Parte 67

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Meu celular o do Nanami vibraram ao mesmo tempo:

"No meu quarto, por favor! Gojo."

Nos olhamos e fomos até lá sem dizer nenhuma palavra. Ele segurou minha mão no caminho. Senti carinho no toque dele. Mas quando chegamos à porta do Gojo, ele a soltou.

- Entrem! - escutamos a voz do Gojo, antes mesmo de batermos.

Ele estava em pé, de braços cruzados, perto do banheiro. Me fitava sério. Eu fui até ele e sem falar nada, descruzei os braços dele e o abracei pela cintura. Dei um abraço carinhoso nele. Ele pareceu surpreso, mas retribuiu.

Olhou para o Nanami, como se perguntasse se ele tinha dito algo. O Nanami negou com a cabeça e ficou em pé, próximo a porta.

- Por favor, parem logo com isso! Me falem o que está acontecendo! - eu estava determinada a escutar qualquer coisa.

Soltei-me do abraço e sentei na cama do Gojo, cruzando as pernas e fitando ele bem séria. Ele voltou a cruzar os braços.

- S/N, escute com atenção! - ele falou bem sério. - No hospital, eles fizeram um exame em você, um tanto quanto minucioso ... porque o seu caso foi de sequestro ... e você não se lembrava ... - ele estava todo embaralhado para dizer.

Eu o olhava com aquela cara ansiosa e ele começou a coçar a cabeça. Escutei o Nanami bufar. Ele deu alguns passos, enfiando as mãos nos bolsos e parou bem perto de mim. Me olhou de cima, sério.

- S/N, foi encontrado esperma na sua vagina! - ele foi cirúrgico, como sempre.

Eu arregalei os olhos e o Gojo suspirou desconfortável. Eu corei. Lembrei dos meus encontros com eles dois. Eles estarem juntos no mesmo ambiente, me encarando, me fez sentir vergonha. Não acredito que esse climão todo foi por causa disso!

- Ohhhhh-keey! - eu tentei manter a postura firme. - E daí? Isso não deveria ser surpresa para nenhum de vocês ... - encarei os dois seriamente, eles não tinham nada a ver com isso.

- Era do Geto! - o Nanami foi cirúrgico novamente.

Eu congelei! Senti um arrepio na minha nuca. Fiquei zonza.

- S/N, eles compararam o DNA no banco de dados e puxou o do Geto. - Nanami continuou. - Como isso é possível, se ele está morto? - ele me olhava ainda sério.

Eu continuava paralisada, encarando o nada. Minha cabeça tentava processar o que ele tinha me dito.

- Tem mais uma coisa, S/N! - Gojo complementou. - Em Shibuya, eu escutei um feiticeiro que relatou ter encontrado uma maldição exatamente igual ao Geto. Ele conseguiu fugir um pouco antes da batalha começar e por isso viveu para contar. Ele disse que ele vestia um traje ...

- Tradicional japonês, com os cabelos meio amarrados e que tinha um corte seco na testa, costurado grosseiramente com uma linha preta ... - eu o interrompi e completei a frase, sem pensar.

Eles se entreolharam e olharam para mim assustados. O Gojo mudou a postura, alarmado.

- Como você sabe disso, S/N? - Nanami me perguntou sério.

- Eu não sei! - estava mais surpresa que eles. - Enquanto o Gojo falava eu vi o Geto vestido assim, como numa lembrança. Ele estava sorrindo, ajoelhado perto de mim. - eu arrepiei na nuca de novo.

- S/N, vamos ter que te prender! Você virou suspeita a partir de agora! - o Gojo disse secamente.

- O q ... - eu o olhei atônita.

- Essa sua falta de memória é muito conveniente, não acha? - ele se ajoelhou na minha frente, havia sarcasmo na fala dele. - Está bem claro que alguém replicou o corpo do Geto, ou talvez tenham roubado o corpo dele, eu tenho que investigar. Tem alguma maldição por aí, vestida de Geto! E tudo indica que foi ela que te sequestrou. - ele me analisava por baixo da venda, sentia os olhos dele me penetrarem. - Vai lá saber o que ele fez com você! E você pode ser uma bomba relógio, S/N! Leve ela, Nanami. - ele o olhou de canto de olho.

- Nanami? - eu o fitei incrédula, vendo ele se mover contrariado, mas obedecendo a ordem do Gojo.

Ele pegou firme no meu braço e me impulsionou para levantar da cama. Ele engoliu seco quando meu rosto chegou perto do dele. Não me encarava.

- Você não se lembra de nada mesmo, S/N? - o Gojo enfiou a cara na minha de forma muito assustadora.

Eu arregalei os olhos assustada e comecei a chorar.

- De que merda vocês dois estão falando? Parem com isso, agora! - eu gritava com os dois, tentando me soltar do Nanami. - Tudo que eu lembro eu disse para os médicos e para vocês! Até os flashes nos sonhos! Gente! Sou eu!

Silêncio!

O Nanami começou a me empurrar em direção à porta!

- Conte agora, S/N! - o Gojo ficou parado, com as mãos nos bolsos. - Não vamos ser nós que vamos colher seu depoimento. O alto escalão está chamando profissionais para te fazer lembrar A FORÇA! - ele enfatizou essas palavras.

- Gojo! Eu estou te dizendo, seu merda! Eu não lembro de mais nada! Eu disse tudo que sabia! - eu estava irada.

O Nanami continuava me arrastando, mudo. Mais um arrepio na nuca.

Eu confiei nesses dois homens! E agora eu era uma ameaça para eles? Eu passei de um ser humano, uma feiticeira, a ... lixo? Era assim que eles me tratariam? Eu estava revoltada!

Com toda a força que eu tinha eu freei meu corpo. Travando o Nanami. Ele foi obrigado a me olhar nos olhos.

- Nanami ... você ... - meus olhos encheram-se de lágrimas. Os dele desviaram dos meus, com vergonha.

- Não duvide ... - ele disse secamente. - isso está sendo muito pior do que ver você vegetando naquele leito de hospital! - ele voltou a me olhar com os olhos cheios de lágrimas e continuou a me puxar.

"... vai vegetar, como seu querido Geto!".

A voz do Geto ecoou na minha cabeça! Como uma cortina se abrindo, eu me recordei de tudo. Todas as lembranças vieram ao mesmo tempo e meu corpo amoleceu de uma vez e eu fui caindo, conforme o Nanami me puxava.

O vazio da morteOnde histórias criam vida. Descubra agora