Parte 59

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A semana passou muito devagar. Eu permaneci no hospital em observação e uma série de exames foram realizados. O Dr. Takahashi me explicou com detalhes a gravidade do meu quadro e que eles estavam muito surpresos com a minha recuperação. Eles achavam que eu não acordaria.

Me contou que o Gojo e o Nanami vinham todos os dias, sempre que podiam. E confessou que algumas enfermeiras cederam aos encantos dos dois, deixando eles me verem, mesmo que na UTI. Me disse que se eu contasse isso a alguém, ele negaria. Ele era engraçado.

Fiz acompanhamento psicológico e até hipnose para tentar lembrar o que me aconteceu. Mas tudo ainda era nebuloso. Minha última memória nítida era de estar encostada à porta do Nanami, chorando, pronta para fugir do mundo jujutsu. Sendo corroída por aquela dor nos ossos. Ali, tudo se perdia.

O Gojo e o Nanami tiveram que ir em uma missão obrigatória a Shibuya, então vieram me ver no dia seguinte ao dia que acordei e partiram. Eu fiquei a semana toda sozinha, com meus pensamentos.

De certa forma, eu estava calma. Me sentindo mais confiante. Não sei o porquê. Aquela dor nos ossos tinha desaparecido. Quando me lembrava do sonho com o Geto, eu não me sentia triste. Mesmo ele se despedindo de mim, mesmo recordando do rosto triste dele, eu sentia ... paz. Eu não estava me entendendo.

Tentava não pensar muito sobre o fato de não recordar, por recomendação do Dr. Takahashi. Ele disse que eu ficaria nervosa e que isso prejudicaria mais o processo. Era melhor eu seguir em frente e viver um dia de cada vez. Uma hora ou outra, a memória voltaria.

Às vezes, em sonho, eu via flashes de algumas coisas. Eu via um par de mãos, com sangue, amarrando um kimono, também ensanguentado. Me disseram que eu estava vestindo uma espécie de kimono branco quando o Gojo me achou. E que havia sangue nele. Depois da perícia, viram que era meu, possivelmente menstrual. Eles não acharam nenhum ferimento em mim. Só o indício do ciclo menstrual.

Eu via uma cama macia se desfazendo em fumaça e se tornando um chão gelado e úmido de concreto. Via marcas de unhas sobre a pele, em carne viva. E via ... via os cabelos longos do Geto amarrados de forma grosseira por uma linha preta. A linha dava várias e várias voltas em seu cabelo e terminava com um nó impossível de se desfazer. Me sentia muito apreensiva quando via essas coisas.

Eu disse tudo isso aos médicos, mas nessa semana, não consegui lembrar de nada! Tudo ainda era pura neblina.

O vazio da morteOnde histórias criam vida. Descubra agora