou a atendente com o olhar e quando a achou, fez gestos com a mão de que queria outro sanduíche.

"Bom, nesse caso ...", não pensei duas vezes, peguei o sanduíche com as duas mãos e dei uma mordida enorme, enchendo a boca. Fechei os olhos. Que explosão de sabores. Realmente era um lanche muito bom!

- Hmmmm ... Sr. Kento, qual o nome desse sanduíche? É muito bom! - falei com a boca cheia.

Voltei meus olhos para ele e ele estava debruçado sobre a palma de uma das mãos me observando comer. Eu corei na hora. Ele riu alto.

- Se chama pedaço de céu. É muito bom mesmo, não é?

Confirmei com a cabeça enquanto abocanhava outro pedaço.

- Quando quiser comer de novo, me avise que eu te trago aqui. - ele recostou na cadeira e tomou outro gole de café.

Não discuti. Comi o sanduíche, apreciando cada mordida. Quando o dele chegou, ele fez o mesmo.

Cada vez que nossos olhos se encontravam, ele sorria. Parecia orgulhoso, como se tivesse mostrado uma mina de ouro para alguém.

O sorriso do Sr. Kento era alegre e me divertia. Já tinha ouvido falar sobre Nanami Kento, mas o relatavam como uma pessoa extremamente séria e lógica, de poucos amigos e que não brincava em serviço. Esse perfil condizia com o Sr. Kento que conheci ontem. Mas o Sr. Kento de hoje, era muito mais interessante.

O vazio da morteOnde histórias criam vida. Descubra agora