Parte 7

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Entramos no prédio. Haviam muitos corredores mal iluminados e ficamos uns 10 minutos à procura da maldição de grau 1. Ao dobrar um corredor, senti a mão do Sr. Kento me puxar pela cintura e nos jogar numa fresta da parede.

Na fresta cabiam duas pessoas em pé. Ficamos de frente um para o outro. Nossos corpos estavam colados devido a falta de espaço. Meu nariz alcançava o pescoço do Sr. Kento, na altura do nó da gravata e pude sentir o seu perfume um pouco mais forte.

Meus seios estavam colados no peitoral dele, minhas mãos estavam presas naquele espaço apertado, meu corpo todo estava colado ao dele. Eu comecei a ficar ofegante, imaginando o Sr. Kento ...

Daquele jeito, ele precisava apenas abaixar o rosto e me pressionar ainda mais contra a parede, me forçando a beijá-lo ... aquele perfume dele estava me deixando louca.

Olhei para ele e percebi que ele olhava para fora da fresta apreensivo. Olhei para fora também e vi logo adiante um pátio com várias maldições circulando. Eram muitas! Parei de me distrair e foquei na missão.

O Sr. Kento olhou para mim e fez um gesto com os lábios para eu ficar em silêncio. Ele estava mais calmo. Parece que estava analisando a situação.

- Srta. Saito, tem apenas uma maldição de grau 1 ali. - ele sussurrou, sem tirar os olhos da fresta - O resto são maldições que foram atraídas para cá, mas são níveis mais baixos. Eu contei 30. - ele virou o rosto para mim e sussurrou no meu ouvido - Vou ficar com a de grau 1 e você se encarrega do resto.

- Ok! - não discuti, engolindo em seco.

- Mais uma coisa ... - ele veio abaixando a cabeça e levantou um dos braços e apoiou na parede sobre a minha cabeça. Tranquei a respiração na hora. - Não baixe a guarda! Fique sempre de costas para mim, vamos ficar no centro do pátio. Assim reduzimos as chances de sermos atacados pelas costas! - o hálito quente dele batia na minha bochecha e ele me fitava dentro dos olhos.

Assenti com a cabeça, muda. Saímos da fresta em direção ao pátio. Levamos mais de 4 horas para acabar com as maldições. O Sr. Kento teve certa dificuldade, mas esquartejou a maldição de grau 1. E eu, uma a uma, congelava as outras maldições e atingia seus pontos vitais.

Minha habilidade está relacionada a congelar a energia amaldiçoada, como se fosse água. Se ela estiver por todo o corpo da maldição, ela praticamente vira uma estátua e fica à mercê das minhas vontades. Não tive dificuldades, só foi demorado lidar com elas todas ao mesmo tempo. Mas estava feito.

- Vamos embora! - escutei o Sr. Kento falar atrás de mim.

Ele mal tinha terminado de falar e avistou uma maldição saindo da escuridão de um dos corredores. Ela vinha nos atacar com um salto acima de nossas cabeças. Com um só golpe, ela foi esquartejada no ar mesmo, antes de cair no chão. Tomamos uma chuva de gosma.

- Nossa! - disse enojada, passando a mão na roupa - Obrigada Sr. Kento! - minhas palavras eram sarcasmo puro.

- Não baixe a guarda senhorita! Podem haver mais! É uma daquelas maldições sem energia amaldiçoada! - ele me repreendeu.

Fiquei de guarda enquanto ele se abaixava e analisava a maldição. Ele foi rápido. Saímos correndo do prédio, sem trocar nenhuma palavra até estarmos seguros.

Ele pegou toalhas no porta malas do carro e nos enxugamos. Entramos no carro e ele saiu dirigindo. Fez uma ligação para o Gojo, mas ele não atendeu. Deixou um recado na caixa de mensagens:

- Gojo, sua teoria estava certa, são seres humanos transformados em maldições ainda vivos. Parecem funcionar como marionetes, conseguem esconder sua energia amaldiçoada. Chega ser imperceptível. A pergunta é: quem está por trás disso? Quem consegue transformar um ser humano vivo em maldição? Me ligue quando ouvir a mensagem. - desligou.

Eu fiquei paralisada com o que tinha acabado de escutar. Eram pessoas ainda vivas transformadas em maldições? Como isso era possível?

O vazio da morteOnde histórias criam vida. Descubra agora